Capítulo 23

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   A conversa naquele dia rendeu, mas deixamos isso em "análise".

--- Está falando do Kevin, né? --- Perguntei, sem pensar.

--- Sim, Cas. Acho que você também já tem ótimos motivos pra desconfiar. --- Falou Dean.

   Mas é claro! Basta parar pra pensar: sua desenvoltura em nas disciplinas é invejável, suas notas, sua análise, forma ágil de pensar. Ele sabe muito sobre muita coisa, e não é como sendo uma pessoa "superdotada", parece além disso.

--- Tá, identificamos mais um. Mas e daí? O que pretendem fazer? --- Perguntou Gabe.

--- Pois é. Já sabemos o pode fazer, mas isso vai nos ajudar em algo? --- Perguntou Charlie.

--- Não se preocupem,  isso é apenas para termos ciência de quem já tem um dom, como um "reconhecimento de área". Entenderam? --- Falou Sam, ríspido.

   Ficamos mais alguns minutos parados, pensando em todas as pessoas do colégio: a equipe de torcida, os jogadores de Rugbby, a equipe da enfermaria, os professores... todos são áreas bem distintas e pode haver alguém que possa contribuir de forma um pouco atípica para o equilíbrio da "equipe". Isso se torna cada vez mais interessante, olhando por esse lado.

--- Tem uma coisa que acho que vocês não perceberam. --- Falou Dean --- Um aluno novo no 3° A. O nome dele é Adam, Adam Milligan. Esse rapaz tem alguma coisa que me intriga e, parando pra pensar agora, devia ter mesmo.

--- Já ouvi falar do Adam, mas nunca desse ponto de vista até agora. Eu ouvi dizer que ele tem uma memória incrível, muito cima da média e até sobre-humana. Ouvi um comentário em que ele havia dito que se lembra de quando estava dentro do ventre da mãe: "Era escuro as vezes. Enxergava em preto, um pouco vermelho as vezes. Eu estava mergulhado em algo, mas não me afogava. Era acolhedor, mas um pouco solitário". Me disseram nessas palavras. Isso me dá arrepio. --- Falou Charlie.

--- Acho que isso poderia ser um baita problema. --- comentei --- É ótimo ter uma memória boa, mas o ruim é que mesmo querendo esquecer as coisas ruins que já presenciou, você não consegue, não é como se você pudesse desligar, não é? --- Falei, um pouco atônito.

--- Exatamente, Cas. --- Disse Dean, com uma cara de preocupação --- Os pais de Adam foram mortos em um acidente num dia de nevasca no Canadá, quando ainda tinha 5 anos de idade. Por sorte, ele conseguiu sobreviver, mas sempre reclamava de sonhos que tinha toda noite com o acidente e ter visto alguém no lado de fora mirando algo nos pneus do carro. Isso poderia ser a capacidade de memória atuando. Mas isso foi apenas o início da desgraça...

   Dean respirou fundo e pesaroso, mas continuou:

   Ele foi adotado por um tio, quando tinha 8 anos. Ele foi violado por 4 longos anos por esse monstro doentio, até ele tomar uma atitude: sumir da vida desse homem. Ele pegou seus pertences e saiu, sem rumo, chegando até aqui. Com 12 anos de idade, era pedinte nas ruas de Nova Iorque e a única coisa que queria era um refúgio... até que alguém lhe deu. Um senhora de idade passou por ele e enxergou algo: bondade e pureza. Ela ofereceu um teto, uma morada, um lugar onde repousar. Em troca, apenas lhe pediu uma coisa: que não se esquecesse dela. Como era de idade avançada, a senhora acabou falecendo três anos depois, deixando-o como herdeiro de sua propriedade. Ela não tinha muito: apenas uma casa e alguns móveis, o necessário para sobreviver. Ele estuda aqui e pretende construir um futuro onde possa viver em paz e construir bons momentos, honrando as memórias da senhora que lhe deu a mão.

   Fizemos um silêncio prolongado e Sam disse:

--- Porquê você nunca me contou isso?

--- Acha que isso é o tipo de coisa que se conta em uma conversar normal, Sammy?

--- Não, mas é um relato bom para refletir. Tipo: quem era o homem que estava mirando nos pneus? Se tinha tento gelo na época, o que estaria fazendo no lado de fora ao invés de estar abrigado? --- Perguntou intrigante --- Mas está certo. Não é problema nosso.

   O som ensurdecedor do sinal nos alcançar:

--- Vamos lá, meu povo! Vamos garantir nosso futuro, como boas Bitchs que somos. --- Disse Gabe.

--- NÓS NÃO SOMOS BITCHS, GABRIEL!!!!!! --- Falei gesticulando.

   Pov. Dean

   Fomos em direção de nossas salas de aula, cada um para desempenhar sua função: eles como alunos e eu como professor.
  
   Enquanto eu ia de cabeça baixa, correndo uma atividade de uma aluna, alguém esbarrou com força em meu ombro e derrubou meu caderno de notas. Mas que pressa é essa, afinal?

--- Me desculpe, professor Whinchester. Não foi minha intenção! --- Disse ela.

   Ela tinha uma pele clara, cabelos loiros, era baixa e um belo sorriso, e um... tempão no olho? Era um curativo? O que havia acontecido? Decidi não perguntar.

--- Imagina, eu que peço desculpas. Deveria prestar mais atenção no que estou fazendo e olhar pra frente enquanto ando.

--- Não, imagina. Eu que já deveria estar na sala de aula esperando a entrada do professor.

   Ela se abaixou e me entregou as chaves do meu carro, que também havia caído.

--- Muito obrigado. --- respondi.

--- De nada, --- disse com um sorrido encantador --- até mais!

   Após isso, saiu correndo em disparada para outra sala no final do corredor, nem dando tempo de eu perguntar seu nome.

Pov. Cas

--- Gente, tenho uma novidade! --- Falou a ruiva.

--- Fala logo Char! Já tô ansioso porque parece cosia boa. --- Falou Gabe.

--- Um aluno está organizando uma festa para o final de semana e convidou a escola inteiraaaaa. E adivinha quem vai pra essa festa? --- ela nos encarou com um dos melhores sorrisos --- Exato! Todos nós!

--- Qual é, Charlie. Você sabe como são meus pais quando à esse negócio de festa. Eles são ótimos pais, são mais liberais (levando em consideração o lado "cristão") mas não acho que eles vão me deixar ir em uma festa onde poderá haver todo tipo de "diversão". --- já disse isso pensando em bebidas, drogas e todo o combo.

--- Ah, mas mas temos muitos pontos a considerar. Ele convidou todos os professores também. Ou seja, é provável que Dean também vá para a festa. 

   Comecei a suar frio. Não que seja de trivial importância, mas Dean iria em uma festa sem mim? Ou ele consideraria uma falta de respeito à minha pessoa? Tem muita coisa que preciso saber sobre Dean ainda, pois ele parece ser o tipo de pessoa que gosta de uma festa.

--- Não que isso seja relevante, mas ainda preciso pensar. --- falei.

   Como eu iria pra casa sozinho hoje, pois a ruiva havia me deixado pra ir almoçar em outro lugar, Gabe precisou ir mais cedo e Dean estava fazendo hora, decidi ir logo pra casa e poupar tempo. No meio do caminho, encontro uma aluna da escola. Tem um lindo sorriso e... um tampão no olho? Tá, isso é um pouco estranho. Ela se aproximou de mim e me cumprimentou:

--- Oi, tudo bem?

--- Sim. --- Falei com um pouco de... receio?

   Por algum motivo, dei um passo para traz e derrubei meus fones de ouvido no chão e acabei pisando. Era um fone caro, adaptável ao ambiente. Havia ganhado no meu aniversário de 12 anos, com fibra de ferro, muitos fios e várias placas no interior.

--- Desculpa por isso. Deixa que eu dou um jeito.

   Ela puxou um óculos e todo um material de eletrônica da mochila: soldador, uma placa eletrônica, toda uma fiação interna... quem é ela, afinal?

   O fone estava como novo. Nem acreditava.

--- Quem é você? - perguntei de uma vez.

--- Me chamo Claire... Claire Novack






CONTINUA ...

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⏰ Última atualização: Jan 02, 2023 ⏰

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