Somente minha

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— O que devemos fazer, exatamente? - Perguntava o palhaço sentado na sala do detetive enquanto se enchia de balas.

— Vão apenas me ajudar nos casos. E aquele delegado chato vive no meu pé, ele deve ter algo contra mim ou um motivo pessoal para me odiar ou sei lá! Só sei que quero descobrir isso aí mas acho que posso fazer isso sozinho.

— Tudo bem,  qual é o primeiro caso? - O palhaço ainda dizia enquanto sua namorada permanecia quieta ao seu lado, pois não estava se sentindo muito bem.

— O de vocês, obviamente. Já que eu não posso entregar vocês eu preciso que me ajudem a enrolar aquele delegado. Precisamos de provas e criminosos reais para assumir a culpa, mas este já estará morto então não tem como ele se defender. - Dizia o detetive ao mesmo tempo que pensava, jogando suas palavras e esperando para que eles tenham alguma ideia.

— Vamos ter que fazer algo extremamente perfeito. Mas como? - Zoe falava em voz baixa enquanto pensava em tudo isso.

— Esse seu amigo palhaço aí não pode fazer uma mágica ou algo do tipo pra gente achar alguém?

— Eu sou um palhaço, não mago! Zoe e eu não somos amigos, somos namorados, né minha bonequinha? - O palhaço olha para a sua namorada que ria por causa do apelido, mas havia achado aquilo muito fofo para um ser daquele.

— Como que isso aconteceu e... Enfim, veremos isso depois ok? Zoe tem o meu número, me liguem se tiver alguma ideia. Eu acho que o melhor a se fazer agora é cuidar da Zoe que está doente. - Dizia o detetive enquanto guiava o casal para fora se seu escritório.

— Doente? Por quê não me contou? - O palhaço dizia preocupado enquanto tomava a jovem em seus braços.

— Eu estou bem, tá? - Ela abre um sorriso e abraça o palhaço, lhe dando um selinho.

— Eu ainda estou aqui. - O detetive os interrompeu com um aperto de mão para se despedir dos dois, antes que as sumissem dali do nada.

***

— O que você tem, Zoe? - O palhaço pergunta enquanto estava sentado na cama dela, ouvindo ela vomitando mais uma vez naquele dia.

— Fica tranquilo, eu tô bem. - Zoe volta para seu quarto após lavar suas mãos e sua boca. — Meu fofinho.

— Seu? - Puxava ela para seu colo, a agarrando na cintura.

— Sim, somente meu! - Ela abre um sorriso e beija carinhosamente o seu namorado palhaço.

— Promete que vai ser somente minha? - Ele estende seu dedo mindinho para selar a promessa.

— Prometo sim, meu amor. Só sua! - Sorri enquanto entrelaça o mindinho dela no do palhaço, voltando a beijar ele logo em seguida.

Quando separam o beijo, Zoe deita na sua cama e puxa Jack junto para se deitar com ela. Os dois ficam ali juntinhos até que Zoe acaba dormindo. Jack novamente acaba tendo uma daquelas visões, o rapaz ruivo estava deitado junto a sua namorada que dormia profundamente.  Ao voltar a realidade,  Jack fazia várias perguntas a si mesmo, quem são eles, por quê pensava tanto neles? As perguntas passavam pela cabeça do palhaço o tempo todo, estava tão distraído que nem reparou que sua namorada havia saído correndo dali novamente para vomitar.

— Eu vou te levar no médico, já estou ficando preocupado. - Diz ele se encostando no batente da porta do banheiro. — Agora mesmo, de preferência.

— Jack! Eu acho que já sei o que é... Mas eu quero muito estar errada. - Ela tremia ao pensar na possibilidade de ter engravidado, mais ainda com o provável pai da criança. — Pode me dar licença? Eu vou ver uma coisa aqui.

— Como quiser, princesa. - Ele deposita um beijo na testa de sua amada e sai dali fechando a porta do banheiro.

Zoe então pega um teste com indicador de semana, para não ter nenhuma dúvida. Após um certo tempo, Zoe pode finalmente ver o resultado: grávida - 2 semanas. A jovem que já estava nervosa antes, começa a chorar intensamente. Ela chorava tanto de tristeza e medo quanto de alegria e emoção,  ainda era muito cedo para ser mãe, nem se quer tinha um emprego e o principal...

— Zoe? Por quê está chorando? - Dizia o palhaço já abrindo a porta. A garota simplesmente entrega o teste a ele. — O que é isso? Um termômetro evoluído? Você está com febre?

— Olha o que está escrito, palhaço bobo.

— G-grávida?! Mas eu não tenho como engravidar você e aqui diz duas semanas... fizemos aquilo pela primeira vez antes de ontem. - O palhaço pensava enquanto soltava as palavras sem nem ao menos perceber. De repente, o ódio lhe sobe a cabeça e ele joga bruscamente o corpo de Zoe contra a parede, apertando suas garras no pescoço daquela garota que logo já começava a sangrar. — Diz logo quem é o pai dessa criança, sua vadiazinha! - O palhaço nem se quer parava para raciocinar a resposta para sua própria pergunta, estava com tanto ódio que nem notava o óbvio. — Você disse que só minha, MINHA!

— SEU PALHAÇO BURRO! - Zoe usa toda a força que ainda tinha dentro se si para gritar, já não conseguindo mais resistir a dor que seu namorado lhe causava. — Essa criança é do meu irmão... - Ela diz bem baixinho e com um pouco de dificuldade, antes de desmaiar ali mesmo.

O palhaço arregala seus olhos e logo desaba em lágrimas ali, estava tão nervoso quanto a garota havia ficado. O que ele acabou de fazer? O que ele vai fazer agora? Era tudo muito novo para a criatura, nunca pegou se imaginando como um pai e agora ele sentia que tinha a obrigação de cuidar daquela criança como se fosse sua. Ele sentia um imenso nojo e ódio de Ryan por conta de tudo o que ele fez para sua namorada. Jack afasta de sua cabeça todos esses pensamentos e foca no que acabou de fazer com sua menina, ele realmente teve coragem de machucar a pessoa que ele mesmo queria proteger do mundo? Ou será que o mundo é que deveria proteger aquela pobre garota da criatura? Mais uma vez, ele resolve ignorar tudo isso e cuidar de sua criança. Ele a pega no colo e tira suas roupas, levando a mesma para o chuveiro para lavar todo aquele sangue. Após isso, ele a enxuga delicadamente e pega curativos ali mesmo no banheiro, fazendo um curativo com todo cuidado que tinha, se perguntando milhões de vezes como sabia fazer aquilo. Novamente, uma imagem surge em sua cabeça daquele mesmo ruivo que colocava uma faixa no joelho machucado de sua namorada que sorria apesar da forte dor que sentia, já logo voltando para a realidade, o mesmo colocava uma faixa no pescoço de sua amada. O palhaço da um beijo na bochecha de sua menina e caminha com ela em seus braços até o quarto, a deitando na cama. Assim como ele sempre observa ela fazer, Jack liga o secador de cabelo e começa a secar o mesmo, pois Zoe havia lhe explicado que pegaria uma gripe se dormisse com o cabelo molhado, e ele não queria isso. Depois de desligar o aparelho ele penteia as madeixas negras da garota e veste roupas confortáveis nela antes de a deitar na cama e deixar ela bem confortável.

— Ah, Zoe... O que estou fazendo com você? - Ele se perguntava, tinha medo de estar sendo o pior namorado do mundo, a fazendo sofrer. 

Meu palhaço, minha menina Onde histórias criam vida. Descubra agora