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|capítulo 04.

| Andreas, narrando.


A noite mal dormida está bem estampada em meu rosto. Estamos tomando café na casa da Aninha. Encaro Lívia do outro lado da mesa, ela estava fazendo rodeios para comer. E mais uma vez, me pego a observando.

— Então, o que vocês acham de irmos para Fernando de Noronha? — Ana chama atenção de Lívia, que mexe atentamente no celular.

— Seria um boa. — comento.

— Estamos pensando em sair daqui na quinta a noite, querem ir com a gente?

Lívia me olha e sorri de lado. Embora a nossa última conversa não tenha sido uma das melhores. Ela parecia não estar com raiva de mim, pelo contrário, parecia querer se aproximar.

— Por mim — dou de ombros.

— Ok então, combinado em. — Jesus toca na mão de Ana.

(...)

Já no carro, tocava Dilsinho. Já falei o quanto essa mulher ama as músicas desse cara? É surreal.

— Eu queria saber se tudo bem eu sair com os caras hoje. — comento com ela, Matheuzinho havia me chamado hoje cedo.

— Sim, tudo bem. — ela sorri. — eu vou sair com a Ana, vamos aproveitar e ir tomar uns drinks. — assenti.

O silêncio se estabelece novamente, enquanto a música rola. Decido matar o que tanto está me deixando aflito.

— Quer mesmo, desmarcar o casamento? — pergunto.

— Poderíamos trocar a data? — ela se vira pra mim. — preciso de mais tempo.

— Bom, a gente convidou poucas pessoas, acho que dá tranquilo. — aperto as mãos no volante. — mas, você tem, sei lá, uma previsão?

— Ainda não, vou pensar.. — dessa vez quem se calou fui eu.

Não poderia perder a única pessoa que ficou do meu lado durante todo esse tempo. Mesmo com meus defeitos e vacilos, eu sinto que estou perdendo ela.

Eu queria muito contar o que houve comigo e Amanda, queria muito contar, mas tenho medo do que ela vai pensar. Tenho medo de piorar as coisas. 

Quando chegamos em casa, mamãe não estava, vou direto para o banho.

— Quer vim junto? — encurralo Lívia na porta. Ela da uma risadinha, de quem adorou.

— Depende, vai querer ajuda? — o bom humor e a leveza na voz dela, deixava meu coração nas alturas.

— Você sabe que vou. — digo baixinho, beijando seus lábios suavemente. Em um sequência de vários selinhos.

Ligo o chuveiro sentindo a água gelada cair sobre meu corpo. Puxo Lívia para mim. Há quanto tempo não tomamos nossa banho juntos? Ela está me encarando enquanto ensaboar os cabelos, sorrio ao vê-la brincar com a espuma em meu abdômen.  Por ela me tocar, por me deixar toca-la. Por ainda demonstrar que, apesar de tudo, temos um ao outro.

— Não quer mesmo me contar? — ela segura em meus ombros.

E de novo ela estava tocando no mesmo assunto.

— Quer saber exatamente, o quê? — encaro seus lábios. E suspiro pesadamente.

— Porque romperam? —  ela arqueia as sobrancelhas e desliga o chuveiro.

— Porque, nossos caminhos se tornaram diferentes e ela decidiu seguir a carreira dela, ao invés de ficar comigo. — Lívia me escuta atenta. — e então, na tentativa de esquecê-la, eu conheci Patri, e fui um total idiota com ela, Patri é uma mulher maravilhosa. Me deu duas filhas, me ensinou muitas coisas sobre valores, enfim, mas eu não a amava. Não me sentia amado também, era mais amizade do que amor.

𝐇𝐢𝐥𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭 ² • 𝐀𝐧𝐝𝐫𝐞𝐚𝐬 𝐏𝐞𝐫𝐞𝐢𝐫𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora