First

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Karina/Lil Nina; 12/12/2021

"Ô Karina, cadê a porra da..." - Ergui a cabeça do celular e encarei Teto que xingava. Ao ver minha sobrancelha erguida, ele parou de xingar e passou o olho de novo pelo camarim e sorriu fraco apontando pra um cantinho. - "Opa, achei. A piteira tava bem ali o tempo todo, Nina. Acredita mano?"

"Larga esse baseado aí que tu já vai subir." - Eu apontei e ele ficou encarando o alongamento da minha unha sem coragem nenhuma pra retrucar.

Se tem uma coisa que eu amo na minha profissão é isso: mandar. Sendo assessora da 30 pra um e em especial do Matuê e do Teto, eu mando e desmando e eles me obedecem pianinho. Deus no céu e Nina na terra.

Joguei o cabelo pro lado e saí apertando o ponto no ouvido até achar a sala com o nome do Papatinho na porta. Dei duas batidas e entrei, uma parte da produção já veio em cima mas ao ver que era eu foram abrindo sorrisos e urros de comemoração: - "Fala, Nininha." - Masquei o chiclete e dei uma piscadela de olho passando pela barreira e vendo alguns deles pegando no coração.

Enxerguei Papato e fui direto lá, levantei o crachá do pescoço e parei do lado dele apontando exatamente pra uma das frases. - "Quê que tá escrito aqui?"

"Karina, 30 pra um, Assessoria Teto. Show marcado pra meia noite." - Ele leu e me olhou.

"E que horas são agora?" - Perguntei irônica. Senti também o olhar de Gabigol que antes era quem conversava com o Papato. Ele estava ali em carne, ossos e dreads loiros com olhos castanhos em cima de mim, mas fingi não notar.

"Uma da manhã." - Ergui as sobrancelhas e Papatinho quis retrucar, embora não tenha conseguido. Ficou apenas balbuciando palavras soltas e no final das contas trocou o boné de lado enquanto dizia que Teto já era o próximo a cantar.

Agradeci sorrindo falsa e fiz o caminho de volta pro camarim do Teto ainda com os mesmos urros de elogios. Mais alguns minutos e finalmente o Papato anunciou ele no Baile, fui na escolta até o palco e gritei um: - "Brilha!" - pro Teto que me deu o beijo no rosto e o abraço de sempre antes de subir no palco.

Ele já estava com alguns minutos de show quando Papato encostou do meu lado com Gabigol de novo pedindo: - "Arranja um Mic pro Lil, Nina?" - Gabriel fez uma cara de cachorro que caiu da mudança. Eu ia pegar o microfone, mas não deixei de reclamar: - "Assessora do Teto mas faço ponte pra geral, hein?"

Desenrolei o microfone e voltei pro canto do palco onde eu estava antes, mas Papato já tinha saído e só o Gabriel estava lá. Ele me deu um sorrisinho quando pegou o mic e eu reclamei: - "Socou no cu o microfone que tu tava antes, foi macho?"

Ele não se ofendeu. Não fez as caras amendrotadas de nenhum dos meninos que nunca me peita. Ele riu. E constatou: - "Essa é das brabas."

"Você não sabe de nada." - Respondi. Gabriel apoiou um dos braços pelos meus ombros e antes dele aproximar a boca do meu ouvido, eu entortei o pescoço pra ele: - "Meu filho? Tá achando o quê?"

Ele franziu as sobrancelhas, com certeza desacostumado por encontrar uma garota que não estava se jogando em seus pés.

Ele recompôs a postura e aproximou ainda mais a boca do meu ouvido ao dizer algo exatamente parecido com o que eu acabei de pensar: - "Nunca tinha visto uma flamenguista pessoalmente, ser ser esses hater de internet, que não lambesse o chão que eu piso."

Mexi o rosto pra desencostar a orelha dos lábios dele e poder encostar os meus na orelha dele quando respondi: - "Não sou bem de lamber chão. Prefiro lamber outras coisas, se é que você me entende." - Eu estalei a língua tão sugestiva que ele paralisou alguns segundos olhando pros meus lábios.

Ponto pra Nina.

"Entendo." - Respondeu. Mesmo abafado pelo show, eu juro que pra mim a voz dele estava arrastada.

Não perguntei como ele sabia pra qual time eu torço,as tatuagens espalhadas pelo meu braço e meus ombros com certeza entregaram. No antebraço letra cursiva estava "CRF/ tua glória é lutar" em um dos ombros um 1981 e no outro um 2019.

Mas é óbvio que eu não ia deixar ele sair por cima.

"E quanto à ser uma flamenguista que não se joga aos seus pés..." - Parei pra aproximar meu rosto do dele, quase vendo o artilheiro tremer na base quando desviei o rosto do caminho reto que seguia pra boca pra sua orelha. - "Eu sou uma daquelas que fica muito puta e xinga você a cada bola perdida. Pô cara, essa perna direita aí só serve pra fazer tatuagem?"

Ele abriu um sorriso maior e mexeu o braço que estava passado pelo meu ombro, fazendo que nossos corpos ficassem mais proximos e seus dedos subissem pra dentro dos meus cabelos. - "Tem outras serventias também."

Estalei a língua e dei um sorriso vendo claramente ele sem saber se focava o olhar nos meus olhos, em outro ponto do meu rosto, no meu sorriso ou no meu decote.

Escolheu o último.

"Essa é a primeira vez que eu vejo uma pessoa da agência sem essa blusa preta aí da produção."

"Tá reparando demais, artilheiro." - Ele riu e olhou de mim pro palco, onde Papato já estava subindo. O que indica que eles já vão chamar o Lil Gabi pro show.

"Cê com certeza sabe que é meio impossível não reparar." - Aproximou o rosto de novo de mim e me deu um beijo no cantinho da boca. - "Te vejo depois, produtora?" - Piscou o olho.

"Assessora." - Corrigi devolvendo a piscada de olho.

"Te vejo depois." - Foi a única coisa que Gabriel me disse antes dos toques de 'Sei lá' começarem e o Lil Gabi entrar em ação pela segunda vez nesse palco na noite de hoje.

Mais uma coisa sobre trabalhar em shows: toda noite é uma festa. Toda noite é perfeita. É a vida que eu sempre quis.

Caralho, eu ganho dinheiro demais pra mandar e depois de mandar parar quietinha e cantar o show inteiro o meu gênero musical favorito. Vai dizer que a minha vida não é perfeita?

Quando a minha favorita do Teto começou a tocar, eu entrei mais que nunca na vibe do show.

"Joga esse Mustang Preto na minha garagem
Oh yeah
Ou uma Benz, uma Lambo, tanto faz
Yeah yeah
No futuro eu me vi comprando carros que me convenham
Porsche, Rolls-Royce que é pra ela poder mamar em paz..."

Só abri meus olhos quando Lil Gabi começou a cantar. - "Joga esse Mustang Preto na minha garagem..." - Abri os lábios frustrada. - "Ele tá estragando a música!" - Reclamei e se Clara - a minha amiga, namorada do Tuê, CEO e co-fundadora da 30PRAUM - estivesse aqui, ela teria rido da minha cara de desgosto na hora.

Depois, começou a ficar divertido e eu achei até bonito ele feliz com o público do show cantando junto com o Lil Gabi.

O show está incrível. Perfeito.

E conseguiu melhorar quando atrás da mesa do DJ, com o microfone em mãos e Teto mais a frente vestido no manto que Gabriel deu de presente, Lil Gabi começou: - "Em dezembro de oitenta e um..."

Foi esse o momento da noite que eu mais amei.

Doido é o flamenguista que não ama esse cara.

>> atendendo a pedidos, eu antecipei totalmente a postagem do capítulo 1, e eu realmente espero que como eu atendi aos pedidos de várias de vocês, vocês atendam ao meu de interagir muito. De comentar e votar bastante, tá? Eu tô fazendo o que vocês pediram e só tô pedindo em troca o básico pra ter motivação e continuar escrevendo.


Amor em Dezembro - Lil GabiOnde histórias criam vida. Descubra agora