Forty - First

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Karina/Lil Nina; dia 14/05/2022.

📍Fortaleza, Ceará.
Flamengo × Ceará pelo Brasileirão na Arena Castelão

Eu tive medo de perder meu pai pra um infarto fulminante. Pra variar, o Flamengo tinha levado um gol nos acréscimos do segundo tempo e a partida acabou no empate. E o seu Rodrigues não tava nada bem...

"Quem manda botar time acima da própria felicidade, é nisso que dá." - Foi o que a minha mãe disse, passando um braço em volta dele pra abraçá-lo.

Acho engraçada essa relação de pirraça e amor. Deve ser por isso que eu sou assim.

Falando nisso, fui encontrar o Gabriel no vestiário puuuuuutaaaaaaaa da vida. Larguei meu pai na porta pedindo autógrafo pro De Arrascaeta e fui direto no Gabriel, que tava de costas pra mim só com aquela cuequinha.

"Fala, patroa!" - Alguém disse e uma partezinha do time tava toda acenando. Acenei de volta e fui pro meu rumo.

"Se você se acha no direito de vir pra Fortaleza empatar, eu juro que eu... Seu filho de uma..." - Ele riu e me interrompeu, botando uma mão na minha boca.

"Olha do que você vai chamar a sua sogra! Olha... Não basta arranhar a cara dela toda?!" - Perguntou, virando de costas pra me mostrar a tatuagem do rosto da Lindalva.

É, tinha um pequeno arranhão. Coisa de nada.

"Vem cá, essa tua perna direita aí não serve pra nada não?" - Reclamei, passando as duas mãos no meu rosto, uma de cada lado.

Uuuuurghhhhhhhhh. Que estreessseeeeeeeeeeeee!!!!!!

"Tem outras serventias também." - Foi o que ele disse abrindo um sorrisinho de canto pra mim.

É isso. Gabriel Barbosa Almeida tem um super poder: ele sempre consegue desfazer a minha raiva com uma frase. E pelo visto esse sintoma de amor não atinge só a mim não, mas a uma nação inteira.

Era uma coisa que ele já tinha me dito antes. E ele sabia. E eu sabia. E eu tava feliz. Muito feliz. Muito apaixonada.

Dei um suspiro. - "Vocês daqui vão pro aeroporto?" - Foi o que eu perguntei melancólica, começando a abraçar ele.

Tá vendo porque eu pego minhas coisas e me mudo? Eu não sirvo pra amar ninguém a distância não... Saudade dói. E eu vivo viajando, e ele vive viajando, e...

"Eu sei no que você tá pensando. E, para de pensar." - Ele disse, apoiando uma mão do lado do meu pescoço e encostando a boca na minha.

"Não consigo... Eu fico martelando que e se quando coincidir de eu tá no Rio você não tá, ou então algum jogo que você vier aqui eu não tô, ou então nós dois estamos numa cidade e não dá certo se ver, ou então..." - Eu disparei a falar.

Ele passou a blusa de treino pelo pescoço, ajeitou a correntinha e me deu o maior sorriso, me puxando pela cintura pra dar beijo. - "Eu amo a versão Karina que fala pelos cotovelos, sem ser a Nina que manda, manda e manda. Mas eu preciso te pedir uma coisa..."

"Hum?" - Murmurei.

"Cala a boca." - Ele disse e eu dei uma gargalhada.

"Vem calar." - Resposta de quinta série mas o beijo que eu ganhei em seguida nunca foi e nunca será de quinta série. Jamais.

"Eu tenho exatamente quarenta minutos pra fazer uma coisa..." - Gab falou olhando no relógio. - "Vamo comigo? Sem fazer perguntas." - Eu assenti.

Saímos quase a jato. Como eu que conheço as ruas de Fortaleza, fui eu quem dirigi pra onde ele pediu, mas tava desmaiando de nervoso e curiosidade. O que ele queria me levando na minha gravadora? Ou ele pensa que eu sou boba e não reconheço que esse é o caminho da 30PRAUM?

Amor em Dezembro - Lil GabiOnde histórias criam vida. Descubra agora