Amor em Dezembro - Lil Gabi

Sixteenth

Karina/ Lil Nina; ainda em 01/01/2022;

Por favor não se declare. Por favor não se declare. Por favor, não diga nada além de tchau e boa viagem.

"Nina?" - Gabriel me chamou baixinho. Merda. Ele vai se declarar. Hesitante, eu disse 'hã?' e veio um silêncio antes dele dizer baixo: - "Acho que eu confundi as coisas."

Não consegui controlar um suspiro alto. - "Eu sei." - Engoli seco. É óbvio que eu sei. Ele estava carinhoso demais nos últimos dias, me apareceu aqui bêbado querendo dormir abraçado, não podia ouvir eu falando de alguém com quem fiquei que fechava a cara e saía de perto... Está claro pra mim.

Gabriel ficou em silêncio, mais concentrado em fazer um carinho com as pontas dos dedos nas minhas costas e passar a pontinha do nariz pelo meu pescoço. Passei as minhas unhas pela lateral do pescoço dele, deixando as minhas unhas rasparem do maxilar pra barba.

Ainda estávamos abraçados quando ele começou a brincar com a barra da minha calça de moletom, querendo botar a mão pra dentro. - "É só... Que eu achei legal o que a gente tá tendo, gostei da nossa conexão."

Abri bem os olhos, fitando a piscina que eu posso ver porque a porta do meu quarto está aberta. Merda. Eu sabia que era isso. Merda. Merda. Merda. Mesmo sabendo que era isso, fiquei meio em choque pra conseguir reagir. Eu não queria magoar ele...

"Gabriel, eu vou perguntar e vou perguntar só uma vez, e você precisa ser sincero. Você tá assim porque tá gostando de mim?" - Falei baixo, mexendo a minha cabeça pra olhar ele nos olhos mas o jogador afundou o rosto no meu pescoço, ou fugindo de mim ou desesperado demais pelo meu cheiro. Ou as duas opções.

Já ouviu dizer que quem cala consente? Ele não respondeu, mas eu tive a última confirmação pra minha suspeita. Lil Gabi realmente está gostando de mim. Fechei os olhos com força, pensando em como sair da situação. O normal seria fugir ou sumir, mas não dá pra fazer isso se estou abraçada com ele.

"Gabriel, eu não queria que você tivesse confundido as coisas." - Comecei a dizer, foi o suficiente pra ele soltar o abraço e dar dois passos pra trás, esfregando o rosto.

"Eu sei, eu sei! Eu sei que eu faço tudo errado. Você acha o quê, Karina? Acha que eu tô como? Acha que eu tô gostando disso? Acha que eu acho bonito esse frio idiota na minha barriga toda vez que você aparece? Acha que eu tô curtindo ser um idiota?" - Esbravejou, tudo de uma vez como se fosse um acumulado.

"Você só é um idiota quando está sendo um." - Retruquei, coçando a orelha.

Eu tive vontade de mandar ele matar essas borboletas no estômago dele. Na verdade, se ele me dissesse sobre elas no primeiro dia que apareceram eu teria mandado.

Mas fiquei calada e decidi ser paciente e gentil. Meu primo sempre me diz 'cuidado ao quebrar corações, menina.'

"Gab, gab..." - Chamei, dando dois passos a frente e descruzando os braços dele, quase forçando Gabriel a me olhar. - "Desculpa, mas esse não é o momento pra mim. Eu não tô nessa fase, eu... Sou livre. É da natureza humana ser livre." - Ele assentiu devagar, prendendo o lábio nos dentes.

"Eu sei." - Foi tudo que falou. Toquei o rosto dele e continuei falando:

"Eu acho melhor a gente focar nos nossos trabalhos. Os meninos tão cheios de show, a 30PRAUM tá bombando, você tem uma temporada incrível pela frente que vai começar..." - Expliquei e dei um sorrisinho brincalhão, cutucando ele antes de erguer meus braços enquanto dizia: - "E eu quero levantar muita plaquinha esse ano, hein? Dizer hoje tem gol do gabigol toda hora!"

Funcionou. Ele riu. Sorri também, aliviada por saber que Gabriel não ia ficar chateado comigo. - "Eu vou voltar mais cedo pra treinar, esses dias eu liguei pro Braz pra saber do novo técnico, tô confiante." - Ele contou, parecendo animado.