Thirty - Eighth

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Gabriel/Lil Gabi; 21/04/2022;

📍Rio de Janeiro, RJ.

Saí do meio da muvuca pra digitar uma mensagem pra Nina perguntando onde ela tá e se a gente pode se ver. Por alguns segundos, eu me senti de novo lá em dezembro: no meio de uma festa cheia de gente procurando pela minha marrentinha.

Era até engraçado pensar em tudo que tinha acontecido de lá até aqui. Tudo era improvável. Bem que tem aquelas frases de Instagram que dizem que só quem não tá procurando acha.

Comecei a rir sozinho no meio do nosso camarote. Hum, pega e não se apega é o caralho.

Ela não me respondeu no whatsapp, mas quando entrei no Instagram vi os stories do show do Matuê. Ela lá na frente, sendo filmada cantando... Ultimamente as páginas de rap tinham trezentos ou mais vídeos dela cantando. E eu sabia o que chamava a atenção: ela vivia aquilo com toda força. Era a alma da 30. Quando ela pegava um microfone e gritava que 'Tuê Tuê é do caralho' até quem não achava que ele fosse do caralho - pessoas de péssimo gosto, inclusive - passava a achar.

Fiquei esperando ela aparecer, curtindo o carnaval e os shows até quase quatro da manhã.

Marrentinha 🖤

aq

Tô perto do palco
Vc tá onde?

Esperei cinco, dez, quinze minutos e nada dela. Foi quando saí pra procurar, e bem que a minha mãe diz: quem procura acha.

Nina estava conversando com um cara de mais ou menos uns dois metros de altura que eu não fazia a menor ideia de quem era. Eu pensei em deixar ela lá, a minha cabeça já tava me dizendo que tava bom demais pra ser verdade, mas Nina virou pro lado e me viu.

Se estivéssemos em dezembro, ela ia acenar pra mim e depois ia voltar ao que quer que estivesse fazendo. Hoje não. Hoje, ela me deu o maior sorriso do mundo e acenou pro cara, virando pra vir na minha direção.

"Oi, amor!" - Veio dizendo, se dependurando com os braços no meu pescoço e beijando a minha boca duas, três, quatro vezes. - "Eu já tava indo te procurar, aí encontrei com um cara que fez trabalho de segurança pra 30 por um tempo na época que teve aquele problema lá com o Teto."

Assenti, travei o maxilar e passei a mão na minha barba. - "Aham. Você não me deve satisfação não."

Nina estava com a boca coladinha na minha, e na mesma hora travou. Se afastou e esquivou a cabeça bem pra trás, como se quisesse me analisar de longe.

"Eu não devo mas eu quis dar." - Respondeu.

Quis dar, hahaha. Engraçado.

"Uhum." - Murmurei, virando de lado pra tirar um pouco do suor do meu copo. Pelo movimento, Nina tirou os braços da volta do meu ombro.

"Você é mais de ficar monossilábico e esquisito ao invés de conversar..." - Ela começou a dizer.

"Eu odeio conversar." - Interrompi, sem olhar pra ela.

"Tal qual os astralopitecus."

"Astra-o quê?" - Resmunguei, olhando pra ela com os meus lábios entreabertos.

Nina respirou fundo. - "Eu tô me controlando muito pra não te dar uma resposta atravessada agora, mas como eu não sou igual a você que muda da água pro vinho em minutos eu não vou fazer isso. Cuidado que o nome disso é bipolaridade, viu?" - E começou a sair de perto de mim.

Amor em Dezembro - Lil GabiOnde histórias criam vida. Descubra agora