Eighteenth

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Karina/Lil Nina; 22/01/2022

📍Fortaleza, Ceará

"Eu vou sair." - Avisei pra minha mãe, pra Clara e pro Matheus, que estão sentados aqui na sacada, como de costume admirando a cidade. E vendo se pegam um ventinho desse início de noite, porque Fortal hoje tá quente pra caralho.

"Vai pra onde, com quem e volta que horas?" - Minha mãe perguntou, me olhando por cima da armação de óculos. - "Poxa, filha. Você quase nunca tá aqui, aí quando tá, vai sair?"

Estalei a língua sem cabeça pro drama. Mas não tive tempo de responder, meu celular tocou e eu deduzi que seja uma das meninas já me procurando. Mas na tela apareceu o nome de um dos nossos seguranças, que hoje tá acompanhando o Teto num show. - "Alô?"

"Karina, eu tô com o Teto num hospital." - Ele disse. Eu precisei me sentar num dos sofazinhos pra conseguir continuar a ouvir. - "Ele... Bebeu de um copo de um fã, de uma pessoa que estendeu pra ele, e em minutos caiu do palco durante a passagem de som."

"Eu tô indo pra aí agora." - Eu disse antes de desligar e virar pra minha mãe pra responder as perguntas dela. - "Eu tô indo é pra o Rio. O Teto tá no hospital." - Foi uma confusão pra eles entenderem o que tinha acontecido, nem eu não tinha entendido. Só estou preocupada, com medo, e como sempre, movendo céus e terras por quem eu amo.

"Não tem passagem, não tem. Pega um jatinho e bota na conta da 30, mas vai!" - Matheus disse, já fazendo uma nova ligação. Em uma hora tudo se resolveu, eu subi num jatinho só com a roupa que eu tinha vestido pra ir num barzinho e com a minha bolsa que a Clara quem pegou e colocou uma escova de dentes. Mas eu não tava me importando com nada. Só com ele, com o que fizeram com ele.

"Oi, oi. Eu preciso muito saber do Clériton Sávio." - Eu disse apressada quando cheguei no hospital, batucando meus dedos na mesa da recepção.

"Grau de parentesco e documento com foto?" - Ela pediu e eu empurrei pra dentro da cabine dela o meu RG enquanto dizia:

"Eu não sou parente de sangue, moça, mas eu amo ele mais do que se eu fosse irmã." - Eu disse baixo, agoniada por noticias. Ela logo fez a ficha, colou um adesivo de visitante no meu peito e me encaminhou por alguns lances de escada até chegar num hall de corredor. Lá, o médico veio até mim e começou a explicar a situação - que era mais complicada do que imaginei - e disse que mesmo estável, Teto deve ficar uns dias internado. Foi aí que me desesperei.

Gabriel/Lil Gabi; ainda em 22/01/2022;

📍Rio de Janeiro, RJ

Eu estava saindo do banho depois de uma sessão intensa de um treino meu sozinho, parte do meu 'trabalho invisível', e o meu celular não parava de tocar mesmo que já beirasse meia noite. A primeira chamada caiu e a segunda já estava perto quando cheguei do lado do celular, mas a minha surpresa foi a foto de Nina na tela.

Me apressei pra atender, com as mãos molhadas quase que o celular escorrega, mas eu consegui e coloquei no ouvido, minha voz saindo mais descontrolada e o coração mais descompassado do que eu pensei que estaria. - "Oi, oi, oiii." - Pera, Gabriel. Animado demais. Cocei a garganta e passei a mão na minha cabeça, nos cabelos molhados antes de reformular com um pouco mais de marra. - "Oi, Karina. O que foi?"

Talvez tenha saído marrento demais, porque ela ficou em silêncio e coçou a garganta dizendo. - "Oi, Gabriel. É... Não era nada demais não, eu me precipitei em te ligar, desculpa o incomodo. Tchau." - Ela ia bater o telefone. Comecei a caminhar de um lado pro outro do quarto, fazendo coisas sem sentido como cutucar a cama com o pé e encostar a cabeça na porta repetidas vezes.

Continuar na marra pra ela ver que não é só ela que é assim, ou fazer o que eu realmente quero e voltar atrás? Se bem que, voltando atrás eu vou sair igual um bobo idiota.

"Não, não, cê não me incomodou. Pode falar." - Eu disse, fechando os olhos. Com certeza ela não vai mais falar. Nossa Gabriel, parabéns, o prêmio de mais burro do ano que acabou de começar vem pra mim! Agora a pessoa que eu passei o mês querendo falar vai querer é desligar a ligação.

"Primeiro eu só quero dizer que eu só tô te ligando porque eu tô precisando mesmo de ajuda e você foi a primeira pessoa que eu pensei." - Juntei as sobrancelhas e prestei mais atenção ainda, pra deixar o orgulho de lado assim e não bater o telefone na minha cara, algo de sério deve ter acontecido. - "Eu tava em Fortaleza e recebi a ligação que o Teto tá aqui num hospital..."

Interrompi ela. - "O Teto? O que aconteceu?"

Nina suspirou. - "Ele tomou uma bebida batizada, esse filho da mãe. Tampa o umbigo e não tampa a boca." - Resmungou a última parte e eu achei engraçado, ri fraco.

"Mas ele tá bem? Isso foi aonde?" - Perguntei, preocupado. Eu amo aquele moleque.

"Foi aqui no Rio, eu ainda não entendi bem. Ele tava na passagem de som, liberou a entrada de uma parte do público que já tava fazendo fila do lado de fora da casa de show, e aceitou a bebida que uma fã deu pra ele. Aí o pessoal que tava viajando com ele disse que não deu nem dez minutos, ele caiu no palco. Aí veio aqui pro hospital, ligaram pra mim que tava lá na minha mãe, em Fortaleza, e eu peguei um jatinho aqui pro Rio, assim na loucura mesmo, só com a roupa do corpo. Nisso, cheguei aqui e mesmo estável ele tem que ficar internado, só que eu não posso ficar aqui com ele porque eu não sou parente de sangue e porque como tá em alta Covid e gripe, os casos que não são graves não tem direito a acompanhante." - Ela explicou, meio atropelando as palavras, nervosa. - "Nisso, liguei pros hotéis que eu conheço por aqui e tá tudo lotado, você foi a primeira pessoa que eu pensei pra poder pedir ajuda."

"Tem muita gente de férias, tá em alta temporada. Você não acha hotel rápido assim não. Escuta, em que hospital você tá? Tô indo te buscar." - Eu disse, parando de fazer coisas aleatórias na chamada e já indo pro closet pra me vestir. Nervoso e de coração acelerado só porque vou ver Nina, devo acrescentar.

>> Como vocês atenderam ao meu pedido de interagirem, decidi fazer a maratona! Sempre falei isso: quanto mais interação, mais fácil eu atualizar logo. Até mais tarde! 1/3.

Amor em Dezembro - Lil GabiOnde histórias criam vida. Descubra agora