Fourth

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Karina/Lil Nina; 19/12/2021

📍São Paulo, SP

Quando dobrei o corredor do hotel, um moleque me viu e saiu correndo até a porta da suíte especial onde Matheus e Teto estão. Ele abriu a porta de uma vez e gritou: - "Ela tá vindo, tá vindo!"

Apertei o passo em cima dos saltos altos e só escutei o barulho dos estilhaços de vidro. Empurrei a porta e lá estavam os dois bobocas tentando esconder os restos da garrafa de whisky.

"Eu dei só um gole." - Matuê disse tirando a almofada que tinha jogado em cima do estrago no chão na tentativa falha de escondê-lo.

"Eu dei dez." - Teto ergueu os braços como uma pessoa enquadrada e se defendeu. - "E esse é, bom, era... um whisky importado."

"Vaza, garoto." - Dei um olhar pro moleque que estava de guarda. O garoto deu dois passos pra trás com vontade de correr mas vacilou olhando pra dentro da suíte. - "Tá esperando troco de quê, moleque? Esses dois bestas devem ter dito pra você falar se eu tivesse vindo e tu nem se ligou no batuque do salto." - Bati o pé no chão e ele ficou encarando o bico do salto que era a logo da marca. - "Se manda, moleque."

Não olhei pra ele outra vez antes do menino pegar um cartão no bolso e desbloquear a porta do quarto da frente.

"Moleque rico e vocês nessa." - Peguei as notas que estavam na cama, com certeza pro garoto. Guardei dentro da bolsa e olhei pros dois, já apontando pro Teto. - "Você desce que a escolta já tá no corredor pra te levar pro show." - Passei o dedo apontado pra Matuê. - "E você... Onde tá a outra garrafa de whisky e que porra tu tem na cabeça? Primeiro que teu show já devia ter começado e segundo que você tinha parado de beber."

"Foi só um gole, fiquei com vontade." - Meu primo respondeu prensando os lábios mas eu tava com vontade de surrar esse filho da puta.

Desculpa, tia.

"Se as consequências desse gole vierem numa crise..." - Eu disse ríspida, não arrisquei completar por puro medo. Eles dois ficaram me olhando também nervosos sabendo de que eu falava.

Dos últimos meses difíceis que enfrentamos.

Dos dias de merda e crises que superamos juntos.

Engoli seco, refiz minha postura e disse: - "Vai logo, Teto, cê ainda tem que pegar a estrada."

"Vou brilhar, Nina." - Teto me abraçou de lado e beijou minha testa. - "Te amo." - E saiu correndo.

"Sabia que o amor não dá medo?" - Matheus cruzou os braços.

"E tu leu isso numa cartela de baseado?" - Ele abaixou a cabeça e não respondeu, apontando pra a garrafa que eu tinha pedido e que estava em cima do frigobar. - "Bom garoto." - Afaguei a cabeça dele como se meu primo fosse um cachorro.

Fui bebendo o whisky do hotel até o show, resolvi as pendências com a garrafa debaixo do braço, e ainda assim não fui desrespeitada por um segundo. Era erguer os olhos pra alguém que todo mundo obedecia.

Acho que o show estava perto do final quando a garrafa chegou a metade e tudo que eu tinha bebido começou a fazer efeito. O famoso: desceu pra periquita.

Do canto do palco encarei Gabriel que estava pulando perto de Matuê. Especialmente bonito essa noite... Os dreads meio presos por uma bandana branca e o corpo gostosão meio escondido pelas roupas que eu acho que devem ser uns quatro tamanhos acima do dele.

Num dos movimentos pelo palco, ele me viu olhando e jogou um beijo. Joguei outro e pisquei um dos olhos, atitudes suficientes pra Gabriel não passar mais que um minuto sem me olhar. Ele já não cantava mais a música inteira, e estava muito mais pro lado de cá do palco que pro de lá. Apontei com o queixo pra escadaria que desce do palco e leva pro camarim, Lil Gabi ergueu as sobrancelhas e apontou pro próprio peitoral como se perguntasse "eu?" . Revirei os olhos, fiz que sim com a cabeça, larguei a garrafa na mesa do DJ e desci. Do meio dos degraus, olhei por cima do ombro e lá estava ele colocando o microfone em cima da mesa do DJ, já descendo atrás de mim.

Amor em Dezembro - Lil GabiOnde histórias criam vida. Descubra agora