Gabriel/Lil Gabi; ainda na madrugada de 23/01/2022;
"Vem cá, você não sabe qual o seu tamanho de roupa não? Esse tamanho aqui é que não é." - Karina saiu do meu banheiro dizendo e eu ri alto. - "Eu juro, cabem duas de mim."
Virei pra olhar pra ela, com os cabelos molhados e soltos e balançando no corpo a minha camisa cinza que realmente era grande demais nela. Fazia quase sumirem as curvas da cintura, mas as do quadril estão bem marcadas. Muito marcadas.
"É estilo, Nina.'' - Respondi rindo pra ela.
"Claro que é." - Concordou, mas era claro que estava debochando. Afirmando com a cabeça repetidas vezes, mais do que seria necessário se estivesse realmente concordando, e com um sorrisinho esperto no canto dos lábios.
"Ô marrentinha, é proibido debochar do deboche." - Adverti com um sorriso e ela riu de volta, se aproximando de mim mas com o sorriso diminuindo nos lábios.
Até baixar quase totalmente o tom de voz e me dizer: - "Obrigada, de verdade, pela ajuda, pelas roupas... eu não dou trabalho nenhum, eu durmo em qualquer canto que cê me arrumar e amanhã cedo já vou pro hospital."
Neguei com a cabeça várias vezes. - "Quê isso, Nina. Eu já te disse que não tem que agradecer. A minha cama é sua, as minhas roupas são suas... Amanhã cê pode até escolher um tênis meu pra usar." - Eu disse, colocando a minha mão na lateral do pescoço dela e fazendo um carinho.
"Obrigada." - Ela disse de novo e eu arregalei os olhos antes de revirá-los. Foi Karina que me puxou pra um abraço, e isso se somou as outras vezes essa noite - as primeiras da vida - que eu vi ela sendo frágil. Não sendo a imponente Nina.
Beijei sua testa, com delicadeza. - "Boa noite, marrentinha."
Comecei a sair do meu quarto, deixando ela lá. Mas uma coisa estava me incomodando: o quanto Nina está pensativa. E o quanto eu queria fazer algo pra ajudar. Já tinha ultrapassado a linha do: ah, eu gosto de você e quero te ver bem. Pô, o Teto é meu irmão, como o pessoal aqui do Rio diz. Eu também estou preocupado.
"Na verdade, você já quer dormir agora?" - Perguntei, parando no meio da porta e olhando pra dentro. Nina negou com a cabeça, parada de braços cruzados no meio do cômodo.
"Eu tinha que estar medicada pra dormir." - Ela respondeu, rindo fraco e coçando a testa.
"Então senta ali na varanda, a vista é sensacional." - Indiquei, fechando a porta atrás de mim, vestindo um moletom e pegando um pra levar pra ela antes de segui-la pra sacada, gelada pela madrugada.
"É realmente muito bonito." - Ela disse, parando encostada no parapeito. - "Mas a vista do meu quarto ganha."
"Da vista do Rio de Janeiro?" - Perguntei indignado.
"Claro! Por acaso você já viu a praia de Iracema quando o sol começa a nascer? Fortaleza é linda." - Elogiou arqueando as sobrancelhas convencidas.
Me aproximei estalando a língua. - "Não, nunca vi. Você vai ter que me mostrar, marrentinha..."
Ela sorriu divertida. -"Negócio fechado." - Sorri de volta. Nina fez uma pausa pra vestir o moletom que eu tinha entregado pra ela antes de dizer: - "Mas não se surpreenda. Fortalcity é uma mistura, morando na praia e mesmo assim a vida é dura." - Cantarolou o último trecho, eu sabia que era a música É Sal do Matuê.
"Tu é muito ligada com música né Nina?" - Perguntei já sabendo a resposta. Se nem foto ela não postava sem a legenda ser uma música, imagina o quanto ela não ama isso... Ela assentiu veemente com a cabeça. - "Eu também mano. Até nisso a gente é igual."
Eu não tinha dito por maldade, achei que ela ia ficar diferente, mas Karina só concordou. Sim, até nisso a gente era igual.
"E tu não canta porque?" - Eu quis saber, me sentando no chão. Ela sentou do meu lado, bem perto de mim.
"Porque eu sou melhor mandando, ficando no canto do palco e cantando só pra mim... Nem sempre a gente faz tudo que quer. E pra mim tá ótimo assim." - Nina deu de ombros respondendo.
"Eu nasci pra isso." - Eu disse e ela deu uma gargalhada alta. - "Para de rir, mina. É sério."
"Desculpa, o tópico Gabigol trapper é sempre um ponto fraco da minha risada." - Ela prensou os lábios um no outro, os olhinhos brilhando.
"Mano, porque que eu gosto de tu memo?" - Desabafei negando com a cabeça e olhando pra madrugada escura. Nina riu mais alto e encostou o rosto no meu braço.
"É porque eu tenho uma sentada perfeita." - Respondeu me olhando ainda sorrindo. Tá, era por isso.
E por causa desse jeito maluco de nunca deixar de ser ela, não importava o quanto o mundo pudesse ser intimidador. E outras razões que são demais pra serem citadas uma a uma.
Mas a sentada com certeza foi um fator importante.
"Hm, vou te contar uma coisa. O Lennon queria ser jogador de futebol, aí não conseguiu, por isso que ele não vai muito em jogo e tals..." - Começou a contar mas eu a interrompi.
"Mas ele torce pro Flamengo, né?" - Perguntei estreitando a língua.
"Claro que sim, é o melhor time do mundo." - Abri um sorriso ao ver ela falar assim, eu também acho. É... Flamengo. Só quem é, sabe. - "Aí ele não virou né, virou só o L7nnon."
"Pouquinha coisa." - Respondi zoando e ela concordou.
"Você, queria ser rapper..." - Interrompi.
"Queria não, Nina. Eu sou. Lil Gabi é uma piada pra você?" - Perguntei meio rindo e ela riu mais. Era bom ver Karina assim.
"Claro que é! Desculpa. Sim, continuando, Lil Gabi: você queria ser rapper, não conseguiu e virou jogador. E virou só o Gabigol!" - Ela contou e eu ri.
"Muita coisa." - Nina abriu a boca num O e riu junto comigo.
"Ah, agora é muita né? Seu filho da mãe."
"Marrentinha, não é por nada não, mas esse teu papo tá muito doido." - Neguei com a cabeça, olhando de novo pro horizonte.
"Olha, tá amanhecendo." - Nina disse, olhando pra lá e fechando os olhos. Fechei os meus também.
"A gente tá fazendo o que? Uma oração?" - Perguntei de olhos fechados.
"Não, eu tô cochilando mesmo." - Ela respondeu e eu abri os olhos dando uma gargalhada que ela acompanhou.
Talvez, de alguma forma, mesmo nos dias pesados e difíceis, ela só seja isso: leve. Igual esse clima de hoje entre a gente. Era o que eu tava precisando pra minha vida depois de tantas coisas que já aconteceram...
Pena que é difícil de ter.
>> Se esse capítulo bater 150 comentários teremos atualização nessa fanfic todos os dias dessa semana (exceto fim de semana.)
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Amor em Dezembro - Lil Gabi
FanfictionNo trabalho, Gabigol. Nas férias, Lil Gabi. Durante o ano que se mistura a férias por causa de sua carreira de trabalho, ela sempre é Lil Nina. Ele é acostumado a ter todas aos seus pés. Ela também. Ele é acostumado a pegar geral. Ela também. Se...