Capítulo 7

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Pedro

- Alguém desliga a porra desse celular! - escutei alguém resmungar e me estiquei sentindo minhas costas doer.

Abri os olhos com dificuldade e vi que já eram 23:00 da noite e eu estava deitado no sofá da casa da Eduarda. Ariel estava encolhida na poltrona da sala e a baixinha estava agarrada comigo.

- Cadê essa merda? - ela resmungou e se esticou pegando o celular - Alô?

No mesmo segundo ela arregalou os olhos mais fechou de novo segurando a cabeça, a ressaca veio.

- Oi Bi - ela sentou no sofá e eu vi a Ariel despertar - Desculpa é que eu cheguei cansada da casa da minha mãe e dormi - ela escutava tudo de olhos fechados - para de drama menino, você não tinha que tá em algum rolé aleatório hoje? - ela resmungou - Quem te vê todo puto em campo nem imagina que você me trata igual um neném - ela riu fraco - agora não, vou ajeitar umas coisas e vou dormir, amanhã você vem aqui... Beijos, dorme bem!

- Gabriel? - perguntei e ela assentiu deitando de novo do meu lado fechando os olhos - Porque você mentiu pra ele?

- Conheço o Gabriel, ele bate aqui em 2 segundos pra saber de tudo e em 1 ele bate na casa da minha mãe.

- Amiga você tá legal? Quer ajuda com alguma coisa? - Ariel levantou se aproximando - Não gosto quando você mente pro Gabriel, ele se preocupa com você mas concordo que ele é doido - ela riu fraco.

- Pode deixar amiga, vou tomar um banho e um remédio pra essa desgraça de dor passar, pode ir pra casa.

- Eu vou caçar meu rumo também - falei levantando e a Eduarda negou - olha a hora...

- Por isso mesmo, não vou deixar você sair daqui esse horário, amanhã você vai - eu neguei - não estou te dando opção de negar Pedro Guilherme!

- Também acho que você deva ficar aí, tá tarde - Ariel ponderou.

Não adiantou eu discutir com as duas, no final eu perdi. Ariel me passou o número dela pra caso precisasse e foi embora.

- Eu só vou tomar um banho e venho arrumar o sofá, eu durmo aqui e você dorme na minha cama.

- Negativo, eu durmo aqui de boas. Você vai acordar com a coluna horrível.

- Pedro eu sou bailarina, se tem duas coisas que não existem mais em mim é coluna e joelhos - acabei rindo - par ou ímpar então, se eu perder você dorme na sala, se você perder eu durmo.

E nessa eu acabei perdendo fazendo ela sorrir vitoriosa.

- Assim então, a gente traz o colchão pra cá e pelo menos dorme juntos - ela semicerrou os olhos me observando.

- Ou você quer uma festinha do pijama ou você quer me vê dormindo...

- Só estou preocupado de você passar mal de madrugada - ela concordou.

- Então eu vou tomar um remédio pra dor e um banho, você pode vir trazendo um colchão?

Concordei ela me levou até seu quarto, coloquei o colchão na sala e fui avisar meus irmãos iria dormir aqui e fiquei observando o apartamento dela.

Apaixonada por dança era o primeiro traço de personalidade dela, tudo por ali tinha alguma coisa haver com música ou dança, vi uma foto com a família do Gabriel, uma com um casal em uma praia e outra com os bailarinos amigos dela.

- Investigando minha vida Pedro Guilherme? - ela apareceu de surpresa na sala.

Até tentei manter meus olhos somente no seu rosto mas seu corpo coberto apenas por uma camisa que batia 5 dedos a cima do seu joelho me atraíram.

- Minha cara é aqui! - ela levantou meu queixo.

- Para de me chamar pelos dois nomes, parece minha mãe brigando comigo - ela riu.

- Ta bom Guilherme - me olhou debochada - deixei uma bermuda e uma toalha pra você no banheiro, vai tomar um banho.

Fui até aonde já sabia ser o banheiro, tomei uma ducha rápida e coloquei a bermuda que ela me deu.

- Ficou um larga né? - ela estava deitada no sofá e deixou o colchão pra mim - Gabriel não tem um pingo de noção, compra bermuda larga na cintura porque sabe que a bunda não deixa ir parar no chão.

Me deitei no colchão e sem olhar pra ela sabia que ela me observava de cima a baixo.

- Boa noite Guilherme!

- Boa noite Eduarda, qualquer coisa me chama! - ela assentiu e apagou a luz.

....

Eduarda

Percebi que já estava a alguns minutos observando o camisa 21 quando ele se mexeu na cama.

- Para de ficar me encarando - ele resmungou com a voz rouca.

Que voz rouca! Eu até tentei não pensar besteira mas foi difícil.

- É que você gostosinho, fica difícil - ele riu fraco.

- Gostosinho? Até ontem eu era o irmão mais gostoso da minha família! - Bati na testa lembrando da merda que eu falei.

- Pelo menos não menti - ele riu - Vou fazer um café pra gente.

- Posso ir usando seu banheiro?

- Só se você me der um beijo antes - ele me encarou como se aguardasse eu falar que era brincadeira - Vai! Tô esperando!

Ele revirou os olhos indo pro banheiro me fazendo rir, fui na cozinha e coloquei um café pra passar enquanto ia arrumando a mesa do café.

- O cheiro tá gostoso - ele comentou sentando a mesa.

- Não sei se você faz dieta mas aqui a gente sobrevive a base de pão com mortadela - ele riu - coma!

Fomos comendo em silêncio só aproveitando a presença um do outro.

- Posso te perguntar uma coisa? - assenti - Não sei se você lembra mas você veio com um papo ontem sobre eu achar que você era piranha, quem falou isso pra você?

Tentei manter minha postura mas pela cara que ele fez eu vacilei, eu lembrava sim mas torci pra que ele esquecesse.

- Problema meu, esquece! - dei um sorriso forçado e ele negou.

- Conversa, pelo visto não é algo legal de se guardar.

- Pedro melhor não! - ele assentiu.

- Se quiser falar com alguém diferente eu prometo segredo - concordei.

Continuei calada mas algo em mim me dizia que eu poderia confiar nele.

- Meu pai e meus irmãos acham que eu sou piranha por ser bailarina e viver a vida que eu vivo.

Ele me olhou assustado por alguns segundo e era isso que eu não queria, não queria um olhar de pena sobre mim, eu sou maior que isso.

- Tenho certeza que eles não conseguem enxergar o talento que você tem - ri irônica.

- Meu pai e meu irmão são militares, meu pai vem de uma família em que os homens são a maioria, o único que sempre foi um pouco mais tranquilo é o meu irmão mais velho mas mesmo assim concorda com eles - sorri forçado - pra eles essa vida de dançar em shows e depois ir pra balada se divertir faz com que eu não mereça respeito e que todos os homens sempre vão me tratar como uma qualquer.

- Acho que eles não viram a liberdade que tem em você - ele sorriu pra mim - Mas assim, você vive isso porque gosta ou porque encarnou algo que eles coloram na sua cabeça? - olhei estática pra ele.

Liberté • Pedro GuilhermeOnde histórias criam vida. Descubra agora