CAPÍTULO 1

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            Primeiro dia de aula do primeiro ano do ensino médio. Eu estou tão ansioso para ver meus amigos. Já faz mais de 2 meses, desde quando entramos nas férias de dezembro. Sou apegado demais com eles, talvez mais que com minha própria família.

            Caralho, que sensação estranha. Uma sensação de que algo está prestes a acontecer. Cruzes, que seja coisa boa. Eu mereço. Mas sempre é assim. Começo de ano, nova história, novas experiências... já estou acostumado.

            — AAAAAAA Pietro, que bom te ver!!! - gritou Eloisa me abraçando muito forte.

            — Ai amiga, você não sabe o quanto eu to feliz!

            — AAAAAAAAAAAAAAAA QUE SAUDADE!!! - Valentina vem correndo gritando e me dando um abraço muito apertado.

            Eloisa e Valentina são as minhas duas melhores amigas. Eloisa entrou na escola esse ano, e Valentina já estudava aqui comigo desde o 6º ano. Elas são tão, tão, especiais para mim. Essas duas me ajudaram em situações onde era eu, eu e só eu.

            — Amigo, eu preciso te apresentar os meus amigos novos... Ah, e você NECESSITA conhecer o meu amigo que estudou comigo no sétimo ano. Ele é muito incrível, vocês vão se dar super bem. - disse Eloisa eufórica com uma piscadela.

            Provavelmente ela iria tentar me arranjar esse amigo. Sem chances. Não tô afim de me ferrar mais uma vez.

            — Mas é claro que eu vou conhecer eles. Vou fazer amizade com todos.

            O sinal tocou e fomos todos para nossas salas. Eu e Valentina caímos na mesma sala (como sempre). Já Eloisa, na sala ao lado.

            As horas passam e cada vez mais a sensação estranha vai piorando. Não sei explicar, só é MUITO ESTRANHA. Provavelmente por causa do primeiro dia de aula. Tentei me distrair com as atividades e brincadeiras em sala de aula. Consegui pelo menos. Meus colegas me ajudam muito também.

            Valentina e eu descemos para o intervalo e demos de cara com a Eloisa que me puxa para falar com o grupinho. Eu dei um "oi" meio tímido e todos me responderam.

            Algo me chamou atenção: O GAROTO DE ÓCULOS. O menino mais lindo que eu já vi. Seus cabelos com cachos loiros, davam uma formosura pro seu rosto simétrico. Ele demonstrava uma vulnerabilidade com aquele olhar tímido, parecia estar nervoso. Ficou o tempo todo de cabeça baixa e não me deu nem um "oi".

            Quando olhei para ele, senti a sensação estranha de novo. "O QUE TÁ ACONTECENDO?", pensei. Saí da rodinha e fui andar com meus amigos.

            — Valentina vem cá.

            — Que foi amigo?

            — Não sei... Senti algo estranho quando olhei pra aquele menino de óculos que tava encostado na parede. Sei lá, parecia incomodado com a presença dele.

            — Amigo, que fofo... Você gostou dele!

            — Que gostou o quê garota. Bebeu foi?

            — Deixa eu te explicar... Quando duas almas se conectam, elas...

            — Nem começa, shiu. Deve ser nada, talvez o santo não bateu. Só isso.

             — Hum, tá.

            O intervalo inteiro, eu senti um incômodo. Parecia que tinha alguém me observando, e realmente tinha. O maldito garoto de óculos não tirava os olhos de cima de mim. Que perturbação. Nosso santo não bateu mesmo.

O Garoto de ÓculosOnde histórias criam vida. Descubra agora