O Garoto de Óculos

CAPÍTULO 5

            Tomar banho nunca foi meu forte. Calma, não é porque eu não gosto de tomar banho. É que quando eu entro no chuveiro, eu passo anos ali. Mas é porque eu sinto como se a fumaça se entrelaçasse com meus pensamentos e paranóias. Ali fico. Pensando em filosofias de vida, modos de viver, futuro, passado, amores, desamores. Crio histórias em minha cabeça. Tudo isso em um banho que deveria ser rápido.

            — PIETRO, JÁ TÁ BOM.

            Minha mãe grita, me trazendo para a realidade.

            Eu me molho rápido, e fecho o chuveiro. Não quero levar um soco não, tá amarrado.

            — Oi amigo! Que bom te ver. Eu já estava com saudades.

            — Mas a gente se viu ontem Valentina.

            — Mas eu te amo e tenho saudades, poxa.

            — Eu também te amo!

            A Valentina quando ela quer, ela é muito fofa! Ela e Eloisa me tratam como um príncipe, Jesus. Eloisa não muito. Digamos que ela é a mais fria das duas. Mas a Valentina (quando quer), é super fofa.

            — Amigo, posso te falar um negócio?

            — Pode sim.

            — Promete que você e o Lucas não vão transar aqui em casa?

            Ué, a Valentina tá ficando doida, só pode. Por que eu transaria com o Lucas na casa dela? E ainda por cima hoje?

            — Oshi, por que isso agora amiga?

            — Porque ontem eu tava conversando com o Lucas, e ele me disse que tava com muita vontade de fazer isso com você. Eu não quero que seja na minha casa, por favor. Tem a minha avó também.

            OMG!!! O Lucas quer transar comigo, meu Deus! As coisas estão andando mais rápido do que eu imaginava.

            — Meu Deus! Agora eu tô assustado... mas relaxa amiga, eu não tô pronto pra isso.

            — Pois é, e também... Ouviu? É o interfone. - ela foi atender. - É o Lucas, vou abrir pra ele.

            — Vai lá gostosa. - dei um tapa na bunda dela.

            — Ain, para!

            Como eu iria olhar na cara dele agora? Tipo, oi??? Ele quer me comer. Será que é só isso então? Ele só quer isso e vai me jogar fora. Filho da puta. Mas também Pietro, tu foi se apaixonar logo pelo cara que você conhece há pouco tempo. Isso que dá. Não aprende em.

            — Oi Pi. - ele me cumprimentou com um beijo na bochecha sem graça.

            — Oi Lu...

            Eu estava muito desconfortável. Minha cabeça se enchia de paranóias de que Lucas só queria transar comigo. E eu bobo, querendo me entregar. Amar, e ser amado.

            — Amigo, tá tudo bem? - Valentina parou a música.

            — Tá sim amiga, por quê?

            — Porque desde que o Lucas chegou, você só fica aí deitado na cama. Vem dançar com a gente.

            — Ai gente, desculpa. Não é nada com vocês. É só minha cabeça... Pronto. Já tô de pé.