CAPÍTULO 2

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            Em meus pensamentos, me lembro de como foi o processo para me descobrir bissexual. Desde quando me entendo por gente, eu sei que tenho atração por meninos. O foda é que eu sempre tentei negar. Minha família sempre foi religiosa e automaticamente, eu também. Lembro-me que em todas as minhas orações, eu pedia pra Deus tirar isso de mim (como se fosse um erro). O que eu fiz para sair disso foi não me rotular. Parei de me culpar e só deixei rolar. E aqui estamos nós. Hoje, bissexual.

            Cheguei a conclusão que não vai rolar. Cara, quase uma semana e nada. Nem uma conversa, nem um abraço. Apenas um beijinho na bochecha. Eu fico muito nervoso perto dele, não sei o que acontece. É sempre um frio na barriga quando chego perto ou quando ele me dá um oi. Será que estou apaixonado? Espero que não. Até porque ele nem conversa comigo, nem pelo whats. Isso me dá tanta raiva.

            Porém, estou com um pouco de ciúmes dele com a Valentina. Eles se aproximaram tanto em tão pouco tempo, que me dá ânsia da relação deles dois. Sabe, eu sempre fui o único melhor amigo da Valentina, e ter que dividir esse lugar com ele só me dá raiva. Eu tenho muito ciúmes dela. Foda, é que eles são tão parecidos, af.

            Pelo menos estou me aproximando de alguém, Bruno. Ele é um dos amigos que Eloisa me apresentou. Tão doce, tão fofo. Se eu pudesse prendê-lo em um pote eu prenderia.

            Manhã de sábado, acordo com meu celular tocando. É Valentina.

            — Bom dia amigo, dormiu bem?

            — Bom dia vagabunda. Dormi sim, e você?

            — Aham, tô aqui na casa do Juliano. - ela vira a câmera para ele.

            Juliano é nosso colega de classe desde o 6º ano. Amigão de Valentina, e um grande parceiro de geral.

            — Eaí Juliano.

            — Eaí Pietro.

            Conversa vai, conversa vem. Muitas risadas altas e surtos, até que:

            — Vamos ligar pro Lucas.

            — Amiga não. Acabei de acordar e tô muito feio.

            — Deixa de graça mano.

            — Amiga, eu gosto dele.

            — Eu sei. Mas é só uma call cara.

            — Valentina, não.

            — Para de ser surtado. Vou ligar.

            — Vai se fuder. Não vou aparecer.

            Ai que merda! Nem no sábado eu tenho paz, que inferno.

            Ela liga para Lucas, e eu me escondo.

            — Amigo, volta aqui agora. Para de graça.

            — É Pietro. Volta aqui por favor. - diz Lucas.

            — Eu tô desarrumado, peraí.

            — Já que insiste... Mas eaí como cês tão?

            — Eu tô bem. O Pietro que tá meio inquieto.

            — Cala a boca Valentina! - me arrumo e volto pra chamada.

             — Gente, vamos no parque?

             — Que parque Valentina? - eu digo.

O Garoto de ÓculosOnde histórias criam vida. Descubra agora