CAPÍTULO 7

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            Ai que dor de cabeça! Abro os olhos e a primeira coisa que faço é pegar meu celular. Meu travesseiro está encharcado de lágrimas, literalmente chorei até dormir. Meu quarto está um caos. Pego meu celular, puta que pariu que luz forte. 06:45, PUTA MERDA. Levanto correndo para me arrumar, vou chegar atrasado naquela merda.

            Que porra é essa? Por que todo mundo tá me olhando com essa cara de cú? Passei bosta na minha cara? Ao fundo vem Eloisa correndo.

            — Amigo, pelo amor de Deus!!! Você já viu o vídeo que tá rolando por aí?

            — ELOISA, QUE PORRA DE VÍDEO É ESSE???

            — Amigo, só não surta. POR FAVOR!

            — EU JÁ SOU SURTADO NATURALMENTE, MOSTRA LOGO.

            Ela pega o celular e me mostra o vídeo. O caralho do meu dia que já estava um cú, virou um cú cagado cheio de bosta. É o mesmo vídeo. O vídeo que eu fui ameaçado. Eu fico tão puto, que estou paralisado. Será que eu morri ontem e estou no inferno?

            — Amigo, tá tudo bem? Amigo pensa assim, pelo menos...

            — ELOISA, A PORRA DO VÍDEO TÁ NO CELULAR DE TODO MUNDO, E VOCÊ ME PERGUNTA SE TÁ TUDO BEM??? E SE ISSO CHEGAR NA MINHA MÃE?

            — Pietro, calma!!! Nessas horas a gente só tem que manter a calma.

            Eu continuo sem reação, as lágrimas começam a cair. O meu único medo, é isso cair nas mãos de meus pais. Eu to fudido!

            — Oi gente... Iih, que que tá acontecendo.

            — É melhor você sentar Valentina. - Eloisa aconselhou.

            Ela contou tudo para nossa amiga. Eu não conseguia falar, só chorar. As lágrimas saiam sem parar. Minha cabeça estava uma confusão danada. Era como se eu entrasse em um mundo frio, solitário e cheio de espinhos.

            Elas me apoiaram muito, mas eu estava muito mal. Não conseguia pensar em mais nada, mal conseguia respirar. Não consegui ir pra aula, eu literalmente só chorava. As tias me liberaram para ir embora mais cedo. E lá fui eu, triste pela rua, solitário em meu mundo preto e branco.

            — Olhem o viadinho do vídeo. - 5 meninos da minha escola vem em minha direção. - Doidinho pra chupar uma rola, olha a cara.

            — DEIXEM ELE EM PAZ! - vejo Lucas ao longe chegando mais perto.

            — Ora, ora, o outro viadinho. Tá querendo me chupar também?

            Lucas empurra o garoto e ele cai no chão.

            — VAZA!

            — Não pode nem fazer mais brincadeira com essas bichas... Vamo embora.

            Eles saem.

            — PORRA DE HOMOFOBIA DE MERDA!... Como você tá Pietro?

            — COMO EU TÔ LUCAS? Você me falou tanta merda ontem, que acabou comigo. E agora a porra do nosso vídeo tá circulando.

            — Se eu não estivesse aqui, nada disso estaria acontecendo.

            — Cara, vai tomar no seu cú. Para de se culpar o tempo todo. Pelo que você tem culpa, aí não pede desculpas né?

            — Pietro, eu sei que eu errei. Eu admito e não vou tirar a razão. Só que nesse momento, a gente...

O Garoto de ÓculosOnde histórias criam vida. Descubra agora