D O I S: coincidência

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Por mais que eu tentasse de todas as formas prestar atenção nessa aula era praticamente impossível, estava concentrada em não entrar em pânico. Percebi que em alguns momentos os olhos do loiro paravam em mim e isso me deixava agoniada, ao contar das oito vezes deduzi que ele tinha me reconhecido. Ou seja lá o que aconteceu.

Me afundei um pouco mais na cadeira para sair do campo de visão dele, mas foi o mesmo que nada, já que ele me chamou em seguida.

– Qual é o seu nome, garota que está tentando se esconder de mim?

Alguns alunos riram.

– Pensei que não quisesse saber nossos nomes, professor. – retruquei.

A verdade é que eu não queria falar.

– De fato, mas quando alguém atrapalha a minha aula com um comportamento desses não posso deixar passar despercebido, srta. Becker.  – ele me olhou com mais intensidade. Talvez um pouco de raiva. – Quero vê-la na minha sala depois que terminarmos.

– A verdade é que eu não pos...

– Não me interessa, srta. Becker. Na minha sala depois da aula.

Assim que a aula terminou ele me lançou um olhar de aviso e entrou no escritório que ficava dentro da própria sala.

Aí Deus.

– Por que respondeu um professor daquele jeito, Bella??

– Ele é arrogante e ignorante. Não gosto de gente assim.

– Você pode se meter em problemas

– Acho que já me meti em um, Joe.

Coloquei meus livros na bolsa e esperei todos saírem da sala antes de criar coragem pra ir até o escritório onde ele estava.

Quando entrei me deparei com ele sentado na beirada da mesa, de braços cruzados e me olhando fixamente.

– Olha, sr. Hartley, me desculpe pela forma que falei aqu....

– Não me interessa.

– Então por que me chamou aqui?

– Porque estou curioso com o fato de você ter se tornado minha aluna logo depois do que aconteceu.

Espera, ele acha que estou perseguindo ele?

– Acredite, estou tão surpresa quanto você.

– Por que eu acho que isso não é uma coincidência?

– Tá de brincadeira, não é? Me chamou aqui pra me acusar de perseguir você??

Indignada, ajeitei minha bolsa no ombro e estava abrindo a porta para sair quando o ouvir dizer:

– Desculpa, eu só....não sei – ele se levantou e foi até um dos armários. Assim que pegou uma pasta, me entregou. – Sua prova. Roberts pediu pra entregar.

– Acha que eu estou te perseguindo, mas parece que é ao contrário.

– Eu tenho coisa melhor pra fazer do que perseguir você.

Peguei com uma certa ignorância das mãos dele ainda encarando.

– Se acha que sou uma dessas mulheres que fica obcecada com apenas uma noite está errado. E nem foi tão bom assim!

Bati a porta antes de sair as pressas, não conseguia acreditar que tinha escutado aquilo. Enquanto andava pelo campus peguei meu celular na bolsa e liguei para a única pessoa que conversaria comigo do jeito que eu queria conversar.

– Oi? Você tá livre hoje?

– Sim, quer me ver?

– Quero.

– Que horas?

– Às oito.

– Claro. Passo no seu dormitório, amor.

Desliguei no mesmo segundo em que Louisa apareceu na minha frente.

– Então?

– Então o que?

– É ele?

– Ai, meu Deus Lou.

– É claro que é! E o que pretende fazer?

– Ficar bem longe antes que arrume problemas pra mim.

– O que aconteceu? – ela me olhou com uma cara séria.

– Nada. Ele só é um escroto.

– Vish...

– Depois vejo você, Lou. Tô com uma dor de cabeça horrível e preciso deitar. - menti.
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Eram exatamente oito horas quando Harry bateu a porta. Deixei que ele entrasse enquanto eu ia até a cozinha pegar um pouco de vinho. Eu e ele nós conhecemos quando eu estava no terceiro ano e ele no segundo, me julguem por ser mais novo, mas não parece.

Senti as mãos dele ao redor da minha cintura e os lábios tocando a pele do meu pescoço.

– Você tá bem animado pelo visto. – notei ao sentir sua ereção.

– Sempre fico assim perto de você.

Me virei para olhá-lo e não tive tempo de falar algo já que ele simplesmente me beijou. Eu tinha aprendido a gostar do Harry e de certa forma ele me confortava, ao mesmo tempo que dava o que eu queria.

Empurrei ele para o sofá e sentei sobre ele, voltando a beijá-lo.

– Por que não o seu quarto? – questionou.

– Porque aqui – mordisquei a orelha dele. – É mais interessante.

Amor à Segunda VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora