Amigos

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Há três dias eu não ia pra aula por precisar pensar sobre o que Thomas disse, ele me queria e talvez por isso estivesse aqui. Eu precisava de respostas.

Notei a surpresa no rosto dele quando me viu, foi difícil perceber por ele saber esconder as emoções perfeitamente bem. Queria eu poder me dar ao luxo disso, mas sempre fui intensa demais.

Esperei a aula acabar e quando todos saíram entrei no escritório, encontrando o loiro sentado mexendo no notebook. Ainda com a mão na maçaneta pensei se era uma boa ideia ficar.

Eu nunca me senti tão estranha quanto agora.

Thomas levantou e se aproximou de mim, mas parou quando ergui a mão pedindo pra manter distância.

– Eu pensei que alguma coisa tivesse acontecido, Isabella.

– E aconteceu. Você perdeu o seu juízo, Thomas.

– O que?

Me afastei ds porta e caminhei até o outro lado da sala.

– Por que quer algo que possa atrapalhar você? E me atrapalhar também.

– Como?

– Você é meu professor e isso pode me expulsar do curso e até mesmo da faculdade.

– Ah...acha que isso é permanente? – apontou pro escritório. – Não, claro que não. Odeio dar aula, mas devia esse favor ao meu tio.

Arregalei os olhos.

– Seu tio?

– É, Bella – ele se aproximou de mim de novo e passou as mãos por meus braços. –, o sr. Roberts é meu tio.

– Eu quero respostas, professor.

– Prometo dar o que você quer e muitas outras coisas.

Thomas me colocou devagar contra a parede e tocou meu rosto com uma das mãos.

– Eu realmente pensei que fosse um babaca e estava me arrependendo de ter dormido com você.

– É? Pensei que ja tivesse se arrependido no dia em que disse que não foi tão bom assim.

Thomas roçou o nariz no meu.

– Uhum...

– Por acaso foi ruim?

– Morra na curiosidade.

Ele riu e finalmente deixei que me beijasse como eu estava querendo naquela noite. Fiquei na ponta dos pés e puxei um pouco a gola da blusa social para que o loiro ficasse próximo de mim o máximo possível.

O beijo estava ficando tão intenso e quando cheguei a me perguntar se conseguiria para isso Thomas se afastou primeiro.

– Almoça comigo – olhei confusa. – E eu explico o que quer saber.

– Podem ver a gente. E é estranho um aluno e professor almoçando juntos.

– Professores e alunos não podem ser amigos? – ele sorriu. – Amigos íntimos.

– Meu Deus, você não sabe de nada mesmo. – comecei a rir. – Nem parece que é professor.
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Fomos até um restaurante o qual o dono era um amigo dele, assim que entramos um homem alto e de cabelo baixo veio nos receber. Cumprimentou Thomas e eu.

– Essa é Isabella, John.

– Prazer conhecê-la. É bom saber que ele está acompanhado.

Esse homem nos levou até uma das mesas e chamou um garçom para nos atender, assim que fizemos os pedidos e os dois se afastaram, falei:

– Você tem vários amigos, pelo visto.

– Esse é o bom de ser...conhecido. Então, o que quer saber?

– O que você é fora professor?

Ele parecia confuso.

– A sua casa, o seu carro....– esclareci. – Nós dois sabemos que infelizmente professores não ganham tão bem assim.

– Eu também sou empresário, tenho investimentos em qualquer lugar que possa imaginar. Alguns, sou dono.

– Esse restaurante?

– Não, mas o clube que você tava sim.

– Por isso me encontrou. Depois eu sou a perseguidora.

– E eu não vou continuar dando aulas, odeio isso.

– Então você querer me encontrar não tem nada a ver com isso?

– Não, eu simplesmente não fazia ideia.

Bebi um pouco de água e continuei:

– E por que você é tão ranzinza?

– Não sei se você sabe, mas geralmente quando uma mulher joga você pra fora da cama é meio impossível ficar de bom humor.

Eu sabia que estava ficando vermelha por causa disso, a vergonha tomando conta de mim.

– Mas não foi por isso – continuou. – Só tenho meus problemas como toda pessoa.

– E precisava descontar em pessoas que não tem nada a ver com isso?

Ele ficou inquieto e mudou de assunto.

– A marca no seu pescoço, como está?

– Sumindo.

– Ótimo.

– Por que se incomoda tanto com isso?

– Porque se for pra alguém deixar você marcada, quero que seja eu.

– E por que acha que eu o deixaria fazer isso?

– Porque gosta de mim.

– Eu não gosto de ninguém.

– Se não gostasse não estaria aqui.

– Estou aqui porque me importo com você. É diferente.

– Se você acha.

Amor à Segunda VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora