U M: Não acredito

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Minha cabeça ainda estava doendo quando entrei na sala e fui para uma das últimas cadeiras, no fundo da sala. Assim que me sentei apoiei minha cabeça para trás e fechei os olhos para tentar diminuir aquele incômodo. Nunca mais vou em uma festa dessas e Mia está morta se me vier com essas ideias de novo.

Tudo bem, eu só aceitei por ser a despedida de solteira dela.

E não foi tão ruim assim. Conheci um cara que me fez ganhar o mês inteiro, mas que eu fiz o favor de empurrar pra fora da minha cama por causa de um lapso de memória.

Isso é constrangedor demais até pra ficar lembrando.

Levantei a cabeça só quando ouvi uma voz familiar.

– Oi, Joe.

– Parece que alguém teve uma noite bemm animada – ela disse. – Porque agora você parece um zumbi.

– Eu sei. Me arrependo demais por isso.

– Soube do novo professor?

– Novo professor? – retruquei, ainda desnorteada.

– É. Ele vai ficar no lugar do sr. Roberts por algumas semanas – neguei com a cabeça. – Bom, pelo visto ele já andou conquistando as alunas do quarto ano.

– Mal chegou e já quer ser demitido. – brinquei.

Fechei os olhos por mais alguns minutos antes de ouvir o barulho da porta fechando e a voz do tal professor. Achei engraçado o fato de ser familiar.

Assim que ajeitei minha postura e olhei para frente, para ver quem era, fui tomada por uma onda de pânico absoluto, desespero e surpresa ao mesmo tempo.

Não pode ser.

– Sabe o nome dele?? – perguntei a Joe, tentando não demonstrar minha aflição.

– Não, mas acho que ele vai falar agora.

O homem parou com os braços cruzados próximo ao quadro e analisou toda a sala como se quisesse memorizar os rostos e até mesmo estivesse procurando alguém.

Acho que eu vou desmaiar.

– Ele não é novo demais pra ser professor? – olhei para Joe, evitando olhar pro homem de um e noventa vestido perfeitamente bem.

– Até onde eu sei é bom não se enganar com essa carinha dele. Deve ter uns trinta....e dois, talvez.

– Bom dia, classe. Eu me chamo Thomas Hartley e vim substituir o professor de vocês é óbvio, então não quero saber nomes e muito menos quem são.

Ignorante.

Ele se virou e começou escrever algumas coisas no quadro, minha mente estava em qualquer outro lugar, menos nessa sala de aula.

Estava concentrada apenas em tentar reconhecer qualquer que fosse a diferença entre eles, não era possível que fosse a mesma pessoa.

Não podia ser a mesma pessoa.

– Tá tudo bem, Isabella? Você tá pálida.

– Sim...só é a ressaca. Eu preciso ir antes que vomite aqui mesmo.

Peguei minhas coisas e levantei rápido indo em direção a porta. Abri sem mais nem menos e saí, finalmente respirando ar puro.

Andei rápido até meu dormitório como se alguma coisa pudesse me alcançar e assim que entrei fui direto até o quarto da Lou, acordando ela as pressas.

– Meu Deus, Bella, o que foi??

– Aquele cara com quem você dormiu, ele era amigo do meu carinha, não era?

– Acho que sim...por que isso agora?

– Eu só queria lembrar desse detalhe, mas deixa pra lá.

– Me acordou só pra isso? É sério?

– Desculpa, Lou.

– Agora, quero a verdade.

Respirei fundo e falei:

– Eu posso tá errada, e espero está, mas acho que o cara com quem eu dormi é o meu professor substituto. – bufei.

Lou se sentou na cama ainda de boca aberta e segurando o riso como se estivesse esperando eu cair na gargalhada primeiro.

– Ai, meu Deus, é verdade?

– Não sei....eu não lembro direito do rosto dele, tenho alguns lapsos, e quando ele me viu não parecia surpreso, nada.

– Vamos torcer pra esses nomes serem apenas uma coincidência. Tem aula com ele amanhã?

– Sim. A única aula do dia.

– Ótimo. Agora é só ver o que acontece.

– Espero que seja só loucura minha. – falei, ainda esperançosa.

Amor à Segunda VistaOnde histórias criam vida. Descubra agora