Assim que entrei na cafeteria vi Thomas sentado em uma das poltronas enquanto lia algo no celular, mas foi interrompido pela garçonete e em seguida olhou para frente, e me viu.
Caminhei até ele sentindo uma sensação estranha e quando me sentei meio que desapareceu.
– Bom dia, Isabella.
– Bom dia, Thomas.
Pedi um cappuccino e um muffin de frutas vermelhas.
– No que quer ajuda? – perguntou, depois que a mesma garçonete se afastou.
– Por mais que eu queira a sua ajuda pra ler a minha pesquisa, sabemos que isso vai soar estranho.
– Não imagino por que. Então o que está fazendo aqui?
– Vim avisar que vou mudar as aulas até o seu tio voltar.
– O que??
– É melhor assim. Melhor ficar longe de você. – murmurei.
Ele passou a mão no maxilar como se estivesse evitando toda aquela irritação.
– Sinto muito, Thomas. – olhei rapidamente para ele antes de levantar da poltrona.
Eu tinha o dia livre e pelo visto pretendia passar o dia no dormitório, em posição fetal na cama fingindo que o mundo exterior não existe. Lou estava ocupada na biblioteca e depois sairia com o amigo do Thomas de novo, ou seja, ela não dormiria em casa.
Assim que entrei no quarto tranquei a porta e me apoiei nela mesmo, ver a expressão no rosto Thomas me deixou triste. Mais uma vez afastei alguém de mim pelos mesmos motivos.
Vai ser sempre assim.
Vi alguns documentos sobre a mesa de jantar e quando li meu nome soube que eram do meu novo apartamento mais próximo a cidade. Minha mãe tinha me ajudado a comprar e eu me mudaria daqui a alguns dias.
Peguei as cinco correspondências e entrei no meu quarto, me deparando com várias caixas e minha cama me chamando. Deitei do mesmo jeito que estava e fechei meus olhos, odiei o fato de a única coisa a vir na minha mente era o rosto dele.
Depois de muita relutância e briga interna acabei dormindo.
..
.
.
.
Acordei assustada com batidas na porta, o que me fez levantar praticamente correndo. Fui até a porta e ao abrir me deparei com o loiro vestindo um moletom da Universidade e um boné preto. A primeira vista fiquei confusa, mas depois entendi o porquê daquilo.
– O que tá fazendo aqui? Como sabia o meu quarto?
Thomas entrou mesmo sem pedir e acho que eu estava tão surpresa que não me importei com isso o suficiente. Ele tirou o boné e jogou sobre a mesa, finalmente me dando a visão completa do rosto dele.
– Achei que pudesse fazer isso, mas não, Isabella.
– Do que você tá falando?
– Eu não sei do que tem medo, mas gosto o suficiente de você pra não ir embora.
– Thomas, eu...
– Não me interessa sexo ou seja lá o que acha que eu quero, agora só quero saber o que tanto assusta você.
A sensação que ele passou me dizia claramente que eu poderia e até mesmo deveria confiar nele.
Ficamos alguns minutos em silêncio apenas nos olhando enquanto eu processava aquilo, se queria ele aqui.
Claro que queria.
– Quer um café?
– Por favor.
Fui em direção a cozinha e coloquei a água no fogo, preparando o resto em seguida. Thomas sentou em uma das cadeiras da mesa e ficou me observando atentamente.
Aquele foi o silêncio mais constrangedor da minha vida.
Quando ficou pronto servi uma xícara pra ele e outra pra mim, assim que entreguei ao loiro me sentei na cadeira ao lado.
Passei os dedos pela borda da xícara enquanto pensava.
– Thomas, eu gosto de você, mas não acho que realmente queira isso.
– Como pode ter certeza?
– Eu claramente não faço seu tipo e eu sou mais nova que você, tem coisas em mim que não são tão bem resolvidas quanto em uma mulher da sua idade.
Ele riu, se apoiando na mesa.
– Quantos anos acha que eu tenho, Isabella?
– Trinta e dois?
– Errado. Vinte e oito.
Só quatro anos.
– Eu não tenho um tipo – continuou. – E não, não acho que seja mal resolvida.
– O que você tem e precisa saber é que eu já fui extremamente machucada pelas pessoas que mais amei e confiei, então não acho que esse seja o tipo ideal de pessoa pra se relacionar.
– E por isso afasta todo mundo?
– Basicamente – murmurei. – É melhor do que tentar e no final me ferrar....como sempre.
– Exceto o cara que deixou aquela marca em você.
– Ainda nessa?
– Preciso trabalhar isso em mim. Bella, eu não sou igual a seja lá quem você tá comparando. – Thomas tocou a minha mão e eu afastei, levando.
– Acredite, já ouvi isso.
Ele levantou e se aproximou de mim, tocou meu rosto e fez com que eu o olhasse nos olhos.
– Eu sei o que é ser machucado e sei que quem se isola não quer realmente isso.
Juro que senti meus olhos se enchendo de lágrimas.
– Eu não sei que tipo de monstro chegou perto de você, mas confia em mim.
Ele enxugou uma lágrima que escorreu por meu rosto.
– Por que tá fazendo isso por mim?
– Já disse, você desperta algo bom em mim e me afasta de algumas coisas ruins. E gosto de você.
Assenti e o abracei, fazia um tempo que não sentia isso....esse conforto.
Essa segurança.
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Amor à Segunda Vista
ChickLit⚠️18+|| © 2022 Isabella está no último ano da faculdade quando vai pra uma festa com irmã e tem uma noite bastante divertida entre quatro paredes com um rapaz que conheceu no clube. O que a jovem não imaginava é que no dia seguinte teria uma surpre...