Angel who fell into my life

17 - I'm not your little girl anymore

P.O.V'S KAUANA

passei o resto da noite no meu quarto chorando, ouvi alguns gritos no andar de baixo, provavelmente meus pais discutindo. mas nem me levantei da cama pra ver, eu sabia que eu era o motivo da briga.

depois de surtar muito e destruir metade do meu quarto, me deitei na cama e deixei as lágrimas silenciosas saírem, esperava que a dor que estava sentindo saísse com elas, o que não aconteceu.

me sentia destruída, idiota por ter acreditado que podíamos dar certo, me iludi pensando que poderia fazê-la enxergar que nós seríamos boas uma pra outra.

e agora aqui estou, com um coração machucado e rosto inchado de tanto chorar, lembrando dos nossos momentos juntas, das brincadeiras e olhares que trocávamos.

lembrando dos seus beijos e toques que por mínimos que fossem faziam me coração acelerar e ficar aquecido.

e por mais que nós duas não permanecemos juntas, vou guardar essas lembranças comigo, poderíamos ter tido tudo juntas, mas infelizmente o amor não basta, e o fim dói.

ouço passos no corredor e alguém bater na porta, não queria falar com ninguém mas também sei que quem quer que fosse não me deixaria em paz, então só continuei deitada esperando.

- filha sou eu, deixa eu entrar meu amor - ouço a voz da minha mãe do outro lado da porta e suspiro.

passo as palmas das mãos no rosto secando as lágrimas que ainda caiam pelo meu rosto em menor quantidade, me sentei na cama e respirei fundo.

- entra mãe - falo com a voz rouca e vejo a mesma entrar com uma cara preocupada, ela me olha com pena e eu desvio o olhar com vergonha.

- querida eu sinto muito - diz sincera e senta na minha frente me abraçando, devolvo o abraço e aperto o corpo dela contra o meu sentindo a dor voltar, apoio meu rosto no ombro dela e me sinto bem, era isso que eu precisava, um abraço e alguém pra me acolher.

- mãe... eu tô me sentindo horrível - digo entre soluços e começo a chorar freneticamente de novo, molhando a blusa dela com as minhas lágrimas.

- minha filhinha - diz preocupada e faz carinho no meu cabelo. - eu não sei sobre essa relação de vocês, até porque eu nunca tive uma relação com alguém do mesmo sexo, e isso não é algo comum pra mim que sou uma mulher fiel a Deus, mas acima de ser uma fiel, eu sou mãe. e nada no mundo vai me fazer te deixar, não importa o que você queira fazer da sua vida - diz e eu assinto ainda chorando.

- sei que nunca conversamos sobre isso, e eu não sei como foi pra você se descobrir, mas eu tô aqui com você. quando eu sofri minha primeira decepção amorosa, eu não tive ninguém pra me confortar, e eu nunca deixaria você passar por isso sozinha também - fala calma e eu me separo dela pra poder conversamos direito.

- não sei se é isso que você quer pra sua vida, e eu não sou a mãe mais perfeita do mundo e tem coisas que eu não entendo, mas você é minha filha kauana, independentemente da sua sexualidade, eu não sou ninguém pra te julgar e apontar seus erros, prefiro ser sua amiga do que sua inimiga, e no julgamento final eu prefiro ser julgada por ser uma mãe que amou demais os filhos do que a que os apedrejou - fala calma e eu assinto.

- obrigada mãe, muito obrigada por me apoiar - digo e começo a chorar de novo.

- e o pai? - pergunto e ela desvia o olhar do meu, abaixo a cabeça já sabendo bem a resposta.

- de um tempo a ele querida, logo tudo vai se resolver e vai voltar ao normal - diz e eu nego.

- eu não vou mais mentir pra mim mesma mãe, não pra agradar a Deus ou quem quer que seja, quero ser eu mesma - digo e ela assente.