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Dominic

- Gabi, parece que já fez alguns amigos.

Digo chamando sua atenção. Seu olhar já me dizia que ela havia conseguido mais do que amigos, mas um possível esquema também.

- Você me conhece. Quanto mais, melhor.

- Certo. - digo rindo - se despeça dos meninos caso vá me acompanhar no ultrassom.

- Seu marido virá buscar vocês?

Escutar a palavra "marido" foi como tomar uma descarga elétrica, mas de ódio. Ele disse que iria participar de tudo que pudesse, mas logo no primeiro ultrassom ele não estaria lá por conta de uma reunião com um cliente.

- Dominic não é casa..

- Vou chamar um táxi. - corto a fala de Gabi o mais rápido que posso, mas sei que Bruno entendeu a palavra mesmo que não dita por completo.

E mais uma vez, lá estava o olhar de pena que eu tanto detestava receber das pessoas.

- Não precisa de preocupar, faço questão de levar vocês. Somos amigos agora, tecnicamente. Não somos?

Seu sorriso me deixou com as pernas trêmulas, o homem era um pecado de tão bonito. Que mau faria, afinal? Eu não podia dirigir, então comprar um carro a essa altura não estava nos meus planos, o que limitava minhas opções.

- Não quero incomodar você, Bruno. Está com seus amigos e..

- Tenho certeza que eles não vão se importar. - me interrompe com um sorriso sacana no rosto, os meninos concordam com a ideia e logo estamos entrando em sua BMW.

• • •

- Obrigada, de verdade. Não precisava se preocupar com isso. - É a única coisa que digo desde que entramos no carro a uns 15 minutos.

Gabi desce do carro após uma breve despedida e entendo ser uma tentativa para deixar eu e Bruno a sós.

Ela sabia que ele era exatamente o meu número, pilantra.

- Imagina, Dominic. Como eu te falei, não me deu trabalho algum, além de ter sido ótimo ter a sua companhia por mais alguns minutos.

Meus olhos são guiados quase que imediatamente a ele.

Não me sentia tão atraente como antigamente nesses últimos dias. Estava um pouco mais inchada e algumas manchinhas resolveram aparecer em meu rosto devido a quantidade de hormônios. Nada muito evidente, mas estavam lá.

Em resumo, não pensei que seria capaz de chamar a atenção de outra pessoa.

- O que foi? Eu falei algo errado? Se te chateei, peço desculpas.

Seu semblante mostra que ele não estava fingindo e que realmente estava preocupado com a possibilidade de ter me magoado de alguma maneira.

Sorrindo do jeito mais doce que consigo, respondo:

- Não, de jeito nenhum. Só não imaginei que.. bem, você deve saber.

- Que não me sentiria atraído por você? - assinto - E por que não? Você é maravilhosa! Seus olhos, seu rosto, seu cabelo, seu corpo, além das tatuagens que te deixou a mãe mais linda que eu já vi na vida.

Meus olhos, sem causa alguma, se enchem de lágrimas e eu desvio o olhar com vergonha.

Essa gravidez me deixou muito mais sensível do que antes e ouvir isso de alguém, sendo que até dois minutos atrás eu estava me sentindo um trapo, foi um baque e tanto.

- Me desculpa, eu ando bem sensível esses últimos dias. - ele ri e eu acompanho enquanto seco as duas lágrimas que escorreram - Muito obrigada, Bruno. Significa muito pra mim ouvir isso nesse momento.

Ele está sorrindo com os olhos nesse momento e eu derreto por dentro sem saber, pela primeira vez, como reagir perto de um homem.

- Fico feliz em saber. - seus olhos vão em direção a janela do carro e logo se voltam para mim - Bem, sua amiga está com cara de quem vai abrir a porta do carro a qualquer momento e te levar a força para o ultrassom, então não quero tomar o seu tempo.

- Ãn.. certo! Obrigada mais uma vez, Gabi realmente não é muito paciente.

Ele ri e se inclina em minha direção para me cumprimentar, mas com um pequeno surto de coragem repentina eu viro seu rosto com as mãos e o beijo.

Nos primeiros segundos ele fica estático pela surpresa, mas logo agarra meu cabelo pela nuca e me puxa para perto.

O beijo é indescritível. Seus lábios cheios envolvem os meus, seu perfume absorve meus sentidos com força e a forma como ele chupa minha língua vez ou outra me faz ter arrepios pelo corpo inteiro.

Quando nós afastamos em meio a selinhos, ele segura meu rosto entre as mãos com cuidado, como se eu fosse uma boneca de porcelana e diz com tom risonho:

- Eu realmente gostaria de saber quando descobrir se será um garotão ou uma princesa. Tudo bem pra você? Fiquei bem curioso.

Confirmo com um aceno e ele me puxa mais uma vez depositando um selinho mais longo.

- Se precisar, sabe onde me encontrar.

- Claro. Tchau, Bruno. Toma cuidado na volta.

  É tudo o que consigo raciocinar para falar naquele momento. Ele concorda e eu desço do carro sem olhar para trás com medo de voltar e o agarrar mais uma vez.

Quando o carro se afasta Gabi me pega pelo braço e depois de cruzar com o meu chega mais perto e sussurra:

- Me diz que esse sorriso é de quem acabou de pegar um gostoso com G grandão.

- Pode se dizer que sim.

Minha amiga - maluca como é - dá um gritinho e me abraça como se estivéssemos comemorando um gol da copa.

- Aí. Meu. Deus! - diz pausadamente - você nunca me decepciona.

Por alguns instantes a dúvida me surge e decido perguntar.

- Como sabia que ele corresponderia? Quer dizer, você me deixou sozinha no carro com o cara sendo que eu não havia dito nada sobre estar interessada e nem ele.

- Amiga, às vezes acho que você se faz de cega. A tensão entre vocês rolou desde que chegamos no Stúdio. Era ÓBVIO que ele queria tanto quanto você.

E eu poderia negar? Claro que não.

Não estava nos meus planos, isso não é novidade, mas a atração foi mais forte de repente e eu não negaria nem se quisesse. Arrependimento não existia se tratando do que acabou de acontecer.

Lucifer.Onde histórias criam vida. Descubra agora