16|

1.1K 99 20
                                    

 Dominic

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Dominic

- Como se sente, mamãe?

A doutora Jéssica me pergunta com uma expressão gentil, enquanto preparava os equipamentos para a ultrassom.

- Estou bem ansiosa, na verdade. Mesmo sabendo que amarei ele ou ela igualmente, adoraria começar a comprar as roupinhas e organizar um quarto.

Ela sorri e assente, me compreendendo.

- Sei bem como é isso. Meus três filhos me fizeram ter essa mesma sensação, mas por sorte, se mostraram direitinho quando chegou o momento de saber o sexo.

- Espero ter a mesma sorte, doutora.

Rindo, ela me entrega uma camisola e me direciona até um quartinho em um canto da sala. Me visto rapidamente e logo saio indo em direção a maca.

- Doutora, acha que já é possível ver bem o que será? - Gabi pergunta e eu ergo meus olhos para encara-lá - Vai que somos troladas e na hora do parto acabamos descobrindo que é o oposto?

O pensamento me fez ficar presa a idéia, não era impossível isso acontecer, aliás era bem comum. Por sorte, Jéssica nos acalma quando diz:

- Não se preocupem, vamos marcar algumas sessões a mais para garantir.

Respirando aliviada, me deito com cuidado e sinto quando sua mão desfaz um dos nós da camisola hospitalar, puxando para o lado esquerdo exibindo meu abdômen. Um pequeno pano é posto sobre as minhas partes íntimas e logo um gel morno é espalhado.

- Nosso gel é mantido sobre uma pequena fonte de calor, sabemos o quanto é ruim ele frio, ainda mais em contato com o vento do ar-condicionado.

Assinto, feliz com o ser humano que levou as pessoas que passam por esse exame em consideração.

Era algo que já estava temendo, apesar de não ser um bicho de sete cabeças.

- Está pronta? - Gabi pergunta após agarrar uma das minhas mãos, que já soava de nervosismo.

- Estou sim.

Meu sorriso era capaz de rasgar meu rosto, as borboletas no meu estômago me faziam estremecer de tanta ansiedade, mas estava feliz e pronta para descobrir.

Respirei fundo encarando a tela que ainda não mostrava nada, e antes que a doutora alcança-se minha barriga com o aparelho, a porta foi aberta após duas batidas leves.

- Desculpe o atraso, doutora Jéssica. Vim o mais rápido que pude.

Richard estava parado lá, observando a nós três enquanto respirava ofegante.

Alguns fios caiam sobre sua testa e pude ver uma fina camada de suor a cobrindo. O terno impecável em um tom de azul marinho cobria seu corpo e ele parecia duas vezes maior contra aquela porta tão estreita.

Seus olhos fixaram em mim e ele não esperou um convite ou resposta da doutora antes de adentrar a sala e caminhar até uma cadeira posta ao meu lado.

- Sem problemas, Senhor Versace. Ainda não havia dado início, chegou bem a tempo.

  O sorriso que ela direcionou ao mesmo não continha segundas intenções - como estava acostumada a ver vindo de outras mulheres à nossa volta - mas sim materno, mesmo sendo uma mulher jovem, provavelmente no auge de seus 40 anos de idade.

- Já estava perto quando recebi o e-mail de confirmação de presença, por sorte.

Eu estava em silêncio, assim como Gabriella, apenas observando a interação entre eles.

Não me senti no direito de interromper a conversa, eles eram amigos a muito tempo e sei que o pai dela foi o responsável pelo parto de Richard a 33 anos atrás. Me sentia como uma intrusa, mas o aperto que recebi de Gabi em minha mão me fez relaxar ao ver que não estava sozinha com eles - mesmo me sentindo bem e confortável na presença da doutora.

- Oi, Dominic. Como se sente?

Sua voz corta o ar contra meu pescoço, me assustando um pouco por tamanha proximidade de repente.

Ele já havia sentado e havia puxado a cadeira um pouco mais para perto de onde eu estava.

- Oi.. - prendo a respiração por uma breve fração de segundos quando encaro seu rosto e encontro os olhos verdes que parecem me ler por completo - Estou bem, só com um pequeno frio na barriga.

Ele abre um pequeno e singelo sorriso enquanto ergue o braço e segue até a minha mão direita, envolvendo seus longos dedos em volta da minha mão, me passando conforto.

- Eu sei.

Franzo minhas sobrancelhas em resposta de forma automática e não consigo segurar a língua antes de dizer:

- Sabe?

- Sim, sei sim. Porquê estive com a mesma sensação me consumindo o dia inteiro.

Gabriella suspira baixinho ao meu lado e eu sinto vontade de belisca-la para que se lembrasse do que já havia acontecido até aquele momento chegar.

Eu nunca me esqueceria das palavras que ouvi da minha mãe e dele quando cheguei com a notícia, mesmo que ele se tornasse o pai do ano para essa criança.

O sentimento de mágoa me corria e eu não era capaz de evitar ou contornar. Havia criado morada no meu coração e na minha cabeça, não tinha forças para mudar aquilo.

Engolindo o nó que se formou na minha garganta, desviei os olhos e acenei para a doutora que desse continuidade com o ultrassom.

Ela rapidamente se prontificou e veio com o aparelho até mim. Mexeu em alguns botões e em poucos segundos um som alto e forte tomou conta dos aparelhos sonoros da sala.

Eu nunca, em toda a minha vida, senti algo como aquilo.

Meu coração estava quentinho e me senti, pela primeira vez, uma mulher completa.

Minhas mãos tremiam e senti minha pulsação acelerar um pouco devido a adrenalina e emoção que tomou conta de mim.

Ergui meus olhos encontrando Gabi com um sorriso bobo e totalmente em transe com o som. Ela, com certeza, seria uma excelente madrinha para o meu bebê.

Minha mão direita passou a receber um leve carinho e quando virei minha cabeça em direção ao responsável, encontrei Richard em lágrimas.

Uma descia na sequência da outra, enquanto ele permanecia com a boca levemente entre aberta e os olhos fixos no monitor. Em contato com essa cena, não percebi que eu também estava em lágrimas e que meu peito tremia devido ao soluço silencioso.

- É o nosso bebê, Dominic. Nosso pacotinho.

Meus lábios tremiam e vendo que eu não tinha condições para me pronunciar, ele se ergue levemente na cadeira, deposita um beijo na minha bochecha e encosta nossas testas enquanto pressionava os olhos fechados, deixando mais lágrimas saírem livremente por seu rosto bonito.

• • •

O que acham que será? Boy ou Girl? Façam suas apostas! ♥️

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Apr 14, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Lucifer.Onde histórias criam vida. Descubra agora