Lucifer.

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Todo o tempo
Meu amor, você está na minha cabeça
E eu não sei o porquê
Sim, mas o sentimento é bom
Você não pode ver
Querida, você é para mim
Estava destinado a acontecer..

Dominic

O quão ridículo e patético poderia ser a cena a qual me submetia naquele momento?

O copo com coca-cola extremamente gelada era o que meus olhos fitavam como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Meu braço esquerdo abraçava Snoop como se ele fosse meu herói e minha cabeça apoiada na dele faziam com que a situação se tornasse ainda mais constrangedora.

Mas vocês estão ligando? Nem eu.

O Barman me olhava com pena e uma pequena pitada de divertimento quando me viu olhar para Snoop e perguntar com grande pesar.

- Você acha que eu sou tão ruim assim, cara?

Óbvio que não obtive respostas e isso me deixou ainda mais frustrada! A situação era crítica.

  Para piorar, o bar estava lotado. Procurei por muitos lugares, mas em São Paulo não existe lugar tranquilo para se afogar as lágrimas com refrigerante em companhia de seu urso de pelúcia, ainda mais em um sábado à noite.

Meus olhos ficavam cheios de água a cada vez que revivia aqueles momentos em câmera lenta. Era uma bad fodida, mas eu precisava colocar tudo para fora e seguir minha vida sem lamentações extra.

Precisava tirar o peso da culpa e entender que sempre estive sozinha em todos esses anos e sobrevivi. Não seria hoje a causa da minha morte.

Meu celular vibrou e pensei muitas vezes antes de recusar a ligação do número desconhecido, mas naquele instante até a moça da Net oferecendo pacotes seria uma companhia e tanto pra mim.

- Quem incomoda?

Meu tom era entediado, mas a pessoa do outro lado não se afetou pelo meu humor.

- Que recepção calorosa, estou realmente surpreso com seu ânimo em um sábado à noite.

- O que quer, Richard?

- Boa noite pra você também, estou ótimo já que insiste em saber.. - meu silêncio fez com que ele soltasse a respiração e prosseguisse - Você sabia que eu ligaria, não é verdade?

- Sim, minha intuição nunca erra.

Bati minhas unhas contra o copo em forma de descontar minha ansiedade. Parece que minha noite teria mais novidades do que o programado.

- Errou quando entrou no meu caminho, mas de qualquer forma vou te consultar mais vezes quando precisar tomar alguma decisão.

Seu tom divertido me tirou um pequeno sorriso, quase imperceptível. Era bom pensar em algo que não fosse minha mãe e todo o fracasso que me rondava naquele instante.

- Não estou a sua disposição, mas agradeço a pitada de confiança.

Ele ri e com isso deixa meus pelos do braço completamente arrepiados. O cara não valia nada, mas que era extremamente gostoso em todos os aspectos, ele era.

- Contando com a imagem que vejo você deve estar desocupada para me ajudar agora. Ou tem compromissos com cachorros de pelúcia?

Fecho meus olhos engolindo a vergonha de ser vista assim e só então sinto sua presença próxima.

- Você está atrás de mim, não está?

- Pensei que não fosse perguntar.

Retiro o celular da orelha com calma e o apoio na mesa. Olhar ou não olhar? A vergonha já me engolia de qualquer forma mesmo.