16: Please, Please, Please, Let Me Get What I Want

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ANDREW

Olhei para minha mão — meio atordoado por ter acordado cedo — e encarei a faixa me lembrando dos acontecimentos que me fizeram chegar àquele ponto. Me senti desconfortável de ter explodido daquela forma na frente de alguém. Na frente de Neil. E como se não bastasse, me lembrei de ter deixado levar e me acalmado quando ele cantou, dele de toalha, dele vestindo minhas roupas e me senti mais estranho ainda.

Sacudi a cabeça para me livrar dos pensamentos.

— Bom dia, raio de sol — disse Aaron encostado na porta com um sorriso no rosto, uma xícara de café em uma das mãos e seu kit médico na outra.

Urgh — grunhi em resposta.

Ah, o doce bom humor matinal — Aaron disse em tom sarcástico em seguida se sentando na cama e me entregando o café. Ele colocou o kit de lado. — Mão.

Fiz uma careta e estendi a mão para ele enquanto me sentava. Aaron desenfaixou minha mão e analisou o corte.

— Neil fez uma ótima sutura. Talvez nem fique cicatriz — sua voz era impressionada. Aaron pegou algo da maleta e passou sobre o corte. — Aonde ele aprendeu a fazer isso? Achei que ele estava no curso de fotografia — ele voltou a enrolar minha mão em outra faixa.

Não respondi apenas mudei de assunto. Aaron não sabia o que tinha acontecido com Bee, então expliquei. Seu rosto era todo preocupação e medo. Também contei sobre o carro e como ganhei o corte, seu rosto ganhou várias expressões, choque, tristeza, decepção, empatia.

— Então você fez Neil mentir sobre seu corte? — ele tentou, mas sua voz estava desanimada. — Sinto muito pelo carro, Andy.

Dei de ombros.

— Ele mentiu porque queria que eu te contasse a versão real.

Aaron sorriu de canto.

— Que atencioso ele é — Aaron disse, com a voz melosa —, te acompanha até o hospital, cuida de você quando você está tendo um acesso de raiva, te costura quando você é descuidado o bastante pra se rasgar, e melhor ainda — ele falou com um sorriso divertido no rosto —, te prepara chocolate quente quando você está triste e te faz dormir — Aaron fez um biquinho. — Um ótimo namorado! Já se beijaram? Quando vão oficializar?

— Como você sabe que... Beijo? Oficializar? — eu ainda não estava totalmente acordado.

Ele gesticulou com a mão como se não fosse importante.

— Ele me perguntou o que fazer para te animar e encontrei com ele na porta antes dele sair, quando vim aqui te ver você parecia um anjinho dormindo tranquilamente — ele disse, respondendo minha pergunta não finalizada. — Sim, aquilo que você faz quando gosta de alguém daí vocês juntam os labi...

— Eu sei o que beijo é — o cortei mas ele ainda sorria. — Não, não nos beijamos. Feliz?

Aaron franziu o cenho.

— Deve ser por isso que não oficializaram o namoro ainda, não teve nem uma bitoca — ele fingiu estar desapontado balançando a cabeça.

— Ah, certo. Vaza — Comecei a empurrar Aaron com os pés. — Anda, anda, anda. Vaza.

Aaron ria enquanto andava para fora do quarto e parou antes de sair, seu rosto estava sério e apreensivo.

— Andy, você quer falar sobre Bee ou sobre o carro?

Considerei por um momento e desci o olhar para xícara vazia na minha mão. Falar — desabafar — não era fácil para mim, na maioria das vezes eu evitava e uma pessoa por semana me vendo surtar já era demais.

The Devil and The Deep Blue Sea (completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora