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Lalisa

- Aonde você estava, Lalisa?

- Fui resolver algumas coisas, nada demais.

- Você? Indo resolver alguma coisa? Para de mentir, você não sabe fazer quase nada sozinha.

- Chaeyoung, limites - murmurei me sentando no sofá. sabendo que ela não largaria do meu pé tão cedo por conta desse "resolver algumas coisas", e também sabia que quando contasse que fui atrás de Jennie, ela surtaria, como sempre surtou.

- Aonde você estava, Lalisa, e essa é a última vez que eu pergunto.

- Fui conversar com a Jennie.

- VOCÊ O QUE? - fiz uma careta quando o seu grito preencheu o apartamento - VOCÊ É LOUCA CARALHO?!

- Uma hora ou outra iriámos fazer isso, Chaeyoung, não começa com o seu surto pelo amor de Deus.

A mulher me olhou, por longos minutos, então eu comecei a me preparar para as séries de xingamentos que ela jogaria em cima de mim como sempre fez, mas isso não aconteceu, apenas o silêncio reinou dentro daquele apartamento, a olhei, com dúvida.

- Quer saber, Lisa - ela respirou pesadamente, cansada e derrotada - Faz o que você quiser, um dia quem sabe você tenha maturidade o suficiente para me ouvir. Boa sorte com os seus filhos, Jennie e Zach. Eu desisto de você.

Abri a boca para responder mas não tive resposta para aquilo, pela primeira vez algo em relação a Chaeyoung, havia me deixado.. não magoada mas.. com uma sensação estranha sobre as suas palavras tão simples, mas com tamanho significado. Foi ridículo a forma que fiquei olhando para o corredor quando ela entrou em seu quarto, e foi idiota a forma que me senti sozinha pela primeira vez durante tantos anos.

Tomei um banho e não percebi quando dormi naquela noite, planejando ir até a casa de Jennie no dia seguinte, tentar ter uma conversa civilizada com aquela mulher, o que seria difícil, a conhecendo, Jennie nunca foi uma pessoa de querer conversar, pra ela, apenas a sua palavra estava certa, o seu veredito era o final e eu tinha que aceitar mesmo contragosto, sempre foi assim dês que começamos algo entre nós. Ela sabia me manipular, ela sabia usar coisas para me prender contra ela, mau me deixava respirar em alguns momentos.

Jennie era aquele tipo de menina - quando eu a conheci - que com um estalo do dedos te fazia cair sobre os seus pés, e quando você percebia que ela não era flor que se cheire e tentava sair de perto, ela jogava sujo, de uma forma "limpa", era assim que ela era. O "não" em seu vocabulário não existia, nunca existiu, e era uma péssima ideia repreendê-la. Eu me lembro de uma discussão que tivemos, o motivo eu não me lembro ao certo, mas por conta disso, Jennie conseguiu jogar um copo em minha direção, e só não me acertou porque eu me abaixei no mesmo segundo.

Ela adorava criar momentos tensos entre a gente, ela adorava me fazer ciúmes de propósito, pois sabia que eu teria um ataque, eu era, sou, ciumenta, e isso é algo além de mim, ela sabia, sabe, disso, e fazia de propósito, para depois sair como a vítima da história, fazendo todos ficarem contra mim.

Igual estão agora.

É tão fácil julgar alguém quando se tem só um ponto de vista, não é? É tão fácil falar, "uau como você é uma péssima mãe" sem saber um terço da história real.

Sempre será assim, Jennie a mocinha coitadinha, e Lalisa, a sem amor. Eu já me acostumei com isso de verdade, e não tento mais mostrar o meu ponto de vista para ninguém, já que a certa, sempre será a Jennie.

Quando acordei, lavei meu rosto e escovei meu dente, me troquei e pensei, seria melhor fazer aquilo quando Laila e Lohan estivessem na escola, os poupando de uma conversa confusa, Jennie contaria a verdade para eles cedo ou tarde, e eu tinha que contar com aquilo para começar a mover o pedido de guarda. Chaeyoung não conversou comigo naquela manhã e eu também não tentei puxar assunto sobre o que faria naquele dia.

Esperei um pouco, o que pareceu uma eternidade até as uma, e quando deu esse horário, peguei a chave do carro e segui até a mansão dos Kim Baker's. Era fácil achar informações sobre eles, já que eram tão famosos assim. Nunca amei tanto a fama.

Olhei para a garagem, havia um carro, e eu sabia que era o de Jennie, a vi entrando nesse carro no dia anterior então significava que ela estava em casa. Andei até a luxuosa entrada e toquei a campainha, meu coração acelerou quando passos dentro da casa se fizeram presentes, e quando ela abriu a porta, pude vê-la tremer dos pés a cabeça.

- Você de novo. Pensei que tivesse sido clara ontem, sobre se você aparecesse na minha frente novamente, não seria tão paciente assim.

- Te dei um tempo ontem, Jennie, você jogou tudo na minha cara e eu não te interrompi, agora é a minha vez, seja uma mulher adulta e me escute - ela riu em descrença - É, eu ainda odeio o seu sarcasmo e a sua ironia, elas nunca mudaram, não é?

- Pelo jeito a sua tentativa de conversa continua a mesma, sempre tentando parecer que a vítima da história é você, não é?

- Ah não, não, isso eu deixo pra você, já que sempre fez isso, estou errada? Posso listar o tanto de vezes em que você estava errada, mas fez de tudo para sair com a frase final, e quando não conseguia, ia chorar para os outros, dizendo que eu era uma péssima pessoa, uma péssima mãe, sendo que você sabe que a história não é bem essa - Jennie ficou calada, ainda me encarando ferozmente - Eu fui uma péssima mãe, não é, Jennie? Eu corri com a Laila nos braços debaixo da chuva até o hospital porque ela teve um ataque de diabetes, você tinha sumido com a porra do carro porque estava tendo mais um dos seus chiliques, a sua filha estava quase morrendo e aonde você estava? Sim, estava se vitimizando para Jisoo, dizendo que eu estava sendo uma idiota com você e com Laila. Que engraçado, essas partes você não conta, não é? E tem muito mais da onde saiu essa.

- Cala a sua boca! Quem você acha que é pra me dar lição de moral enquanto sumiu por treze anos!

- E na porra desses treze anos eu não liguei todos os dias?! Eu não implorei pra falar com Laila ou com Lohan nesses treze anos, Jennie?! Conta a porra dessa história direito!

- O que você quer aqui?

- Eu quero ver os meus filhos, coisa que você não me deixou fazer por treze anos! Você sabe que eu tenho o direito, Jennie.

- Laila e Lohan mau conhecem você.

- Por culpa de quem?

- Sua. Por ter ido embora.

- E por que eu fui embora, Jennie? Você sabe o motivo.

- Você foi embora porque não tem responsabilidade, você sabe que eu estou certa - eu ri e neguei.

- Mais uma vez tentando sair como a certa, você realmente não mudou nada. Eu só quero que Laila e Lohan saibam que o seu namoradinho de merda não é o pai deles, e que eu, sou a verdadeira mãe. É muito difícil fazer isso, Jennie?

- O.. que?

Nós olhamos para trás, vendo Laila saindo da área da piscina, com a testa franzida, olhando para Jennie e depois para mim, com a boca entreaberta em choque.

- Laila.. não é isso..

- Pare de mentir pra ela! - a cortei - Oi, Laila, surpresa? Foi isso que você ouviu, Zachry não é seu pai, nunca foi. Prazer, eu sou Lalisa, a sua mãe biológica, sim você veio de mim, e esse tempo todo, Jennie e Zachry mentiram pra você e pro seu irmão.

Falei de uma vez, quando mais rápido se arranca um curativo, mais rápido a ardência passa, e Laila teria que aprender isso, mais cedo ou mais tarde.

Mas o que eu não parei para pensar foi que.. talvez tenha sido cedo demais para ela. E pra mim.

All these years (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora