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- Pode entrar - autorizei assim que escutei três batidas na porta, levantei os olhos quando vi dois copos de café, em mãos familiares, e ri quando Lalisa colocou apenas a sua cabeça a vista, dando um sorriso sugestivo.

- Pelo o que eu me lembro, café com leite com essência de baunilha era o seu favorito quando você tinha quatorze anos, mas como eu sei que você enjoa de tudo muito fácil, trouxe um cappuccino de chocolate amargo, que também era o seu favorito.

- Eu fico com o café com leite - ela sorriu, entrou e encostou a porta, esticando a mão para que eu pegasse o copo descartável - O que faz aqui?

- Eu estava por perto, decidi trazer a paz em formato de café, afinal, temos que ter uma relação saudável.

- Você está certa, acho que já descontei em você o que precisava, não faz diferença.

- Não faz diferença o seu sentimento, ou me ter por perto?

- Vamos ser sinceras, você esteve longe tempo o suficiente para que qualquer coisa dentro de mim que ainda buscava por você morresse. E morreu.

- Eu deveria ficar feliz por isso?

- Responda a sua própria pergunta, afinal quem foi embora foi você, não eu.

- Então não, eu não fico feliz por isso.

Me encostei na mesa e continuei bebericando o meu café com leite, fingindo que a sua presença ali não mexia comigo, por mais que ainda mexesse, de alguma forma poderia mexer, ainda estava tentando saber como, e eu tinha certeza que no momento que eu descobrisse, me arrependeria brutalmente sobre permitir aquela pequena brecha de aproximação. De fato, erámos adultas agora, tínhamos mentes mais abertas, maturidade o suficiente para saber que viver em um pé de guerra agora não era o melhor para os nossos filhos, tentar ao menos fazer uma imagem boa e saudável de nós duas era o melhor pra Laila e Lohan, ela sabia disso.

Mas ainda sim, respirar ao seu lado.. era quase impossível..

- Por que você voltou? - soltei de uma vez, ela me encarou novamente.

- Porque eu estou limpa agora. E eu falei que voltaria quando estivesse limpa.

- E demorou treze anos pra você ficar limpa?

- Cinco anos - respondeu, seus olhos se abaixando - Os outros oito anos foi eu tentando.. você sabe.. criar resistência.

- Não a criou nos primeiros cinco anos? - negou.

- Eu tinha recaídas o tempo inteiro e digamos que.. o meu pai não ajudou muito sobre as minhas recaídas, ele me incentivava a.. aquilo.

- Eu.. sinto muito..

- Tudo bem, já acabou de alguma forma.

- Você está bem e viva, acho que é isso que importa.

- Talvez importe - deu de ombros, eu fiz uma careta.

- É claro que importa, Lalisa, você continua não se importando com você mesma, não é? Pensei que havia melhorado isso em você.

- Não é algo tão fácil, mas quem sabe um dia.

- Você ainda tem problemas.. - suspirei, não escondendo a chateação em minha voz, eu a queria bem.. mesmo não estando mais com ela, eu a queria bem..

- Você ainda me ama.

- Não.

- Não?

- Por que eu ainda amaria você?

- Me mande embora então. Me mande de volta para a Europa e me peça para nunca mais te procurar, igual a primeira vez que nos vimos depois da minha volta, seja dura comigo, me machuque com as suas palavras e com as suas manipulações, faça isso se não me ama mais, Jennie - a cada palavra que ela dava, o seu corpo se aproximava cada vez mais do meu, me deixando sem escolha para fugir, e não que eu quisesse, eu não queria ir para lugar nenhum, mas nervosa o suficiente para fazer o meu coração bater fortemente.

All these years (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora