All these years (Jenlisa G!P)

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Jennie

"Eu sei que.. essa é a pior forma para te dizer adeus, eu sei que já está cansada de ver pessoas saindo da da sua vida sem um aviso prévio, mas peço que entenda.. te dar adeus, olhando em seus olhos, arrancaria uma parte de mim, que eu não saberia viver sem. Eu sei.. que fui covarde o suficiente, por não me despedir dos nossos filhotes, mas eu fui atrás da sua felicidade, e atrás de quem você realmente quer, e talvez isso, possa fazê-los entender que eu não sou uma pessoa ruim, e sim.. só alguém que ama a família mais do que tudo.

Obrigado, acima de tudo, por aparecer, por me dar os dois seres mais iluminados do mundo, no meu mundo, por me deixar cuidar de vocês como um homem de verdade, como um pai honesto de família, vocês sempre, sempre serão a minha família, não importa o que aconteça, sempre estarei por perto caso precise.

Ensine Laila e Lohan a amar Lalisa, e a olhar da forma tão admiradora na qual você a olha, os ensine sobre amor, e sobre o perdão, para que um dia, eles possam me perdoar também.

Eu vou amar vocês, para todo, todo o sempre, e nada, e nem ninguém mudará isso.

Agora, patroa, seja feliz de verdade e por favor.. não minta mais para você mesma, corra atrás de quem te faz sorrir, e não importe o que aconteceu antes, apenas olhe para frente, para a sua felicidade, apenas isso, está bem?

Eu te amo para todo o sempre, com amor.

O seu Zachary bobão."

O papel ficou molhado e as letras começaram a ficar ilegíveis assim que as lágrimas escorreram por meu rosto, caindo e caindo conforme o soluço era deixado. Eu sabia que aquilo era o certo, mas por que o certo machucava tanto?

Como eu explicaria cada parte a Laila e a Lohan? Como eu falaria que o meu amor sempre foi Lalisa e nunca Zachary? Era tão fácil pensar, falar sozinha aquela frase, mas olhar para eles, e dizer aquelas palavras, seria cortante, agonizante, apavorante.

- Mãe, o papai ainda não.. mãe? Você está bem? - Laila perguntou, preocupada, descendo as escadas correndo em minha direção - O que aconteceu?! Por que a senhora está chorando tanto assim?

O papel em minhas mãos tremia, pela a falta de força em meus dedos, e isso, chamou a atenção da menina, que o pegou com cuidado, eu a ouvia sussurrar cada palavra, e a cada palavra, sua voz ia ficando mais e mais baixa, funda, sem força, a sua respiração começava a aumentar, ficando fora do compasso por alguns segundos, antes de se levantar em um pulo, os olhos cheios, banhados em uma cortina de lágrimas crescentes, o rosto vermelho, tentando se controlar cada vez mais.

- O que é isso? - ela perguntou, a voz saindo atropelada e engasgada, assim que levantou o papel - O que é isso?! Como assim o papai foi embora?! COMO ASSIM A SUA FELICIDADE É A LALISA?!

- Laila..

- VOCÊ ESTAVA TENDO UM CASO COM ELA?!

- O que foi? Por que você está gritando? Por que a mamãe está chorando? - sem desviar os olhos dos meus, Laila entregou a carta para Lohan, que leu, e assim que terminou, olhou para a sua irmã mais velha e depois para mim.

- O papai foi embora, por culpa da Lisa! - Laila murmurou, amassando o papel em suas mãos - NÃO ERA SÓ A DROGA DE UMA RELAÇÃO ENTRE DUAS MULHERES SEPARADAS?!

- Não fale assim, Laila! - Lohan pediu, se sentando ao meu lado, a mão pequena se apoiando em minhas costas enquanto a outra segurava o meu braço - Você não irá conseguir entender nada se continuar assim, nervosa.

- Você que não está entendendo, Lohan! Eu vou explicar pra você. A treze anos, uma mulher foi embora, deixando para trás a namorada e os filhos, a treze anos um homem de boa índole, abrigou essa mulher e os dois filhos, como parte dele, cuidando como um verdadeiro pai de família, fazendo coisas na qual quem deveria fazer, fugiu. Construindo uma família, um amor paterno, materno, sincero. A dois meses, o ser que fugiu, voltou, como dona da porra toda, e agora esse ser, que voltou, fez o nosso pai ir embora! VOCÊ CONSEGUE ENTENDER AGORA, LOHAN?!

- Ele foi embora para que a mamãe Jen possa ser feliz com a mamãe Lisa!

- CALA A BOCA! PARA DE CHAMAR AQUELA MULHER DE MÃE! ELA SÓ ATRAPALHOU A NOSSA VIDA! DES DO COMEÇO! E você - olhou para mim, que incapaz de responder, apenas a olhei de volta - Não se faça de vítima caso a sua "felicidade" te abandone, porque se ela fez um vez, ela pode fazer duas. Além do mais, que casal lindo, uma mentirosa que não sabe cuidar da própria família, com uma drogada que fugiu atrás de mais drogas, ah, óbvio, e o filho que não passa de um feto, que não soube nem se desenvolver sozinho. Como essa família é linda! Como é linda!

- Não.. não liga pra ela, mamãe.. não liga pra ela.. - Lohan pediu quando afundei o rosto entre as minhas mãos, desabando em um mundo de avalanches raivosas, palavras e verdades rebatidas. O pequeno soluçou também, me abraçando, pedindo para que eu não chorasse, mas a cada soluço que ele dava, eu me quebrava em mil pedaços, sentindo tanto, ao mesmo tempo, não sentindo nada..

Senti ele se afastar, mas estava tão presa em um loop constante de culpa, e mais culpa que não estava escutando envolta, não estava olhando envolta, eu estava afundando, sem mãos, sem ajuda ou cordas para que eu me agarrasse de alguma forma. O medo, finalmente o medo que eu tinha de cair, estava se tornando real, pois eu estava caindo, caindo e indo cada vez mais para o fundo, em questões de milésimos, eu poderia ser apenas mais um átomo no meio do vasto universo. E era isso que estava acontecendo.

Tudo, por não ser sincera comigo mesma.

Assim que toquei no fundo, senti como se algo me puxasse, me trouxesse a superfície, me trouxesse a vida, ao real estado, ao mundo, a luz, isso eu sentia, conforme alguém, me envolvia em seu abraço. Meus olhos se abriram,  focaram, por mais que tenham demorado para fazer isso, mas focaram em uma pele pálida, em braços finos, mas fortes o suficientes para me trazer de volta.

O soluço ficou preso em minha garganta quando levantei a cabeça e encontrei o par de olhos castanhos cinzas, sempre pendendo mais para o verde, me encarando de volta, parecia chorosos, pedindo desculpas por tudo.

Meu corpo não reagiu nos primeiros três segundos, mas depois de perceber que não estava delirando por conta de uma dor que eu ainda não conhecia, me atirei em seu colo, gritando contra o seu peito por alívio, por proteção, por amor, por ajuda, para que ela me tirasse do fundo, pois eu sentia que afundaria a qualquer segundo, eu faria isso, eu sentia isso.

- Eu estou aqui.. eu estou aqui..

- Por favor.. - sussurrei, apertando meus dedos no tecido da sua camisa, sem ar, sem um pingo de ar - Por favor.. não me deixe afundar.. por favor..

- Eu estou aqui.. não vou te deixar afundar.. eu estou aqui, meu amor..  nós iremos arrumar tudo isso, eu prometo que iremos arrumar tudo isso.. da forma certa, da forma que sempre deveria ser, precisamos fazer isso..

- Lisa.. e se não conseguirmos..?

- Nós iremos conseguir, nós iremos nos curar, e iremos conseguir.. tudo irá ficar bem de novo, eu prometo..

- Por favor.. não me prometa nada.. você pode não cumprir..

- Zachary me pediu um favor, e eu não desonraria um pedido de um delegado. Eu vou cuidar da nossa família, Jennie, por ele, por nós duas e pelo os nossos filhos. Vou fazer como deveria ter feito a treze anos, pois hoje eu entendi, que a minha cura nunca esteve em um hospital de reabilitação, e sim, aqui. Vocês são a cura que eu tanto preciso, e é aqui que irei ficar, até curar você também.

Suas palavras me acariciaram, e quis finalmente acreditar, que poderia ser feliz.. sendo sincera, verdadeira e mostrando.. que poderia ser alguém melhor.

Para ela. Para os meus filhos. E para o mundo.