Anya ainda se sentia frustrada por não poder retornar imediatamente aos ensaios enquanto o pé ainda se recuperava, mesmo depois de ter tirado o gesso. Mas depois do último fim de semana e da saída para assistir ao jogo, seu humor tinha melhorado um pouco, ela podia dar dicas para a sua substituta e monitorar os dançarinos mais novos, acompanhando o ritmo da pré-produção dos espetáculos de fim de ano.
Naquela quarta-feira, ela até tinha se arriscado a fazer alguns movimentos que não forçavam o pé, o que melhorou consideravelmente seu humor. Anya ligou para Meike apenas para confirmarem o local do jantar das duas, estava com vontade de comemorar a melhora e Meike também parecia interessada, porque escolheu um restaurante muito chique e específico num hotel caro.
– Espero que você ganhe muito dinheiro no seu trabalho, Meike, porque eu com certeza não tenho como pagar uma garrafa de água aqui. – Anya comentou consigo mesma ao chegar na entrada do restaurante, onde foi recebida por uma recepcionista muito bem-vestida perguntando o seu nome e a reserva.
Como Meike tinha indicado, ela passou o sobrenome da amiga, o que era bem estranho considerando que agora tinha certeza que aquele era o nome do seu ex-namorado de faculdade. A recepcionista imediatamente deixou a lista de reservas de lado e a acompanhou até a mesa.
Anya deu uma boa olhada no lugar, sentindo-se completamente fora de lugar dentro de um par de leggings que tinha usado no ensaio, uma camisa grande o suficiente para estar caindo no ombro e passando dos quadris, e um par de sapatilhas que era o mais conveniente para usar com o pé machucado. A primeira coisa a fazer ao chegar à mesa era reclamar com Meike e irem para outro lugar.
– Sua mesa, senhora.
– Ah! Obrigada!
Anya quase esbarrou na recepcionista que parou a sua frente. Estava tão distraída olhando ao redor que só quando a funcionária saiu foi que ela se virou para a mesa.
– Meike, por que voc-? – a voz se perdeu no topo da garganta quando Anya pousou os olhos sobre alguém que com certeza não era Meike.
Hendrik estivera aparentemente ocupado olhando o próprio celular quando ouviu a voz conhecida e ergueu o olhar. Ele estava prestes a mandar uma mensagem para a irmã mais nova para reclamar que a tal pretendente que ela tinha lhe arrumado naquele dia estava atrasada e aquilo já era um péssimo começo. Mas todos os pensamentos desapareceram ao encarar a mulher a sua frente e depois de uma reação atrasada, ele se levantou.
– Anya...
– Hendrik?!
– Então era você...?
– Então era eu o quê...? Onde está a Meike? – Anya sentiu o rosto ficar pálido ao observar o homem.
Hendrik estava num terno azul escuro muitíssimo asseado, de alta costura, com colete, gravata vermelha e camisa clara. Os cabelos estavam jogados para trás e se possível, ele parecia ainda mais bonito do que quando o vira treinando no sábado anterior. Ela até esqueceu o que ia perguntar quando ele se aproximou um passo.
– A candidata que Meike falou. Era você. – Hendrik parecia muito satisfeito com aquela realização, mas Anya ficou ainda mais pálida.
– Eu o quê?! É claro que não sou eu! Isso foi algum engano, Hendrik, eu tinha marcado para jantar com a Meike. – o sotaque de Anya foi tão forte que quase pareceu russo quando ela vasculhou a bolsa para procurar o celular e ligar para Meike.
– Ela me avisou que tinha marcado com uma das minhas candidatas a casamento, pediu para o Sr. Anderson fazer a reserva do restaurante. Não era você?
– É claro que não- – ela deteve as palavras ao perceber que estava falando em russo de verdade, completando em inglês logo depois. – É claro que não, Hendrik, que absurdo! – ela levou o celular ao ouvido enquanto esperava a ligação completar. – Você achou mesmo que eu ia concordar com isso?!
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Um Chamado do Destino
RomancePara o rico e influente Hendrik Ackermann, todos os assuntos da vida poderiam se resolver com uma reunião e um acordo de negócios, por isso, não foi diferente quando ele simplesmente decidiu que estava na hora da sua irmã mais nova, Meike Laurie, te...