Um Chamado do Destino

43. Uma má ideia

Com o estranho entendimento entre Meike e Hendrik, o resto do dia pareceu mais tranquilo na casa das montanhas e o clima inteiro estava colaborando. Claro que mesmo afirmando que não iria trabalhar, Hendrik não resistiu a responder uma ou duas ligações e retornar e-mails no celular do qual ele tinha liberado David naquele fim de semana. Ele ainda teve a consideração de evitar fazer aquilo na frente de Meike, o que se tornou consideravelmente mais fácil quando a loira resolveu que queria aproveitar a estadia arrastando Jack consigo numa trilha que ela deixou bem claro para o namorado que era curta, fácil e muito bonita, que já tinha feito milhares de vezes na adolescência.

Jack não teve razão para duvidar da namorada, especialmente depois de tantos anos de convivência e de treino físico que ele mesmo tinha por causa do futebol. Uma trilha naquele lugar não devia ser nada comparada a oito horas de prática junto ao time. Exceto que ele não treinava como jogador há uns bons mais de cinco anos, e isso se mostrou bem real quando eles chegaram no que Jack estava torcendo para ser a metade do caminho – a metade em que eles iam parar e começar a voltar.

– O que você está fazendo aí, JJ! Mais rápido! – Meike praticamente gritou a distância, depois de subir uma inclinação numa trilha extremamente estreita e cheia de irregularidades com pedras, arbustos e raízes no caminho, como se estivesse só passeando no parque, ainda carregando uma mochila enorme nas costas que parecia não pesar nada.

– Jesus, Meike, onde você quer ir?! – Jack parou no caminho, apoiando as mãos nos joelhos, para conseguir recuperar o ar. – Estamos escalando o Grand Canyon, por acaso?!

– Não seja bobo, JJ, o Grand Canyon fica do outro lado do país! Ande logo! Temos que chegar lá em cima antes do sol se pôr!

– Lá em cima?! Temos é que chegar lá embaixo! Não dizem que é ruim se meter na floresta depois de escurecer?! – Jack retrucou, subindo o resto do caminho para acompanhar a namorada movido por pura força de vontade, a força física já tinha sumido e a própria mochila parecia pesar cada vez mais.

– Que besteira, eu conheço isso aqui com a palma da mão. Vamos, vamos logo! – ela insistiu, parecendo ter ainda mais energia para subir o resto do caminho enquanto Jack estava quase morrendo de falta de ar.

– Como é que tem tanta energia numa pessoa desse tamanho?

– O que você disse aí, JJ?!

– Nada! – ele respondeu, puxando o ar todo de uma vez para conseguir subir os últimos trechos da trilha irregular. – Acho melhor voltar a treinar com o time...

Mais alguns longos passos que pareciam fazer com que o corpo de Jack pesasse uma tonelada, ele finalmente tinha alcançado o fim da trilha. Meike estava alguns passos à frente, observando o cenário com o pôr do sol como se não tivesse feito o mínimo esforço, a mochila jogada no chão de lado. Ela se virou na direção do namorado com um sorriso de orelha a orelha, levantando os braços para cima como uma criança que tinha acabado de ganhar o presente ideal de Natal.

– Viu?! Não é bonito?! Ainda bem que chegamos antes do sol se pôr! Vem logo, JJ! Vem!! – Meike sacudiu os braços, chamando-o para perto. – Eu disse que ia valer a pena!

Jack ainda ficou um tempo parado a distância, observando o cenário, como ela mesma tinha sugerido. Ainda estava tentando recuperar o fôlego, mas ele acabou sorrindo não só da disposição quase infantil de Meike, mas de como nunca tinha prestado atenção em como ela complementava o cenário.

– É muito bonita mesmo. – ele concordou, mas não alto o suficiente para que Meike ouvisse.

– O que você disse, JJ? – Meike se virou a tempo de ver Jack próximo o suficiente para passar os braços em volta da cintura dela, trazendo-a para perto e unindo os lábios aos dela num beijo intenso, fazendo com que a loira esquecesse completamente do cenário, do cansaço, até mesmo de respirar, toda a força que ela tinha nas pernas para poder subir aquele trajeto todo se esvaiu por completo e ela precisou se segurar aos braços do namorado diante do beijo que fez com que o corpo todo esquentasse ainda mais.