✦ Epílogo ✦

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A partida de Anya tinha deixado uma sensação estranha no ar, pelo menos era o que Meike sentia quando encontrava com Hendrik nas reuniões de família que tinham se tornado bem mais frequentes. Mas o estranho era mais para positivo do que negativo. Parecia mais fácil conversar com Hendrik sem que ele parecesse só um robô com respostas programadas. Ele tinha mais tempo para encontrar com a família, e mesmo que parecesse espontâneo, Meike sabia que era a dedicação de David em sempre encaixar um horário livre aqui e ali, por recomendação dela e até mesmo de Anya antes de voltar à Rússia.

Hendrik ainda trabalhava demais, mas foi bom vê-lo reunido com a família a noite toda do Natal, quando os pais dos dois finalmente voltaram de viagem, e por algumas horas durante o ano novo. A novidade do noivado de Meike tinha agradado não só aos pais dela, mas aos poucos familiares distantes que eles tinham, e até amigos de longa data que conheciam ela e Jack da época de faculdade.

Claro que Meike tinha dito a Anya que marcaria o casamento só quando ela pudesse andar de novo, mas não teve como resistir a programar a cerimônia para que acontecesse em julho, o mês ideal para casamentos, e mesmo que Hendrik tivesse oferecido a ela de presente os melhores lugares para cerimônias em todo o país, ela decidiu que o lugar ideal seria nos jardins da casa em que tinha crescido com seus pais e o irmão mais velho, numa cerimônia simples e apenas com os amigos e familiares mais próximos dela e de Jack.

Talvez Anya tivesse que lhe perdoar por marcar o casamento tão logo, mas com os longos seis meses de trabalho árduo e recuperação, as constantes ligações e trocas de mensagens, Meike estava certa de que Anya estaria muito bem no dia de seu casamento. E foi uma surpresa muito agradável para a loira quando a amiga russa entrou no quarto em que ela estava se preparando para a cerimônia, não só andando sem auxílio de muletas, mas inclusive usando um par de sapatos com saltos baixos que bem combinavam com o elegante e discreto vestido azul que ela tinha escolhido de modelo para as suas damas de honra.

– Meu Deus, Anya! Você chegou! Você está andando!! Você está linda!!! – Meike se levantou alvoroçada no final da arrumação do seu cabelo, o longo vestido branco princesa esvoaçando com o menor dos seus movimentos.

– Desculpe o atraso, ainda não posso correr. – Anya sorriu para a loira. – Você quem está linda, Meike. Então, como está o coração?

– Eu achei que ia morrer essa semana! Deu tudo errado! E aí começou a dar tudo certo, você acredita que eu até perdi peso e o vestido ficou folgado e precisou de ajuste?! Foi uma loucura, por isso eu nem consegui te mandar mensagem direito, estava até na dúvida se tinha conseguido mesmo o voo, você disse que estava com problemas e... ai meu Deus, eu vou casar daqui a pouco!!! Eu vou casar daqui a pouco!!! De verdade!!!

– Calma, Meike, respire fundo. – Anya colocou a mão no ombro da amiga que começou a hiperventilar, e logo uma mulher mais velha, de rosto jovial e com uma bonita maquiagem se aproximou para segurar Meike pelos ombros e ajudá-la a encontrar o caminho de volta para a cadeira.

– Não se preocupe, ela está fazendo isso a semana toda, ela vai sobreviver. – a mulher lançou um sorriso a Anya. – Você deve ser Anya, não é? Muito prazer, eu sou Victoria Ackermann, mãe da Meike e do Micha.

– Ah! É um prazer finalmente conhecê-la, Sra. Ackermann.

– Por favor, só Victoria. É um prazer finalmente te conhecer também, Anya. A Meike me falou muito de você. – a senhora cumprimentou Anya com um aperto de mão. – E até o Micha, mas ele é mais... sucinto do que a Meike.

– "Sucinto" é uma boa descrição.

– Venha, venha, deixa te apresentar as outras meninas, antes que a cerimônia comece.

Um Chamado do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora