21. A visão mais bonita

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Meike acordou cedo na manhã seguinte, com ainda mais disposição do que tinha ido dormir, se era possível. Tivera uma ótima noite com um jantar animado com Jack e Anya regrado a hambúrguer, refrigerante e batata frita, que era o tipo de coisa que não comia com frequência, mas podia se dar ao luxo de vez em quando. Além do mais, como tinha deixado bem claro para a mais nova amiga e cunhada – com sorte, para o resto da vida –, seu aniversário estava bem na esquina e gostava muito de antecipar a data.

A única coisa que ficou na cabeça da loira quando ela acordou na manhã seguinte para se arrumar para o trabalho foi o ânimo abatido de Anya depois de receber uma ligação no meio da implicância dela sobre o seu relacionamento falso com Jack. A morena não se levantou cedo naquele dia e Meike ainda deu uma olhada breve na porta do quarto, achando que ela sairia arrumada para ir para alguma sessão de fisioterapia, talvez, o que não aconteceu.

Antes de sair finamente para o trabalho, Meike ainda se aproximou da porta do quarto de visitas do seu apartamento e bateu um par de vezes.

– Anya, está tudo bem? Estou saindo para o trabalho, precisa de alguma coisa?

Hm... não, estou bem. Vou para a fisioterapia só mais tarde. – o tom sonolento do outro lado da porta deixou Meike um pouco mais tranquila. Pelo menos ela tinha dado um sinal de vida.

– Certo, se precisar de alguma coisa, me mande mensagem. Até mais tarde.

A resposta de Anya foi só um murmúrio incompreensivo de dentro do quarto e Meike seguiu para o trabalho.

A animação matinal até chegar ao trabalho. Ela colocou uma música animada no caminho todo, nem se preocupou com o trânsito infernal, chegou dez minutos antes do horário e ainda conseguiu se sentar com toda a calma do mundo para tomar um chá. Aquela semana tinha tudo para ser ideal, claro. Antes de seguir oficialmente para bater ponto no laboratório, ela sentiu o celular vibrando no bolso da calça e estranhou um número desconhecido no visor. Bom, nem mesmo uma ligação de vendedores de filtro de ar-condicionado ia tirar o seu bom ânimo. Ela levou o celular ao ouvido antes de entrar no elevador.

– Sim?

Lembra que temos uma festa beneficente da fundação para ir nesse sábado, não é?

A voz masculina do outro lado foi estranhamente familiar, tão parecida com a de Hendrik que Meike até estranhou e tirou o celular do ouvido para ter certeza de que era um número desconhecido no visor. Aliás, Hendrik nunca nem lhe ligava diretamente. Só podia ser um engano.

Está me ouvindo?

– Oi? Quem está falando?

Como assim, quem está falando? Não desperdice meu tempo, Meike. – a reclamação do outro lado foi só a confirmação de que era mesmo Hendrik. A surpresa da loira ficou estampada na expressão enquanto ela encarava o espelho no fundo do elevador.

– Micha?! Você está bem? – perguntou Meike, o tom de preocupação intenso. – Foi sequestrado e largado no meio do deserto e precisou pegar um celular emprestado pra ligar pra alguém ir te salvar e só lembrava do meu número?!

O silêncio do outro lado fez com que Meike olhasse de novo para a tela do celular. Ela tirou os óculos e colocou de volta, ainda era um número desconhecido. A ligação ainda podia ser uma ilusão.

Você anda bebendo, Meike? Eu não aprovo esse comportamento. Se for influência do seu namorado, vamos conversar de novo sobre um marido arranjado o quanto antes.

– Não andei bebendo nada! – ela retrucou. – Como queria que eu reagisse? Você nunca me liga pessoalmente!

É claro que ligo. Liguei mais de uma vez nos últimos meses.

Um Chamado do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora