17. TMI, informação demais

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Meike passou a noite inteira entre dormir e acordar em meio aos desconfortos da gripe. Ou era muito calor, ou muito frio, ou muita tosse ou muita dor no corpo, mas de todo jeito, a febre tinha sido extrema, a ponto até de achar que o irmão mais velho tinha ido lhe prestar cuidados.

Ela acordou na manhã seguinte com um pouco mais de disposição, e mesmo sem o alarme para o trabalho, ainda despertou bem em tempo de se arrumar, tomar café da manhã e sair, se estivesse mesmo melhor. A primeira coisa que a loira fez foi levar uma mão até a testa para conferir a própria temperatura, mas não estava mais com febre, inclusive, havia um pano úmido ali, o que era estranho já que não lembrava de ter feito aquilo.

Ela se levantou para ir até a cozinha e encontrou Anya do outro lado do balcão, sentindo o cheiro de panquecas invadindo a cozinha.

– Ahhhh, panquecas?! – Meike sorriu satisfeita, sentando-se num dos bancos altos. – Bom dia, Anya, nem te vi chegando ontem de noite, como foi o ensaio?

– Longo, cheguei já era quase meia-noite, não ia te acordar, você melhorou? – Anya perguntou, voltando-se para o balcão para colocar as novas panquecas num prato grande.

– Sim, estou bem melhor. Ontem eu achei que ia morrer, estava até delirando pensando que o Micha estava cuidando de mim, pra você ter ideia. – a loira falou, feliz de conseguir sentir o cheiro das panquecas. – E o que te deu pra acordar tão cedo? Geralmente eu acordo antes de você.

– Estava delirando, é? – Anya deu uma risada breve. – Eu não comi quando cheguei ontem, acabei acordando com fome.

– Você que colocou o pano molhado na minha cabeça? Eu não sei o que fez pra me ajudar, mas obrigada.

– Eu não coloquei nada na sua cabeça. Nem fiz nada pra cuidar de você, nem precisei. – Anya disse, com um sorriso suspeito que deixou Meike com a expressão confusa, enquanto ela pegava um copo de suco para levar aos lábios

– Então quem—?

– Seu banheiro é muito pequeno. A cozinha também, e o quarto. E esse apartamento inteiro. Como consegue viver aqui dentro?

A resposta imediata de Meike foi engasgar no suco ao ouvir a voz masculina, e até esperava ver Jack, mas conhecia muito bem a voz e não era dele. Ela devolveu o copo ao balcão para se virar e observar o irmão mais velho entrando na sala, vindo da direção do banheiro social, todo vestido num conjunto de terno chumbo com camisa social preta e gravata vermelha, colocando abotoaduras nas mangas.

– M-M-Micha?! O que está fazendo aqui?!

– Como assim o que estou fazendo aqui? Eu vim cuidar de você ontem. – ele se aproximou de Meike, levando a mão até a testa dela para conferir a temperatura. – Parece que sua febre passou. Mas é melhor não se esforçar demais hoje para não ter uma recaída, já avisei no seu trabalho que não vai hoje.

– M-m-mas... o-o... q-q-que... eu... ontem... s-s-sonho?!

Meike nem conseguiu juntar as palavras numa sentença coerente. O celular de Hendrik começou a tocar e ele atendeu, a tempo de Anya estender sobre o balcão uma caneca de café. Ele só agradeceu rapidamente e pegou a caneca, afastando-se na direção da sala de estar, falando ao telefone em alemão. Meike ainda estava tão consternada que não conseguiu acompanhar a situação e Anya só terminou de fazer as panquecas, tomando a liberdade de tirar geleia e molho da geladeira para deixar junto da comida, além de algumas toradas e frutas.

– Você ouviu isso?! Você tá vendo isso também, não tá?! – Meike quase se jogou em cima do balcão para alcançar Anya como se precisasse confidenciar um segredo. – Eu não tô ficando maluca nem delirando! O Micha tá mesmo no meu apartamento!!!

Um Chamado do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora