Um Chamado do Destino

15. "Bicha"

Meike tinha tudo para acordar de bom humor, mas não deu muito certo quando levantou da cama naquela manhã com a cabeça pesada e a sensação de fraqueza. A loira só fungou contrariada com a própria indisposição antes de se levantar e ir tomar um banho para ir ao trabalho. Ainda olhou ao redor procurando por Anya, mas a morena não estava em casa e ela ficou internamente satisfeita que aparentemente, a bailarina estava com o seu irmão mais velho. Ainda deu de cara com uma mensagem de Jack presa num bilhete na geladeira sobre ele ir viajar para algum jogo naquele dia e voltar só no fim de semana.

Ela só seguiu com a rotina costumeira e logo estava no trabalho, mas a disposição não melhorou em nada o resto do dia e quando saiu no horário do almoço, já estava sentindo a cabeça pesada e a garganta arranhando, além do corpo quente e mole.

– Urgh... não tô gostando nada disso. – Meike choramingou consigo mesma, sentada na própria sala com a comida japonesa que tinham acabado de entregar, sem muita disposição até para comer.

Se já não estava com muita disposição, diminuiu ainda mais quando ouviu o celular tocando e pegou o aparelho para atender sem nem conferir quem era.

– Sim?

– Meike? É a Anya, está trabalhando ainda?

– Oi, Anya. Não, estou no horário de almoço, tudo bem com você? Tentei te ligar ontem, mas não atendeu.

– Você tentou me ligar?! Eu que tentei te ligar, que história foi aquela de irmos jantar e você me jogar pro seu irmão?! Eu já disse que não vou casar com ele, menina!

– Não queria jantar com ele, mas passou a noite toda com ele, não é?!

O comentário de Meike foi mais um chute, mas o silêncio do outro lado fez com que a loira ficasse com o rosto intensamente corado, então Jack estava certo?!

– Você realmente passou a noite toda com o meu irmão!! Eu achei que o JJ estava mentindo! Eu não acredito nisso!!! Então vocês vão mês- – a empolgação da loira só foi interrompida pela crise de tosse que se seguiu.

– Você está bem? E antes que comece a assumir besteiras, eu não vou casar com o Hendrik. Vocês só podem ter o mesmo sangue, hein.

– Boba. Vocês são perfeitos um pro outro, ele até fica errado quando fala com você. – Meike tentou se recompor, tossindo mais algumas vezes. – Droga.

– O que você tem? Parece que não está muito bem, está ficando doente?

– Não é nada, só acordei meio indisposta. Mas então, você e o meu irmão, quando é que...

– "Quando é que" nada. Eu admito que passei a noite com ele, tá, mas não tem casamento. Além do mais, nem crie expectativas, eu volto pra Rússia em alguns meses, esqueceu?

– Você é muito boba. Os dois são bobos, sabia?

– Você que é. Aliás, eu liguei pra avisar que devo chegar tarde no apartamento hoje, tá? Pode jantar. Vamos estender mais o ensaio e vou ter que ficar pra acompanhar.

– Mas você já pode dançar de novo? Não vai machucar o pé?

– Não estou dançando, estou só auxiliando no ensaio, afinal, minha substituta precisa dançar igual a mim, não é? – Anya respondeu do outro lado, com aquele mesmo tom conformado que Meike tinha aprendido a reconhecer nas últimas semanas.

– Tudo bem, cuidado quando voltar pra casa.

– E você se cuide, parece que está doente aí.