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Tomioka Takemichi era um garoto discreto, com os cabelos negros na altura do ombro, geralmente com as mechas da frente presas em um pequeno coque, os olhos azuis expressivos e um apreço por saoris.

Na escola pouco se sabia sobre ele além de que estivera envolvido em inúmeros casos estranhos, sem contar ter estado na cena do crime de um assassinato há alguns meses, o que dava muito espaço para boatos.

Não possuia amigos, de forma que não tinha muitos que sabiam o que fazia em casa, porque saia todas as noites, porque de saber usar espadas muito bem, porque, ao menos uma vez por mês, sumia de Shibuya no fim de semana.

Era tudo um completo mistério, mas, não tinha muitas pessoas que queriam saber sobre si.

Ele foi adotado muito jovem depois de perder a família sendo nomeado um Hanagaki, grandes merdas, seus pais adotivos sequer sabiam que ele desapareceu por alguns anos, eles viviam no exterior, Takemichi era só um jeito de eles manterem a cidadania japonesa, eles não se importavam consigo de fato.

Quando ele descobriu que tinha um irmão ele finalmente encontrou alguém que se importasse então o julgue por ser extremamente ciumento quando alguém se aproximava de seu irmão mais velho, por muitos anos foi ele por ele e agora ele tinha alguém.

Mas... Por que ele estava tão nostálgico sobre isso? Era por conta do luto?

Seus olhos enchiam de lágrimas só de lembrar de Rengoku-san e tudo o que viveram, ele fazia tanta falta que doía.

Ajeitando o saori roxo com luas douradas desenhadas, o adolescente deixou o prédio abandonado sendo recepcionado pelo sol das primeiras horas do dia, sua mente girava e seu estômago não parecia capaz de manter nada nele.

Tinha perdido muito sangue e o antídoto do veneno que o demônio usou ainda não tinha feito efeito, o veneno, em contra partida, era rápido.

- Hey! Você está bem? - A voz masculina questionou, Takemichi assentiu - Você está coberto de sangue... Ei, você ainda tá ai? Consegue me ouvir?

A última coisa que vislumbrou foi uma tatuagem de dragão antes de desmaiar.

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Takemichi sentia algo macio, uma cama macia onde estava deitado, era confortável, não era como a cama em seu quarto que afundava quando ele deitava, mas não era como as camas da área borboleta que eram duras, era estranhamente confortável.

O cheiro de glicínia inundou seus sentidos, assim como um cheiro persistente de tabaco, ele lembrava de alguém que tinha esses cheiros, quem?

Um barulho chamou sua atenção e Takemichi se concentrou, segurando a respiração para caso fosse um demônio.

Eram dois corpos, humanos, eles emanavam preocupação e curiosidade, adolescentes talvez.

Decidindo que não havia perigo iminente, Takemichi abriu os olhos encarando o lugar onde estava, era um quarto de baixa iluminação, mas era amplo e arejado.

- Hey, você acordou! - Uma fala animada soou, mas Takemichi não conseguia sentir alegria nenhuma, quem falava mentia, se virou buscando o adolescente que falava consigo.

Ele era loiro, deveria ser da sua altura, a franja amarrada em um minúsculo rabo de cavalo e olhos negros como a escuridão que escondem demônios, um sorriso leve se encontrava em seus lábios, passava uma sensação estranha que amargava sua boca.

Takemichi não o respondeu, não por falta de educação, mas porque sua cabeça não tinha parado de girar.

O quarto tinha um enorme armário e um baú, peças de moto e revistas de dois anos atrás estavam espalhadas por todo o lugar além de várias coisas com o símbolo de Manji e um cheiro insistente de flor de glicínia, deveria ter uma planta por perto.

Sentado sobre o baú estava um loiro alto, os cabelos trançados revelavam uma tatuagem na têmpora em forma de dragão, ele usava um cardigã e calças pretas e tinha olhos escuros calorosos como a promessa de um café quentinho.

- D-dragão.

O loiro maior o encarou, surpresa vibrando nele.

- E-eu vi um dragão antes de desmaiar, e-era sua tatuagem certo?

- Provavelmente, como se sente?

- Já estive pior, eu preciso ir ou vou levar bronca, ainda tenho aula.

- Você precisa descansar - O baixinho o fez se deitar, Takemichi finalmente notou a falta de sua katana e sentou novamente de uma vez resmungando de dor, Rengoku teria brigado se o visse nesse estado.

- M-minha katana! O-onde ela está?!

- A espada quebrada?

Oh, era mesmo... O demônio que enfrentou tinha comido 14 pessoas, foi uma luta difícil, sua katana não aguentou e se partiu assim que arrancou a cabeça do desgraçado.

- M-merda! Meu cosplay tava quase pronto! - A mentira na ponta da língua, desde que passou na seleção final e Giyuu decidiu que ele devia voltar a frequentar a escola eles tinham ensaiado mentiras sobre suas armas.

- Ela parecia bem real para um cosplay - O Dragão falou.

- B-bem, foi eu quem fez... eu preciso ir, de verdade.

- Você não parece bem para ir - O baixinho insistiu.

- Estou bem, eu garanto! Preciso ir pra casa!!

Takemichi ainda teve que assegurar várias vezes que estava bem antes de os dois o deixarem ir, e com deixarem ir quer dizer o levarem em casa.

A casa cheirava a flores de glicínia e Draken respirou bem fundo gostando do aroma, talvez ele tentasse cultivar uma, ele sabia que Mikey tinha uma em casa, presente de Shinichiro, mas nunca tinha a visto.

Assim que passaram do portão a porta abriu com tudo revelando um homem de cabelos brancos e cicatriz no rosto os olhando irritados.

- ONDE CARALHOS VOCÊ ESTEVE QUE NÃO ESTAVA EM CASA AO AMANHECER, TAKEMICHI?!

- S-Sanemi-sama, m-me desculpe, e-eu te desobedeci - Takemichi sentiu as lágrimas virem, ele odiava decepcionar seus superiores, e se eles ficassem tão putos que o deixassem como seus pais fizeram?

Sanemi franziu o cenho.

- Venha aqui! - Grunhiu encarando os outros dois com irritação.

- Como você pode falar assim com ele?! - Draken deu um passo a frente irritado impedindo que Takemichi obedecesse - Não vê que ele está mal?! Seu bastardo de merda!!

- Eu não falei com você seu desgraçado desrespeitoso! O que acontece nessa casa não é porra de assunto seu, Takemichi, aqui, agora!

Trêmulo e com lágrimas caindo, Takemichi obedeceu, Draken apertou as mãos em punho irritado e Mikey se preparou para puxar Takemichi se necessário, mas os dois pararam surpresos.

Takemichi abraçou o homem chorando contra seu saori.

- D-desculpa, e-eu sei que te preocupei e-eu sinto muito, n-não vai embora, p-por favor.

Sanemi franziu o cenho.

- Por que eu iria pra longe do meu sucessor? Vamos, eu pensei que estivesse morto... - Sanemi tocou os cabelos escuros desmanchando o coque enquanto os penteava com os dedos - Já comeu? Não vai aguentar um treino pesado se estiver com fome, bastardo!

Takemichi riu em meio ao choro.

- E-eu comi com meus amigos, n-não se preocupe.

- Eu não ligo - Sanemi olhou para os dois delinquentes na porta ainda irritado - O que ainda fazem aqui?! Sumam de vez!!

Draken hesitou, seu olhar caindo para Takemichi, mas o menor não parecia em perigo e ele apenas suspirou saindo dali com Mikey.

Sanemi entrou com o Tomioka, ele teria de enviar uma mensagem ao Hashira da água contando que Takemichi tinha, enfim, feito amigos.

Lírio Aranha AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora