VISITANTE INDESEJADO

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Certa noite, Viggo não conseguia dormir e resolveu dar uma volta na praia, para tomar um ar fresco e clarear as ideias. Ele estava ouvindo o doce murmúrio das ondas batendo nas pedras e contemplando a lua cheia, quando uma voz fez seu sangue gelar.

‒ Como vai, irmãozinho?

Ao se virar, ele se deparou com a figura sinistra de Ryker sorrindo ironicamente.

‒ Há quanto tempo, querido irmão.

‒ O que faz aqui? Como me encontrou?

‒ Foi só uma questão de tempo.

‒ O que você quer?

‒ Terminar um servicinho muito importante.

‒ Deixe-me em paz, irmão. Já não tenho nada a ver com você ou seus caçadores.

‒ Isso é verdade. Você até já adotou uma nova tribo, dando as costas ao nosso povo.

‒ Eu nunca me senti parte da tribo dos caçadores.

‒ Porque você é um frouxo!

‒ Pode me insultar o quanto quiser, mas eu jamais poderia me sentir parte de uma sociedade que oprime criaturas inocentes para obter lucro. Não tenho sede de sangue como você.

‒ Ouvi dizer que nessa ilha insignificante, vikings e dragões convivem pacificamente, do jeitinho que você sonhou.... Isso deve ser o paraíso, não é?

Viggo o olhou nos olhos e falou com firmeza:

‒ Ryker, vá embora, antes que seja tarde.

‒ E o que vai fazer comigo? Você é fraco, inútil e incapaz de machucar um mísero inseto!

Rangendo os dentes, o caçula cerrou os punhos e se preparou para socá-lo bem no nariz, mas mudou de ideia no último instante e apenas disse:

‒ Eu não quero lutar com você, irmão. Só quero que vá embora.

Ryker riu cruelmente.

‒ Eu sabia que você ia amarelar. É um molenga mesmo.

Não respondendo por si, Viggo o acertou com um cruzado de direita, derrubando-o por um momento.

‒ Bom trabalho, irmãozinho. Aprendeu esse golpe com seus novos amiguinhos?

‒ Esse é o último aviso: vá embora e siga seu rumo, que eu já segui o meu.

‒ Não enquanto eu não me livrar da vergonha da nossa tribo.

‒ E essa vergonha seria eu?

‒ Como adivinhou?

Percebendo a tranquilidade no semblante do irmão, Ryker o agarrou pelo pescoço, suspendendo-o a alguns centímetros do chão.

‒ O negócio é o seguinte: ou você vem comigo por bem, ou eu destruo esse amontoado de rochas molhadas a que chamam de ilha e capturo cada dragão que infesta essa terra medíocre! O que acha?

Sem conseguir respirar, Viggo fez sinal de positivo, sendo largado feito um saco de batatas e provocado uma vez mais:

‒ Boa escolha. Parece que você não é tão covarde como eu pensava.

Sem dizer uma única palavra, o bom homem seguiu o irmão até seu navio, que partiu sem demora. Nesse momento, Estrume e Baldão voltavam da pescaria e ao verem Viggo seguindo Ryker sem reagir, interpretaram a cena de modo errado, achando que ele esteve a serviço dos caçadores o tempo todo, atuando como espião.

ASAS DA AMIZADEOnde histórias criam vida. Descubra agora