Passado o momento de emoção, os dois se sentaram em torno de uma fogueira onde assaram peixe e se aqueceram naquela noite fria. Não conseguindo se conter de curiosidade, Soluço perguntou:
‒ Como você conseguiu sobreviver a lava fervente?
‒ Eu caí em uma formação rochosa, onde fiquei a salvo da lava.
‒ Mas eu vi o vulcão explodir! Como você escapou?
‒ Nem eu mesmo acredito, mas aconteceu um verdadeiro milagre. Quando houve a explosão, me encolhi junto a parede e comecei a rezar. Fiquei com os olhos fechados, temendo que aquele fosse o meu fim, mas tive a sensação de estar protegido por uma barreira invisível, pois não fui atingido por nenhuma brasa ou gota de lava. De repente, senti uma mão tocar o meu ombro e quando abri os olhos, me deparei com o próprio Thor.
‒ O quê? ‒ Soluço se engasgou com a própria saliva.
‒ Sei que é difícil de acreditar, mas foi o que aconteceu. Ele me tomou nos braços e voou comigo para fora do vulcão, me trazendo para essa ilha. Em seguida, perdi os sentidos e só acordei no dia seguinte.
‒ Isso é inacreditável.... E como ele é?
‒ Ele é alto, forte, tem cabelos loiros e longos, olhos claros e uma barba rala. Usava uma armadura simples com uma capa vermelha e portava seu lendário martelo. Eu podia estar em choque, mas consegui reparar em cada detalhe. Sempre tive essa habilidade.
‒ Ele te disse alguma coisa?
‒ Não, mas ele foi extremamente gentil comigo.
‒ Nossa... O pessoal nem vai acreditar.
‒ Eu sei. E você acredita?
‒ É claro. Somente um milagre de Thor para você ter escapado ileso daquele vulcão.
Viggo sorriu e o jovem prosseguiu:
‒ Sem querer questionar a sabedoria de Thor, mas por que será que ele não te levou para Berk?
‒ Talvez ele não achou que Berk fosse um lugar seguro para mim, já que o Ryker sabia que eu estava morando lá e iria atrás de mim, caso soubesse que eu havia escapado do vulcão.
‒ Mas você não pode ficar escondido aqui para sempre.
‒ Eu sei e foi por isso que eu te chamei aqui.
‒ Então você vem com a gente?
‒ Claro que sim. Como eu disse, Berk é minha casa e todos que moram lá são minha família.
‒ Por que demorou tanto para escrever?
‒ Quando acordei, estava completamente desorientado e passei o dia explorando os arredores, para ver se me situava, mas Thor sabe o que faz, pois encontrei alguns Terrores Terríveis e logo fiz amizade com eles. Levei alguns dias para treiná-los e foi por isso que demorei a escrever. Suas aulas foram muito úteis.
‒ E você é um excelente aluno, pois conseguiu treiná-los direitinho. Mas onde arranjou tinta e papel para escrever a carta?
‒ Encontrei em uma cabana abandonada no meio da floresta.
‒ Que sorte... Thor pensou em tudo mesmo.
‒ Você me perdoa por todo o sofrimento que eu fiz você passar? Não foi minha intenção.
‒ É claro que perdoo. Você é meu melhor amigo.
Ouvindo isso, Banguela se inquietou e o rapaz corrigiu.
‒ Melhor amigo humano.
‒ Sou muito abençoado por ter amigos como você e o Banguela. Eu faria qualquer coisa para protegê-los.
‒ Obrigado, Viggo. Mas você poderia ter morrido!
‒ Eu sei, mas juro que não tentei ser herói. Só fiz o que achei melhor naquele momento, sem pensar nas consequências.
Depois do jantar, os dois ficaram conversando deitados sob as estrelas, até que Soluço adormeceu no ombro do amigo.
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ASAS DA AMIZADE
Hayran KurguBerk vivia um período de paz desde a derrota dos Berserkers e a aliança com os exilados. Cada um dos cavaleiros de dragão tinha seguido um novo rumo, mas Soluço ainda tinha sede de aventura. Ao encontrar um mapa antigo, ele sai em busca de novas ter...