O PRISIONEIRO INOCENTE

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No dia seguinte, o boato da traição de Viggo se espalhou por toda a ilha, mas Soluço foi o único que não acreditou nessa história, pois sabia que os irmãos eram inimigos jurados. Algo estava muito errado.

Sabendo que o navio havia seguido para o sul, o jovem quis partir em busca do amigo imediatamente, mas Astrid tentou impedi-lo, bem como Stoico e os outros cavaleiros. Ele ficou muito desapontado e apenas disse:

‒ Agradeço pela preocupação, mas não posso dar as costas ao meu amigo quando ele mais precisa.

Sem que ninguém pudesse dizer mais nada, Soluço e Banguela partiram. Enquanto isso, em uma ilha distante, Viggo era jogado em uma cela pelo próprio irmão.

‒ Ryker, não podemos ser racionais?

‒ Muito engraçado, irmãozinho. Mesmo em uma situação desfavorável, você não perde o bom humor. Espero que goste das acomodações, pois aqui encontrará o seu descanso final. Mande lembranças lá de Helheim.

Dizendo isso, ele bateu a porta com força, trancando a cela com um enorme cadeado e levando a chave consigo. Impotente, Viggo se sentou em um canto e começou a orar, imaginando que seria deixado para morrer naquele lugar, sem comida ou água, mas o que ele não sabia era que o irmão tinha uma ideia bem mais letal em mente.

Afastando-se um pouco, Ryker se juntou aos seus homens e todos atiraram flechas flamejantes na cela, que rapidamente começou a arder em chamas. Ao contrário do que imaginavam, Viggo não gritou por socorro ou tentou escapar, permanecendo quieto e de cabeça baixa, em sinal de resignação. Ele só lamentava não ter conseguido se despedir de seu querido amigo.

Longe dali, Soluço usava sua luneta para procurar pelo navio de Ryker, quando de repente, viu uma enorme coluna de fumaça no horizonte e resolveu investigar. Ao pousar na ilha onde Viggo fora aprisionado, o jovem logo avistou a cela em chamas e correu até o local.

Percebendo que o amigo estava lá dentro, ele contou com uma ajudinha de Banguela para arrebentar o cadeado. Ao entrar, o rapaz o encontrou desmaiado e tentou acordá-lo.

‒ Soluço... ‒ ele sussurrou ao abrir os olhos.

Aliviado, o rapaz o ajudou a levantar e o levou para fora. Assim que Banguela levantou voo, ele quis saber como Viggo havia se metido naquela encrenca e ele lhe contou o que acontecera na noite anterior. Ao final do relato, Soluço comentou:

‒ Com um irmão como o Ryker, quem precisa de inimigo?

‒ Eu sei.... Queria que você fosse meu irmão e não aquele homem vil e sanguinário...

‒ Eu já te considero como meu irmão mais velho.

Viggo sorriu e Soluço prosseguiu:

‒ Não acredito que você se entregou ao Ryker só para proteger Berk e nossos dragões.

‒ Infelizmente, temo que ele vá voltar.

‒ Então, nós temos que estar prontos para a luta.

ASAS DA AMIZADEOnde histórias criam vida. Descubra agora