Graças a Banguela, Soluço encontrou forças para sair da cama na manhã seguinte, mas seu coração ainda estava muito ferido. Logo ele voltou a sua rotina e para sua surpresa, os amigos deixaram seus afazeres de lado só para lhe fazer companhia e tentar alegrá-lo.
O rapaz se sentiu honrado com tamanha consideração, mas todos podiam ver que ele já não era mais o mesmo; era como se a sua chama interior tivesse se apagado.
Ao final do dia, quando Soluço já tinha ido para casa, os cavaleiros permaneceram na academia por algum tempo, conversando sobre o atual estado emocional do amigo. Pela primeira vez, Melequento demonstrou algum sentimentalismo e comentou:
‒ Acho que não fomos bons amigos para o Soluço nesses últimos anos.
‒ Como assim? ‒ surpreendeu-se Astrid.
‒ Nós sempre estivemos juntos nas aventuras, mas quando chegou a paz, ficamos tão ocupados com nossos próprios afazeres, que o deixamos de lado.
‒ E você só vivia zombando dele. ‒ Cabeçaquente completou.
‒ Eu sei.... Não devia ter feito isso.
‒ Você comeu carne de iaque estragada? ‒ Cabeçadura quis saber.
‒ Fica quieto, Cabeçadura.
‒ Por mais estranho que pareça, o Melequento tem razão. Lembram do dia que ele encontrou aquele mapa e nos convidou para explorar novas terras? Nenhum de nós aceitou. ‒ Perna de Peixe se manifestou.
‒ Pois é. Até mesmo você, que adora fazer grandes descobertas.
Ninguém estava entendendo tamanha empatia da parte do garoto, mas concordaram com tudo que ele disse e prometeram ser mais atenciosos com o amigo.
Passou-se quase um mês desde a morte de Viggo. Em uma bela tarde, Soluço e Astrid se preparavam para um voo pelo arquipélago, quando um Terror Terrível chegou com uma mensagem. Curioso, o rapaz abriu a carta rapidamente e quase desmaiou ao ver de quem era.
‒ Não pode ser....
‒ O quê?
‒ Ou será que pode?
‒ Do que está falando? Soluço!
O jovem já havia levantado voo. Astrid pensou em segui-lo, mas achou que ele precisasse de um momento a sós e resolveu deixá-lo em paz. Ela nem desconfiava, mas a carta que deixara Soluço tão confuso era de ninguém menos que Viggo.
Durante seu voo, o rapaz relia a mensagem várias vezes, sem conseguir acreditar que fosse verdadeira. Por um lado, ele achava que fosse uma armadilha, mas pelo outro, algo o fazia crer que seu amigo estava vivo.
A lua já estava alta quando Soluço e Banguela pousaram na ilha indicada na carta. Receoso, o jovem permaneceu montado em seu dragão e ficou em alerta enquanto explorava os arredores. Chegando a uma floresta, eles ouviram o som de passos vindo de trás das árvores.
Com sua espada na mão, Soluço saltou para o chão e correu em direção ao seu adversário misterioso, mas quando ia atacar, deparou-se com Viggo, que ergueu os braços e gritou:
‒ Calma, Soluço! Não me reconhece mais?
‒ Viggo?
O rapaz ficou em choque e largou a espada sem perceber. Com os olhos arregalados, ele foi se aproximando devagar, sem conseguir acreditar no que estava vendo. Quando ficou frente a frente com Viggo, ele se beliscou com força e com a mão trêmula, o cutucou algumas vezes, fazendo-o rir.
‒ Está tudo bem. Eu não sou um fantasma.
Convencido que o amigo realmente estava vivo, Soluço se atirou em seus braços, já aos prantos. Viggo o acolheu com todo o carinho e ficou afagando seus cabelos, enquanto tentava acalmá-lo:
‒ Não chora, Soluço... Eu estou bem.
‒ É que eu senti muito a sua falta...
‒ Eu também senti.
‒ Pensei que você tivesse morrido...
‒ Eu sei. Essa é uma longa história.
Quando Soluço enfim se acalmou e se soltou de Viggo, foi a vez de Banguela matar as saudades dele, envolvendo-o com suas asas e enchendo-o de lambidas. Os três amigos finalmente estavam juntos outra vez.
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ASAS DA AMIZADE
FanfictionBerk vivia um período de paz desde a derrota dos Berserkers e a aliança com os exilados. Cada um dos cavaleiros de dragão tinha seguido um novo rumo, mas Soluço ainda tinha sede de aventura. Ao encontrar um mapa antigo, ele sai em busca de novas ter...