O DRAGÃO PERFEITO

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Na manhã seguinte, os dois partiram para Berk. Assim que chegaram, foram recebidos por Stoico e os cavaleiros, que estavam muito preocupados com o sumiço de Soluço, mas ao verem Viggo, logo souberam o motivo de sua viagem inesperada.

Todos queriam saber como o bom homem havia sobrevivido a um vulcão em erupção, mas como Soluço e ele próprio haviam previsto, ninguém acreditou em sua história, tornando-se motivo de piada em toda a ilha.

Viggo ficou triste com a zombaria, mas se manteve firme, pois ele sabia que era tudo verdade e era isso que importava. Soluço o ajudou a colocar sua casa em ordem e conforme a descrição do amigo, fez um desenho de Thor, para que ele sempre se lembrasse do rosto do deus do trovão.

Os amigos passaram o dia juntos e enquanto cuidavam dos animais, Viggo expressou o desejo de ter um dragão só seu, pois embora adorasse passear com Soluço e Banguela, ele sabia que precisaria voar sozinho durante um futuro confronto com os caçadores. O rapaz gostou da ideia e prometeu levá-lo a Ilha do Dragão no dia seguinte.

O bom homem ainda foi convidado para jantar na casa do amigo e na manhã seguinte, conforme o combinado, Soluço e Viggo partiram bem cedo, acompanhados por Astrid e Perna de Peixe, enquanto Melequento e os gêmeos ficaram em Berk, para protegê-la no caso de algum ataque.

Chegando ao seu destino, Viggo começou sua busca. Havia dragões de várias espécies, mas por algum motivo, não conseguia se identificar com nenhum deles.

Ele já estava prestes a desistir, quando Banguela ouviu alguma coisa ao longe e começou a se inquietar, o que deixou todos intrigados, pois nem mesmo os outros dragões ouviram nada.

Rapidamente, Soluço e Viggo o montaram, deixando que Banguela seguisse o som. Astrid e Perna de Peixe seguiam atrás e conforme avançavam, começaram a ouvir um rugido bem familiar.

‒ Não pode ser..... Está ouvindo isso?

‒ Estou. Parece um Fúria da Noite.

‒ Eu sei, mas isso não faz sentido. O Banguela é o último da espécie dele!

‒ Soluço! O rugido vem dali! ‒ Astrid apontou para uma ilha mais adiante.

Quando o grupo pousou, Banguela saiu correndo na frente, sendo seguido pelos demais. Chegando a uma clareira no meio de uma floresta de pinheiros, ninguém pôde acreditar no que estavam vendo: uma Fúria da Luz, a variação branca do Fúria da Noite. Ela estava presa em uma armadilha.

‒ Por Odin... O Banguela não é o único! Foi por isso que só ele conseguiu ouvir o chamado dela. ‒ Soluço se impressionou.

‒ Não existe nenhum registro dessa espécie no Livro dos Dragões. Nós fizemos a maior descoberta de todas! Será que ela é tão veloz como o Banguela? Será que também dispara plasma? Será que...

‒ Calma, Perna de Peixe. ‒ Astrid interveio.

Enquanto os três jovens pareciam hipnotizados pela linda criatura, Viggo se adiantou e foi até ela. Assustada com a aproximação do desconhecido, ela começou a se agitar, enrolando-se ainda mais na rede.

‒ Calma, menina. Eu não vou te machucar. ‒ ele tentou acalmá-la.

Soluço também se aproximou de mansinho, mas Astrid, Perna de Peixe e seus dragões mantiveram distância, para não assustá-la ainda mais. Banguela parecia meio tímido, pois nunca havia encontrado uma fêmea da sua espécie, mas ficou ao seu lado o tempo todo.

Com a mão trêmula de tanta emoção, Viggo tocou a cabeça da Fúria da Luz e começou a lhe fazer carinho, o que a fez se acalmar aos poucos. Com voz doce, o bom homem ia conversando com ela:

‒ Está tudo bem agora, menina linda, eu só quero ser seu amigo. Fique bem quietinha, que eu vou te soltar.

Como ela ainda parecia desconfiada, Banguela tomou coragem e lhe fez um afago, o que a manteve distraída enquanto Viggo e Soluço cortavam a rede. Quando se viu solta, ela abriu suas grandes asas e deu um poderoso rugido, mas em vez de fugir voando, ela se voltou para o ex-caçador, que usou o truque da mão estendida para estabelecer uma ligação.

Em poucos minutos, a Fúria da Luz estava tão dócil como Banguela. Soluço ficou orgulhoso do amigo e sorrindo, comentou:

‒ Parece que finalmente encontrou seu dragão. Como vai chamá-la?

‒ Lua Cheia.

Depois de tudo que acabara de presenciar, Astrid finalmente se convenceu que Viggo era um homem do bem, pois somente alguém com um coração puro conseguiria treinar um dragão tão raro e especial.

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