ǫᴜᴇʀ ᴛʀᴇᴘᴀʀ ᴄᴏᴍɪɢᴏ? sʀᴛᴀ. ᴠᴀᴄʜɪᴀɴᴏ

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C A P Í T U L O   O I T O

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Thomas levou Scarlet até o quintal de Charlie, seu tio cuidava dos cavalos juntamente com Curly. John não queria ter ido trabalhar na casa de apostas, preferiria ter acompanhado Scarlet até a égua, mas Thomas não o deixou livre.

Curly aproximou-se com a égua branca, Scarlet encantou-se com o belo animal. A mulher não costumava cavalgar a anos, mas mesmo assim ainda tinha seus conhecimentos com cavalos.

— Ela está em ótimas condições, considerando que não galopa faz tempo. — opinou a ruiva.

— Curly é o melhor cuidador da Inglaterra. — Charlie falou.

— Eu conheço um amigo que discordaria disso. — rebateu Scarlet, aproximando-se da égua.

— É que Curly é meio homem e meio cavalo. — Thomas defendeu.

— Ela é abençoada, com certeza. — Curly disse a Thomas.

— Bom — rebateu Scarlet — ela tem as melhores origens.

— Mas preferia um pônei com sangue misturado — o cuidador opinou. — Sangue misturado é mais forte.

— Não para vencer em Derby, Curly — Thomas respondeu.

— Não aposto que eles corram Thommy, os coitados são maltratados — Curly concluiu, com a voz e a expressão facial abatida. — Ela é toda sua. — falou para Scarlet, dando meia volta e sumindo de vista.

— Obrigada.

— Ele fica triste quando um cavalo vai embora. — Charlie explicou.

— A que horas o seu transporte chega? — perguntou Thomas, não perdendo o seu tempo ali.

— Meio dia. — respondeu, alisando a crina da égua.

— Você tem tempo de levar a moça no Garrison — Charlie propôs. — Mostra o bar para ela e a sala de chá. 

Thomas olhou para a mulher, esperando por uma resposta dela.

— Pode ser, hoje mais cedo não tive tempo de beber um drink direito. — respondeu.

Thomas assentiu, despediu-se de Charlie e seguiu caminho de carro com Scarlet. Ao chegarem no pub, o Shelby apresentou o lugar para a mulher, que observou o local minuciosamente, e lhe serviu um drink.

— Quer trepar comigo, Srta. Vacchiano? — perguntou ele aleatoriamente, surpreendendo Scarlet. — Será que é porque eu represento alguma coisa para você? 

Pela forma séria que ele falava, Scarlet percebeu que o homem não estava brincando. Thomas acendeu um cigarro, dando uma breve tragada nele.

— É bom falar disso antes que a bebida comece a subir para a cabeça.

— Você tem uma égua.

— É, eu tenho uma égua.

— Eu vim aqui por causa dela, só por causa dela — falou séria. — E também porque você está me pagando muito bem para treinar a sua égua. Só por isso. — finalizou, dando um gole em sua bebida.

— Ótimo, então vamos brindar — propôs. — Um brinde à égua, e ao Derby.

— Saúde. — falou, brindando com o Shelby.

— Saúde. 

— Então é assim que você fala com mulheres?

— Só quando não sei o que elas querem.

— E se elas não quiserem trepar?

— Aí, é tudo mais simples. — concluiu.

Scarlet concordou com ele internamente, quando tinha dito à Sabini que faria qualquer coisa para acabar com os Shelby, não estava em seus planos ir até a cama com algum deles. Mas se isso fosse preciso, fosse uma maneira de ajudá-la a acabar com eles, então ela faria. Afinal, sexo era só sexo.

— Quer uma vida mais simples? — perguntou, fazendo Thomas sorrir irônico.

— Eu pareço o tipo de homem — olhou em volta. — que quer uma vida mais simples?

— E o que você quer?

— Pelo preço que estou de pagando, Srta. Vacchiano, eu quero uma égua que me dê lucros em Epsom em uma aposta dupla.

Em um breve silêncio, Scarlet pegou um cigarro e o acendeu, formulando às frases que falaria logo em seguida.

— Antes de te aceitar como cliente — revelou, lembrando-se dos papéis que Giuseppe havia conseguido sobre Thomas. — pesquisei seus dados bancários. Aparentemente, você não existe.

— Minha existência é questionável.

— Ciganos não gostam de registros.

— Eu não sou um cigano como você pensa. 

— Mas se registrou na França — falou, dando uma breve tragada no cigarro. — Também verifiquei o seu nome do gabinete de guerra, tenho amigos lá. Você ganhou duas medalhas por bravura.

Scarlet revelou que tinha feito suas pesquisas a respeito de Thomas, e isso não o surpreendeu tanto.

— E isso te impressiona, Srta. Vacchiano? — perguntou, sorrindo.

Ela pensou. Desde que ganhou conhecimento sobre as coisas, quando ainda tinha 15 anos, ela estabeleceu algumas opiniões sobre as coisas.

Já esteve em campos de batalha antes, e se ela tivesse participado de uma guerra e ganhasse medalhas, livraria-se delas. Elas seriam lembranças daquelas memórias ruins que a mesma tentaria ocultar a cada santo dia. De fato, uma tortura psicológica.

— Se eu ganhasse medalhas — respondeu, encarando seus olhos frios. — As jogaria na lama.

Antes que Thomas pudesse responder, as portas do pub foram abertas bruscamente por Finn. Envergonhado por ter atrapalhado a conversa do irmão com a bela mulher, ele falou:

— Charlie mandou avisar que o seu transporte chegou.

— Obrigado, Finn. — Thomas agradeceu, dando um gole em sua bebida.

— Então, ainda não sei o nome da sua égua.

— O nome da égua vai ser "O segredo de Grace". 

— O segredo de Grace. — repetiu o nome, refletindo.

Thomas e Scarlet se despediram um do outro. A ruiva tinha dito ao gângster que ficaria em uma casa no campo a uns 35 quilômetros do pub, e que sempre que quisesse, ele poderia visitar sua égua.

Scarlet ainda não sabia como usaria a égua para infiltrar-se nos negócios de Thomas, mas sabia que conseguiria. De uma forma, ou outra.


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𝗚𝗟𝗢𝗢𝗠𝗬 𝗪𝗜𝗡𝗧𝗘𝗥 || 𝗝𝗼𝗵𝗻 𝗦𝗵𝗲𝗹𝗯𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora