ᴘ ʀ ó ʟ ᴏ ɢ ᴏ

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P R Ó L O G O

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Pelas ruas de Londres, andavam os três irmãos muito bem vestidos com coletes abotoados, casacos feitos à medida, sobretudos com lapela, boinas pontiagudas e botas de couro. O objetivo dos rapazes era o Eden Club, um clube de jazz luxuoso, uma das propriedades de Darby Sabini.

Ao se aproximarem da entrada do clube, Thomas deu ao recepcionista uma quantia generosa para deixá-los entrar no local.

Quando finalmente estavam no interior do lugar, puderam ouvir e ver a tamanha euforia das pessoas ali presentes.

Alguns casais se masturbando, outros já fazendo sexo, algumas pessoas cheirando e bebendo, e por fim, ao chegarem na enorme sala do pub, um grupo tocava jazz. As pessoas dançavam eufóricas, já chapadas de cocaína e álcool.

John ria sacana, tinha gostado da loucura do local, mas precisamente da cocaína e do sexo.

Sentados em uma mesa, Arthur e John olhavam em volta, avaliando as pessoas.

— Puta merda, eu conheço aqueles homens ali. — disse John, chamando a atenção dos irmãos.

— São os primos do Sabini ali. — respondeu Arthur.

— Isso mesmo, esse pub é do Sabini. — falou Thomas, sem se surpreender com a presença dos homens ali.

— Ah meu Deus. — John suspirou. — Todo mundo se conhece por aqui.

— Só os tenentes, John. — Thomas respondeu novamente. — Não há nenhum policial aqui.

O garçom já havia servido aos rapazes uma garrafa de uísque irlandês, como Thomas tinha pedido.

— Então vamos beber — disse animado, começando a encher os copos com uísque. — Viemos festejar!

Os irmãos sentiam os olhares dos Sabini sobre si, mas mesmo assim ignoraram, e animados, começaram a beber.

Um homem, acompanhado de outros dois — aparentemente funcionários do estabelecimento — se aproximaram da mesa do trio Shelby.

— Senhores, infelizmente aconteceu um problema e vocês terão que se retirar. — falou um deles.

— Mas acabamos de comprar uma garrafa inteira. — respondeu John.

— Alguns dos nossos homens reconheceram vocês das corridas de cavalo do norte.

— É, isso sempre acontece. — Arthur respondeu.

— Disseram que não deveriam ter atravessado a fronteira sem autorização. — continuou o homem.

— E que fronteira é essa, meu amigo? — Thomas perguntou, o tom debochado era nítido no homem.

— Eles acham que é uma provocação. — alertou.

— Então diga para eles, que estamos de férias. — Thomas respondeu, dando um gole em sua bebida.

— Vocês estão quebrando as regras, eles disseram que vocês são os Peaky Blinders.

— Vocês são escória! — um Sabini gritou, jogando um copo na mesa dos Shelby.

E ali, todos os acontecimentos seguintes se passaram rapidamente. Thomas levantou-se irritado, acompanhado dos irmãos logo atrás, a guerra tinha se instalado no local.

Thomas começou a socar o Sabini que havia jogado o copo, o deixando ensanguentado. Arthur socava qualquer um que vinha para cima de si, e John usava a lâmina da sua boina para cortar o rosto dos demais.

Os Shelby e os Sabini lutavam entre si no meio da banda de jazz — que ainda tocava — e das pessoas que dançavam eufóricas. Arthur usou uma jarra dourada cheia de gelo para acertar a cara de um rival, e um tiro foi disparado, fazendo toda aquela confusão se acabar.

— Bota gelo para não inchar! — falou Arthur, jogando o gelo e a jarra na cara do homem.

— Saiam daqui! — falou o homem que havia disparado a arma.

— É? — perguntou Thomas, se aproximando do homem. — É? Vai atirar?

O homem armado olhava para todos ali presentes, não atiraria de fato em Thomas ou em seus irmãos.

— Foi o que eu pensei. 

O líder Shelby foi até a mesa e pegou seu uísque irlandês, amava a tal bebida.

— Não viemos aqui para fazer inimigos, não. — falou Thomas, começando a andar lentamente até a saída acompanhado pelos irmãos. — Viemos aqui para fazer amigos. Aqueles que são os últimos, logo serão os primeiros. — apontou. — Aqueles que estiverem por baixo, logo estarão por cima.

As pessoas os olhavam assustadas, prestando atenção em cada passo dos homens.

— É isso aí, sabem onde nos encontrar. — finalizou Thomas, saindo do local.

[...]

Darby havia chegado no seu pub rapidamente, acompanhado de seus homens e de Scarlet. Olhava minuciosamente cada detalhe ali, estava furioso com os Peaky Blinders.

Scarlet, vestida diferente dos outros homens ali presentes, tinha o seu cabelo ruivo escondido pelo capuz de seu sobretudo e sua face escondida por uma máscara que sempre usava. Poucos tinham o privilégio de saber sua identidade.

— Que merda que ele queria?! — perguntou exaltado.

— Tudo indica que ele chegou em Londres e se aliou aos judeus senhor, se intrometeu no meio da guerra. — respondeu um de seus homens.

— Aos judeus? A porra dos Shelby não sabem com quem estão mexendo!

— O que faremos senhor?

Sabini pensou alguns longos segundos antes de responder, arruinaria os Shelby, todos eles.

— Thomas tem uma irmã, ela está morando aqui em Londres com o filho, mande alguns homens atrás dela, o que fizerem com ela não é de meu interesse. — respondeu, fazendo Scarlet ficar meio tensa.

Ela não falava nada, não dava nem mesmo sua opinião, já havia feito isso muitas vezes e as cicatrizes em seu corpo são a resposta. A ruiva não concordava com os atos de Sabini, mas infelizmente não podia o confrontar.

O homem de Sabini assentiu e saiu, executaria o que o chefe havia ordenado.

Andando sobre o caos do pub, os olhos de águia de Scarlet avistam um brilho dourado no chão, a mesma se agacha e pega o objeto.

Era um anel minimalista, a mesma supôs ser de ouro por conta do peso, dentro dele estava gravado "J.S". Ela o guardou dentro do bolso do casaco que usava e acompanhou Darby.

Sabini saiu estressado de dentro do pub, entrando no banco do passageiro de seu carro, Scarlet que dirigirá.

— O que fará com Thomas Shelby, senhor? — ela perguntou, sem expressar nenhuma tonalidade em sua voz, como sempre.

— Faremos uma surpresa para ele amanhã à noite, da mesma forma que ele nos trouxe essa surpresa.

A mulher assentiu e nada mais falou, ela sabia que Darby mataria toda a família Shelby. Nunca tinha o visto perdendo nada, então novamente supôs que ele conseguiria o que queria.


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𝗚𝗟𝗢𝗢𝗠𝗬 𝗪𝗜𝗡𝗧𝗘𝗥 || 𝗝𝗼𝗵𝗻 𝗦𝗵𝗲𝗹𝗯𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora