Luar Carmesim

Capítulo 54: Calmaria

Esse capítulo já estava pronto, mas hoje eu surtei e decidi refazer ele quase todo, então acabei tendo que revisar bem rápido. Peço desculpas caso tenha algum errinho por aí :)

Boa leitura!

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Qi Rong tinha seus braços cheios de brinquedos dos mais variados tipos. Bonequinhos de madeira, cavalinhos feitos do mesmo material, bonecas de pano e insetos moldados com folhas secas; todos estavam sendo postos aos poucos em seus braços por Guzi. Um a um, o menino os colocava ali, mostrando-os para o vice-comandante, o qual já os conhecia por terem sido seus brinquedos durante sua infância, no entanto, fingia certo entusiasmo quando o menino os apresentava.

Em frente a outras pessoas, Qi Rong assumia uma conduta muito séria ao lidar com Guzi, como se não se importasse com o garoto, mas, quando estavam à sós, o rude guerreiro relaxava e se tornava muito amigável. Vez ou outra, sua paciência era encurtada e sua faceta grosseira aparecia, mas a criança não se importava. Com um sorriso no rosto, Guzi reagia ternamente.

Naquela tarde, ele estava em seu quarto com o menino, brincando com ele. Estranhamente, após chegarem da batalha contra Hei Senlin, tudo estava muito calmo. Apesar do vilarejo ter sido dizimado há dias, o que causou grande dor aos corações dos cidadãos de Shaqiu, nenhuma movimentação inimiga foi notada. Tudo estava em completa paz e isso deixava o coração de Qi Rong imensamente angustiado.

Até o momento, não tinham sido identificados espiões dentro do reino. Os grandes portões de Shaqiu continuavam fortemente selados, cabendo aos soldados realizar a busca de mantimentos provindas dos vilarejos e a troca de mercadorias entre os comerciantes. As pequenas vilas estavam sendo fortemente protegidas por grupos de soldados, por isso, continuaram a viver tranquilamente, com seus aldeões se dedicando ao cultivo de alimentos, como de costume. Certamente, havia muita tensão no ar e os rumores corriam através de cochichos baixos aqui e ali, mas não existiam maiores preocupações.

Sem ameaças visíveis, os cidadãos de Shaqiu continuavam suas vidas normalmente. Os deveres militares dos guerreiros estavam sendo cumpridos sem dificuldades e, naquela tarde, Qi Rong viu a oportunidade de dedicar seu tempo à família e, rapidamente, voltou à sua residência. Porém, ele sabia que Lang Qian Qiu o visitaria para trazer notícias sobre a reunião que tinha ocorrido mais cedo entre o Rei Lang e os nobres do reino.

Assim como esperado, um servo pediu permissão para adentrar o recinto em que Qi Rong e Guzi se encontravam. O vice-comandante deixou os brinquedos de lado e tirou o sorriso do rosto, fingindo seriedade. Após sua autorização, o servo abriu a porta e um príncipe elegante e refinado entrou no cômodo. Ele encarou Qi Rong por alguns segundos, ainda em silêncio e, sem cerimônias, se jogou sobre a cama desleixadamente.

Guzi, até então, encarava o homem bonito e alto, muito mais alto do que Qi Rong. Seus olhos brilhantes olhavam com curiosidade para aquela figura, lembrando-se que tinha o visto pouquíssimas vezes desde que chegara à residência.

"O que aconteceu?" Qi Rong tinha seu cenho franzido, estranhando a ausência de palavras por parte de seu amante. Vendo que ele continuava sem respondê-lo, uma leve irritação surgiu em seu peito, mas ele a suprimiu. Ele olhou para Guzi e disse que ele deveria continuar brincando sem ele.

Em seguida, Qi Rong foi até sua própria cama, parando no lado oposto ao que Qian Qiu estava deitado, ele olhou para o príncipe, notando que ele tinha os olhos fechados e descansava um dos braços acima de sua cabeça. Sem a costumeira armadura, ele trajava apenas robes refinados, dignos de alguém pertencente à realeza. Como sempre, sua beleza era impressionante, mas Qi Rong não fixou sua atenção nela.

Ele subiu na cama e se deitou de bruços, apoiando seu tronco sobre os cotovelos. Ainda com o cenho franzido, ele ergueu seu indicador direito e cutucou a bochecha de Lang Qian Qiu, chamando-o. O príncipe abriu os olhos e o encarou, insatisfeito com a força utilizada pelo mais novo.