Luar Carmesim

Capítulo 39: Lábios lascivos

Esse capítulo acabou ficando maior do que o que postei ontem e confesso que gostei dele :D

Boa leitura <3

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A lua enfeitava o céu, despontando entre as estrelas. O silêncio soava continuamente, indicando que Yueguang adormecera há algum tempo. As luzes amareladas das velas iluminavam o quarto dividido pelos dois vice-comandantes, mas, naquele momento, apenas um deles estava presente.

Mu Qing encontrava-se sentado em sua própria cama, trajando robes leves que utilizaria para dormir. De pernas cruzadas sobre o colchão, ele penteava seus fios prateados distraidamente, tendo seus pensamentos em localidades longínquas e indeterminadas. Há pouco, ele optou por tomar banho no banheiro comum do alojamento e, quando voltou ao quarto, encontrou Feng Xin, que estava se preparando para ir banhar-se no mesmo local. Deixando-o após lhe direcionar um olhar indecifrável, o arqueiro foi capaz de induzir questionamentos na conturbada mente de Mu Qing, que agora se dava conta de que aquela seria a primeira noite em que eles não teriam preocupações os atormentando.

Tal pensamento lhe causou calafrios ao imaginar que o olhar de Feng Xin estava carregado de intenções as quais ele não sabia ao certo definir. Nos últimos dias, apesar de conviverem pacificamente, não houve nenhum tipo de evolução na relação amorosa dos dois e, apesar de Mu Qing desejar Feng Xin tanto quanto o arqueiro o desejava, uma insegurança limitadora pairava sobre si naquele momento. O soldado era, de fato, inexperiente e não tinha a menor noção do que fazer para agradar Feng Xin em uma situação mais íntima. Além disso, após tantos anos de provocações, onde na verdade desejava secretamente poder relacionar-se com o mais velho, ele sentia que não teria face grossa o suficiente para lidar com qualquer ação de cunho sexual com o outro.

Os pensamentos barulhentos de Mu Qing foram interrompidos pelo som da porta de madeira se abrindo. Feng Xin adentrou o cômodo trajando robes de banho que expunham boa parte de seu peitoral. Com uma toalha mediana, ele enxugava seus fios negros desleixadamente, fazendo com que gotículas d'água respingassem sobre sua pele bronzeada, escorrendo e traçando filetes sobre a mesma.

Mu Qing o encarou rapidamente antes de desviar o olhar. Ele deixou os próprios fios de lado ao notar que já estavam desembaraçados e, sem querer demonstrar qualquer traço de seu nervosismo, tomou a primeira ação que lhe veio à mente: deitou-se na cama em poucos segundos e virou-se de costas para o outro lado, ficando de frente para a parede onde o móvel estava encostado, fingindo tentar dormir.

Feng Xin não deixou de notar a movimentação, percebendo que o silêncio de Mu Qing indicava algo a mais. Sorrindo de canto, ele terminou de enxugar seu corpo, vestiu apenas uma de suas calças e rumou em direção às velas para apagá-las.

A escuridão dominou o quarto e Mu Qing agradeceu mentalmente por Feng Xin não ter iniciado nenhum tipo de conversa. Ele sabia que não conseguiria sustentar um diálogo com o namorado, visto que, para realizar esta tarefa, precisaria encarar o arqueiro, o qual parecia ainda mais atrativo naquela noite.

Mu Qing fechou seus olhos, mas voltou a abri-los quando sentiu uma movimentação logo atrás dele. Por reflexo, seu cotovelo livre se voltou para trás, porém, uma mão o agarrou rapidamente, como se já previsse tal ação. Feng Xin deslizou sua mão pelo braço de Mu Qing, acariciando-o, para em seguida rodear a cintura alheia, o puxando de encontro a si.

O corpo do soldado de fios prateados retesou por completo ao sentir o contato do peitoral desnudo de Feng Xin contra suas costas. Apesar do nervosismo e da insegurança, o desejo continuava habitando seu ser e enfrentar tamanha tentação não era fácil. Mu Qing sentiu um toque morno em sua nuca e notou que se tratava dos lábios do arqueiro que trilhavam a pele do local. Arrepios percorreram suas costas e o soldado agarrou o lençol em que se deitava com uma das mãos, apertando-o firmemente.