Capítulo 50: Sobrevivente

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Os soldados começaram a desmontar seus cavalos e, em silêncio, adentravam as casas, buscando por inimigos. Quando alcançaram metade da estrada que cortava a pequena vila, Lang Qian Qiu, Qi Rong e o resto dos homens deixaram seus animais para que pudessem percorrer a área por terra.

Os dois superiores caminharam lentamente, puxando suas armas antes de adentrarem um dos casebres. A janela aberta os deu um vislumbre prévio do interior, parecia haver alguém sobre a cama. Qian Qiu entrou primeiro, observando o local com sua espada em mãos. Qi Rong veio logo em seguida, examinando o ambiente.

No chão da cozinha, um senhor de idade avançada estava caído em uma posição quase fetal. Uma mancha densa de sangue se estendia sob o seu corpo. Qian Qiu o checou rapidamente enquanto Qi Rong rumava para o único cômodo fechado da casa, entrando cuidadosamente. Não havia ninguém, exceto o corpo de uma jovem mulher sobre a cama. Assim como o velho homem, ela também foi morta. A janela do recinto estava aberta e, no pequeno cercado do lado de fora da casa, um homem de idade similar a da mulher estava caído. Quem saberia dizer o que poderia ter ocorrido ali? Dadas as circunstâncias, apenas era possível afirmar que eles foram pegos completamente de surpresa.

Qi Rong ainda mantinha seu cenho franzido e, diante da visão daqueles cidadãos mortos, pessoas de seu próprio povo, ele suspirou profundamente, sentindo um aperto em seu coração. Sem delongas, ele voltou à entrada da casa, saindo rapidamente do local com Lang Qian Qiu em seu encalço.

Enquanto o comandante-chefe foi até outra residência, Qi Rong adentrou um casebre próximo, cuja porta frontal estava igualmente aberta. O ambiente era ainda menor, havendo espaço para poucos móveis, os quais eram deteriorados e antigos. Um homem jazia no chão, seu corpo completamente sem vida já se encontrava empalidecido, mas não havia odores fortes, o que indicava que não tinha se passado nem mesmo uma noite desde que fora morto.

Qi Rong observou ao redor, notando uma pequena cama ao canto e um baú de tamanho médio à sua frente, do outro lado, uma pequena cozinha e uma mesa simples e envelhecida. Não haviam outros cômodos para revistar, portanto, o vice-comandante logo rumou em direção à porta de entrada. Porém, antes que Qi Rong deixasse o local, um barulho foi ouvido no interior do recinto. O jovem freou seus passos em um instante e olhou novamente para o interior do casebre.

Não havia ninguém.

No entanto, ele refez seus passos, sentindo a desconfiança surgir em seu âmago. Qi Rong voltou a se aproximar do corpo no chão, constatando que ele estava realmente morto. Ele olhou novamente ao redor, analisando os poucos móveis. Havia sido somente impressão sua?

O vice-comandante se aproximou da cama, olhando para o teto, imaginando que talvez alguma parte da casa de madeira velha tenha feito um barulho costumeiro de locais antigos, mas nada parecia fora do lugar. Ele andou um pouco mais, aproximando-se do baú distraidamente. Um gemido baixinho foi ouvido.

Qi Rong mirou o baú rapidamente e recuou alguns passos, tendo ambas as suas espadas em mãos. O baú era pequeno demais para abrigar um adulto e, após o susto inicial, cogitou que deveria ser apenas um animal que, traiçoeiramente, havia se enfiado ali.

Cuidadosamente, Qi Rong encostou a ponta de uma de suas espadas na lateral da tampa de madeira, preparando-se para erguê-la. Em um rompante, ele abriu o baú, apenas para se deparar com uma pequena criança encolhida ali dentro. O garotinho estava deitado e mantinha ambos os braços sobre sua cabeça, temendo quem quer que tivesse aberto o móvel e revelado o seu esconderijo.

Os olhos arregalados de Qi Rong suavizaram e ele guardou suas espadas antes de se abaixar próximo ao móvel. Com uma de suas mãos, ele tocou as costas da criança, que estava voltada para cima, com delicadeza. Até então, ele não tinha conseguido vislumbrar o seu rosto infantil.

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