“Os dias estavam passando rápidos desde que o soldado Justin entrara por aquela porta com o braço ferido para que eu pudesse ajudar. Ele estava praticamente curado fisicamente, todos os dias me dizia que não tinha dor, seus olhares amedrontados tinham sumido, a desidratação e a fome melhoraram.
Era dia 26 de fevereiro, eu estava trazendo a sopa de legumes para os pacientes, distribui um prato para cada um e estava a ponto de entregar para Justin, que tentava ajustar-se na maca com o braço quebrado.
— Eu o ajudo. — soltei o carrinho com a sopa próximo a sua cama e ajudei-o a se sentar, ajustando os travesseiros em seu corpo e sorri.
— Obrigado. — ele disse sorrindo também. Dei o prato para ele e sentei-me na ponta da sua cama, ele parecia estranhar o meu gesto, mas não disse mais nada além disso.
— Como você está se sentindo hoje? Além do braço, quero dizer? — perguntei receosa, acho que ele entenderia o que quero dizer. Sua saúde mental e não física.
Ele ficou um tempo sem me responder, apenas pensando, analisando..., olhando para todos os cantos, menos para o meu rosto, pensei que ele não tivesse entendido a minha pergunta e estava me preparando para refazê-la, mas seu olhar voltou para o meu rosto, ele abriu a boca algumas vezes e a fechou; sem resposta. Mas, para a minha surpresa, ele disse:
— Eu estou bem. — Justin disse, mas seu olhar vacilou, ele estava mentindo, mas eu não podia fazer mais perguntas, então suspirei e me levantei, acariciando sua bochecha. Ele sorriu de lado.
Os minutos passaram, eu ficava de olho em todos, mas principalmente naqueles lindos olhos caramelados que tinha um olhar perdido pra o mundo. Eu queria protegê-lo do mundo. Colocá-lo em um potinho e cuidar para sempre.
Ele parecia inofensivo. Quem poderia querer machucar esse anjo? Mas eu sem quem poderia querer, o outro lado daquela guerra.
Desde aquela época nunca soube como começou tudo isso, qual o motivo, que lado saiu vencedor, que lado perdeu. Se vai ter uma nova guerra. E preferia continuar assim, sem conhecer a verdade. Preferia continuar como estava.
Com o tempo, Justin, que melhorou, me convidou para um encontro. Era o primeiro encontro que eu tinha em toda a minha vida, eu não era muito ligada a encontrar outros homens, gostava de fazer o que eu fazia que, naquela época era estudar e ter uma boa educação e trabalhar como enfermeira.
Lembro-me que eu estava nervosa, minhas mãos suavam e o coração palpitava. Me vesti o mais rápido que pude para chegar cedo e não atrasar nosso encontro. Não sabia como me comportar, talvez eu desse uma risada, falasse sobre o clima..., ou talvez não fizesse nada e só ouvisse ele falar. Eu o adorava falando, sua voz rouca me deixava arrepiada e eu ficava toda boba ouvindo-o falar.
Saí de casa e fui para o nosso local combinado. Qualquer coisa que estivesse na minha cabeça desaparecia há cada meio quilômetro. Eu ouvia meu coração bater cada vez mais rápido dentro do meu peito. Não era medo, era ansiedade. Por poder vê-lo e ouvi-lo. Por poder ver seu sorriso, ouvir sua risada. Eu estava me apaixonando por esse homem. E eu não sabia o que fazer.
Nosso encontro estava mais perto de acontecer do que eu previa, logo estava virando a esquina da cafeteria que iríamos nos encontrar. A minha garganta já estava seca, minha respiração ofegante, mas eu precisava respirar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Through Chance [reescrito]
FanficDois anos se passaram e ela ainda sentia o pesar e a falta de seu marido, e, com uma nova jornada, Louise deixa a filha aos cuidados das avós para embarcar para uma ilha deserta, onde tenta ajudar soldados feridos. É então que seu coração dispara. E...