10. Coming Home

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O dia seguinte se passou com muito cuidado com Clara. Seus dentinhos e a parte da gengiva que haviam batido no chão estavam doendo, e o médico disse que era normal, portanto ela precisaria tomar sopa, para que não sentisse ainda mais dor. Não havíamos precisado fazer pontos dentro de sua boca por pouco, mas o pediatra que a havia atendido disse que era uma opção se não fosse superficial. Eu não gosto de ver a minha pequena nessas circunstâncias, mas era bom saber que eu tinha Justin ao meu lado.

                Ele havia precisado passar mais essa noite no hospital. O que, por um lado, é bom, mas, por outro, eu o queria logo em casa. Precisava dele, não aguentava ver o seu lado da cama não sendo ocupado. Precisava dele. Precisava ter ele. Mas eu sabia que era importante. Justin havia passado muito tempo embaixo do sol desidratado e com fome.

                Abracei os travesseiros que eram dele. Não tinham mais o seu cheiro, mas eram dele. Eu sorri grande. Ele havia voltado para mim, para a Clara e para a nossa vida e isso não era mais um sonho. Dei pequenos gritinhos e rolei pela cama. Eu estava mais feliz do que nunca!

                Caminhei até o banheiro com o sorriso mais gigante que eu podia ter nos meus lábios. Minhas bochechas já estavam doendo por não conseguir diminuir o sorriso. Me despi e entrei no chuveiro, mais precisamente na banheira. Eu precisava do meu melhor banho, da minha melhor roupa e de tudo do melhor.

                Clara continuava a dormir no seu quarto, então eu podia me demorar o quanto quisesse aqui. Hoje também é sábado, e eu podia tudo nesse dia. É o meu grande dia, o meu retorno e a minha maior felicidade. Meu marido volta para casa hoje e minha vida vai voltar nos eixos como sempre deveria ter sido.

                Sei que não posso basear a minha vida em um homem. Mas quando é alguém que você ama e confia, é impossível não basear pelo menos 1% da sua vida nele. E nós tínhamos passado muito tempo juntos, conhecíamos um ao outro com a palma da nossa mão e temos a nossa filha. O que torna ainda mais difícil não basear a minha vida nele.

                — MAMÃE! — ouvi o choro da Clara antes que eu pudesse me deliciar ainda mais com o meu banho. Suspirei e me levantei da banheira. Me enrolei no roupão e me encaminhei para o quarto dela.

                — Oi, meu pequeno ponteirinho. Adivinhou a hora certinha que a mamãe saiu do banheiro, foi? — eu perguntei com um sorriso, me sentando na ponta da sua cama — Deixe-me ver a sua gengiva.

                Me aproximei dela e segurei seu queixinho. Clara abriu a boca e mostrou seu corte, já estava melhor do que o dia anterior. E agora era só a lembrança de um momento ruim. O importante é que ela está bem e, eu poderia dizer "pronta para outra", mas esperava que essa "outra" não chegasse nunca mais.

                Eu sei que ela é uma criança e que criança faz bagunça, cai e se machuca. Mas criança também se levanta e volta para o ponto inicial. E os pais seguram os seus corações nas mãos quando isso acontece. E pais também têm medo.

                — Está tudo bem, OK? — beijei a testa dela — Vamos fazer o café da manhã para depois irmos ver o papai? Ele vem para a casa hoje! — sorri — Você está contente?

                — Tô com fome, mamãe. — ela veio para o meu colo e eu a abracei.

                — Tá com fome, meu amor? E o que você quer comer? — a aninhei no meu colo e fiz carinho. Depois a enchi de beijos — eu te amo.

                — Te amo, mamãe! — ela beijou a minha bochecha e aquele gesto e palavras deixaram o meu dia mais colorido. É tão bom saber que essa menininha me escolheu como mãe e que me ama — Eu quelo papa, ué.

Through Chance [reescrito]Onde histórias criam vida. Descubra agora