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- Chase Hudson

Acordei de novo oito da noite, o remédio nem era tão forte assim. Do lado da minha cama tinha uma bandeja com comida, me forcei a comer e depois levantei para me arrumar.

Charli. Morta.

Qualquer movimento, quando eu fechava os olhos, tudo me lembrava a doutora dizendo: suicídio assistido. Charli não queria mais estar viva, e eu queria mais que uma explicação de um médico, eu queria saber dela.

Por isso me arrumei, peguei a chave do meu carro e saí correndo de casa.

- Onde você vai?? - meu pai perguntou.

- PELO AMOR DE DEUS CALA A BOCA!! - gritei tampando o rosto - você ama ficar em silêncio, aprende a segurar as palavras dentro da merda da sua boca de vez em quando!! - meus pais ficaram boquiabertos e eu saí.

Charli. Morta.

Tive que me concentrar muito para dirigir, o que eu sei que vai me custar uma dor de cabeça do caramba. Parei na frente da casa de Charli, desci do carro e fiquei cinquenta e sete segundos parado na frente da porta, criando coragem para tocar a campainha.

Depois que eu o fiz, a senhora Heidi abriu para mim, ela sorriu fraco e me chamou para entrar.

- Quem é? - o pai de Charli entrou na sala, não parecia espantado quando me viu, nenhum deles parecia - ah, vou chamar a Charli - ele sorriu fechado.

Eu não conseguia olhar para a mãe da Charli, eu mal conseguia respirar. Tinha alguma coisa entalada na minha garganta, como um nó que apertava.

- Chase? - Heidi me chamou - posso te dar um abraço? - ela estava chorando, e não neguei um abraço a ela.

Eu não pensava em nada, eu não conseguia formar frases, então só fiquei calado a abraçando.

- Chase - Charli descia as escadas com a ajuda do pai.

Seu rosto estava vermelho, ela parou na minha frente com o cabelo amarrado e uma blusa preta de manga e uma calça moletom cinza.

Nada de amarelo, nada de alegria.

- Quer conversar? - afirmei balançando a cabeça - vamos sentar, vem cá.

Ela tentou segurar minha mão, mas eu me afastei. Charli me olhou com o se eu tivesse dado um tapa nela, seus olhos encheram de lágrimas. Ela sentou no sofá e eu no tapete a sua frente.

- O que você sente? - perguntei pela primeira vez desde que havia chegado.

- Você já sabe o que eu sinto, a Cristina te disse...

- Não - interrompi - não quero saber os sintomas, me fala o que você sente.

- Cada osso do meu corpo dói, tudo. Às vezes meus pés latejam quando eu ando demais ou fico em pé por muito tempo, e é horrível - ela abaixou a cabeça - fome.

- Sente fome?

- Eu sinto muito fome, mas eu não consigo comer, nada, nunca. Se eu não pudesse comer besteiras tudo bem, mas eu não consigo comer nada. Café é uma das poucas coisas que eu como que não me machucam.

Respirei fundo sentindo meus olhos queimarem.

- O que mais?

- Lembra de quando nos conhecemos, ficamos na coordenação eu fiquei com o gelo na barriga? O meu fígado é um nojo, e as vezes ele cresce muito - Charli olhou para mim com a mão na barriga - e dói, dói tanto que eu preciso ir pro hospital.

𝗛𝗮𝗽𝗽𝗶𝗲𝗿, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora