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- Chase Hudson

- Como eu posso não pensar em nada? - perguntei confuso - Charli...

- Não Chase, isso não - ela olhou para mim com os olhos lacrimejando - não podia...

- Desculpa. Eu pensei que você também... foi tão ruim assim? - ela bateu na própria perna - Charli?

Então Charli me puxou para um abraço, quase pulando no meu colo. A abracei de volta, me perguntando o porquê dela estar chorando.

- Eu não queria te fazer mal - falei e ela me soltou - desculpa.

- O que vamos fazer agora?

- Podemos esquecer ok? Vamos fazer o melhor para você - tirei alguns fios de cabelo do seu rosto - vamos embora.

Ela sorriu fraco e nós saímos dali. No caminho, eu tive que puxar assunto, porquê Charli não fez. Ela respondia, mas não com a mesma animação de sempre. Toda vez que minha mão ficava livre, ela segurava, e era muito ruim quando eu tinha que soltar.

- Entregue D'amelio - suspirei desligando o carro.

Charli pegou minha mão de novo, sem olhar para mim. Ela respirou fundo duas vezes, o que levou vinte e três segundos.

- Fala alguma coisa Charli - pedi virando a cabeça para olhá-la.

- Alguma coisa - ela disse e olhou para mim, sorrimos - tenho que ir.

- Sei disso - soltei a mão dela.

- Boa noite Hudson - ela segurou meu rosto e me beijou de novo.

Foi um selinho longo, e foi ótimo. Ela nos separou e sorriu, desceu do carro e bateu a porta.

- Boa noite Charli - respondi e esperei ela passar pela porta.

Fui para casa me preparando para passar a noite lembrando do beijo que fez a Charli chorar.

[...]

Acordei onze horas, já que tinha passado metade da noite sem dormir. Olhei meu celular e tinha várias mensagens do Anthony.

"Tá em casa?"

"Acorda cacete!"

"CHASEEEEEEE!!!"

"Quando acordar me avisa, seu bundão."

Sorri com a delicadeza, eu também tinha me aproximado mais de Anthony, pegando intimidade suficiente para ofender um ao outro.

- Acordou a princesinha! - ele brincou quando eu atendi.

- Tá morrendo? Se não estiver é melhor...

- Tenho um presente pra você, está em casa?

- Presente? - ele afirmou - tô em casa, pode vir.

- Tô chegando - Anthony disse e desligou.

Enquanto eu comia meu cereal, a campainha tocou. Abri a porta, dando de cara com Anthony e Charli, fechei a porta de novo.

- Tá doido?!? - meu amigo bateu na porta.

- Tô sem blusa! - respondi e corri até meu quarto, vesti uma blusa e desci de novo - oi - abri a porta.

- Bom dia! - Charli falou sorrindo - compramos para você - ela me entregou um copo do café que eu sempre pedia quando saíamos juntos.

- Muito obrigada - sorri.

- Vim deixar ela, você pode a deixar em casa? - Anthony perguntou.

- Não quer ficar?

- Não, ele não quer - Charli respondeu por ele, que confirmou obrigada Anthony!

- De nada, juízo crianças - ele piscou para mim e eu fechei a porta.

Charli ficou me olhando sorridente, eu só conseguia olhar para sua boca, o gosto do seu beijo voltou na minha memória.

- Você parece ter sete anos de idade - ela riu e eu franzi a testa - sua blusa está ao contrário, e você está comendo cereal.

- Ei! Cereal é o melhor alimento já inventado!

Ela sentou no balcão enquanto eu virava a caixa de cereal na minha boca, ela só me olhava com um sorriso no rosto. Charli usava uma camiseta amarela e um short, estava calçando as sandálias que eu havia lhe dado.

- Cadê sua família? - ela perguntou passando a mão na minha blusa, tirando alguns pedacinhos de cereal dali.

- Nem sei - lavei as mãos - então, doce D'amelio, o que te trouxe aqui?

- O carro do Anthony - fechei a cara e ela riu - queria conhecer o quarto do Nico.

- Por que? - cruzei os braços.

- Não sei, fiquei curiosa.

- Tudo bem, vamos - estendi a mão e a ajudei a descer do balcão.

- Chase Hudson! - minha irmã gritou descendo as escadas correndo - ah!

- Então é assim que pronuncia seu sobrenome! - Charli me deu um tapinha no peito - todo mundo na escola fala errado - ela riu.

- Oi, sou Marlena - Charli apertou a mão dela.

- Charli - a morena sorriu.

- Vem, licença Lena - segurei o braço de Charli.

- Prazer em te conhecer! - ela gritou e minha irmã gritou o mesmo.

Abri a porta do quarto do meu irmão e Charli admirava todos os cantos. Ela olhou para a bancada que nós arrumamos juntos pelo celular, pegou alguns brinquedos e depois sentou na cama. Sentei ao lado dela.

- Ainda dói? - ela olhou para mim - a lembrança, ainda machuca?

- Lembranças não machucam, o que destrói é a saudade.

Ela segurou minha mão e se jogou para trás, me puxou de leve e deitei ao lado dela.

-Sabe o que mais dói? O jeito como as pessoas vão embora - ela engoliu seco - dependendo de como é, a dor pode ser muito forte, ou não.

- Como o seu irmão foi embora?

Eu com certeza não queria falar aquilo para ela, e eu não iria. Mas não gostava de deixar ela sem respostas, então respondi do jeito mais idiota possível.

- Trinta segundos de silêncio - ela levantou as sobrancelhas.

Olhei para o teto, e Charli fez o mesmo.

- Eu não esperava perder ele, não mesmo. Acho que foi isso que doeu, meus pais mentiram para mim. Eles disseram que Nico estava bem, estava melhorando - sentei na cama, apoiando os braços nos joelhos - meu irmão voltou pra casa em um dia, e no outro morreu.

Charli sentou ao meu lado e deitou a cabeça no meu ombro, alisando minhas costas.

- Quanto tempo você acha que a saudade dura?

- Quanto tempo você quiser. Saudade é sentir falta da presença, quando você sente saudade de alguém, você sente aquela pessoa com você. E isso é bom se houver amor de verdade, sabe porquê? - limpei meus olhos e olhei para Charli.

- Não - ela disse baixinho.

- Porque a saudade não vai ser uma coisa ruim, vai ser sempre como se a pessoa estivesse com você - ela sorriu - Você só esquece o que se permite esquecer, e se você esqueceu, é porquê não havia amor de verdade.

- Você não quer esquecer seu irmão né?

- Não, nem vou - segurei as mãos dela - promete uma coisa?

- Depende.

- Não minta pra mim - abaixei a cabeça, pois senti vontade de chorar de novo - por favor D'amelio, nunca minta para mim.

𝗛𝗮𝗽𝗽𝗶𝗲𝗿, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora