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- Chase Hudson

Depois de passar a madrugada inteira estudando a "doença de Gaucher tipo 2" assisti o dia amanhecer enquanto minha cabeça girava, o que eu iria fazer mudaria a minha vida, e eu estava altamente animado (e amedontrado) com aquilo.

Me arrumei e saí me arrastando, Charli não estaria na escola, não tinha muitos motivos para ficar animado.

"Não vou te ver aqui né?"

Enviei para ela enquanto eu entrava na escola, parei na frente do meu armário, guardei algumas coisas e meu telefone vibrou.

"Desculpa..."

"Está no hospital?"

Ela demorou vinte e um segundos para responder:

"Estou."

"Me avise se você sair antes da minha aula acabar, por favor. Bjo :)"

[...]

As aulas passaram rápido e como Anthony tinha aula extra, saí sozinho. Fui até o hospital e pedi na recepção para falar com a Cristina.

- Chase - ela parecia surpresa ao me ver, mas sorriu fraco.

- Posso falar com a senhora?

- Você, por favor - ela sorriu - vamos para a minha sala.

Cristina parecia ter quarenta anos, mas pareciam cansada. Ela suspirou quando sentou na sua cadeira e sentei a sua frente.

- Tem dúvidas sobre a doença da Charli?

- Não. Quero saber como... - abaixei a cabeça, aquilo doía muito - como funciona o...

- Charli chama de "check-out", é como desligar os aparelhos mas... de outro jeito.

- Pode me explicar? - ela respirou fundo por sete segundos.

- Charli sente muita dor, e como os pacientes do tipo dois não passam dos dois anos, nunca foi desenvolvido um remédio que aliviasse a dor. O procedimento consiste na injeção daquela substância que degenera os órgãos da Char, aumentando o nível de dor.

- Mas aí vai doer, e ela não quer sentir dor - falei e soltei um soluço por conta do choro.

- Ao mesmo tempo que a substância destrói o interior do paciente, uma anestesia brutal e inserida no organismo, o que faz a pessoa apagar primerio, depois o resto do corpo... - ela fechou os olhos - morre.

Charli. Morta.

Levantei, virei de costas e coloquei as mãos no rosto, tentando abafar o som do meu choro.

- Quantos anos você tem? - senti a mão de Cristina nas minhas costas.

- Dezessete - respondi baixo.

- Você está disposto a passar por isso ao lado dela?

- Eu vou fazer mais que isso - olhei para ela - vou salvá-la pelo tempo que eu puder.

Cristina sorri enquanto eu contava minhas ideias, ela era legal. Peguei o telefone dela e dos pais da Charli, depois ela me levou até o quarto onde a morena estava.

- Olha quem está aqui - ela anunciou e Charli olhou para mim.

Ela estava parcialmente deitada na cama, vestia uma daquelas camisas amarelas que eram maiores que seu corpo e ela estava pálida. Tinha um aparelho no seu dedo e um acesso no seu braço. Paralisei ao ver a cena.

Aquela era sua realidade há dezessete anos.

- Hey baby - sussurrei e caminhei até a cama dela - ah Char, tá doendo?

𝗛𝗮𝗽𝗽𝗶𝗲𝗿, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora