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- Chase Hudson

- Eu te amo também - sentei ao lado dela no sofá - e... lembra que eu tenho um pedido sobrando?

- Não adianta Chase, eu já decidi o que eu vou fazer.

- Eu também - segurei o rosto dela a fazendo fechar os olhos - eu te amo - beijei delicamente a testa dela - vou te ajudar a ir para o quarto.

- Chase... - ela rejeitou, mas eu a peguei no colo e subi as escadas.

Charli se encolheu no meu peito, me senti a pessoa mais útil e importante do mundo. Seu quarto tinha uma estrutura alta onde parecia ser a cama dela, mas tinha uma escada e parecia muito difícil de subir.

- Durmo aqui - ela apontou para a cama no canto do quarto que eu não havia visto - só durmo lá encima quando não estou com tanta dor.

Coloquei Charli na cama e a cobri com seus lençóis brancos, ela ainda estava chorando. Sentei ao seu lado e a minha mente fantasiou ela deitada em uma cama de hospital, o que me fez voltar a chorar.

Passei a mão no cabelo dela e beijei sua testa por sete segundos. Quando levantei para sair, Charli segurou minha mão.

- Eu vou te ver de novo?

Sorri em resposta e beijei sua mão, ela ainda iria me ver muito. Saí do quarto e fechei a porta, desci as escadas e vi os pais de Charli na sala. Eles levantaram quando me ouviram, pareciam querer que eu dissesse alguma coisa, eu realmente tinha algo para dizer.

- Eu amo ela - voltei a chorar apontando para a escada - eu amo... Não quero mais que ela sofra.

- Nós tampouco - Marc disse.

- Charli e eu nos conhecemos muito tarde, eu preciso de uma vida com ela para... para... suspirei - ela é tudo. Vocês viveram dezoito anos com ela os fazendo felizes, e eu só um mês. Não dá mais pra fazer ela desistir, mas eu queria mais tempo com ela.

- O que quer fazer? - Heidi perguntou.

- Preciso saber se vocês deixam eu tentar recompensar o tanto que a Charli me fez feliz.

Eles se entreolharam e Heidi balançou a cabeça em confirmação, Marc olhou para mim com as mãos no bolso.

- Apenas respeite as decisões dela, tudo bem para nós - ele sorriu.

- Vou respeitar - apertei a mão do homem - ela me deve um favor.

Senhora D'amelio sorriu para mim e eu saí. Durante a viajem, aproveitei para sentir o ar frio de Los Angeles secando as minhas lágrimas que não paravam de cair.

- Venha aqui - meu pai me chamou quando cheguei em casa.

Eles estavam na mesa da cozinha com papéis jogados na mesa, apoiei os braços em uma cadeira e respirei fundo.

- Primeiro nós precisamos saber o porquê do dinheiro - Cole começou.

- Minha... - bufei e esfreguei o rosto - a Charli tá doente.

- Quer ajudar ela? - minha mãe perguntou preocupada depois de treze segundos em silêncio.

- Também - ela tampou a boca com as mãos, parecia chocada.

- Senta aí, temos muito o que resolver - meu pai falou.

[...]

Meus pais falaram muito e eu escutei tudo, quando terminamos a campainha tocou e eu fui abrir a porta.

- Cacete, o que aconteceu com você?? - Anthony perguntou assustado.

Devia ser pelo nariz vermelho, meus olhos provavelmente inchados e as marcas das lágrimas pelo rosto.

- Quer entrar? - abri espaço.

- Acabei de perceber que esse garoto não tem casa - meu pai resmungou.

- Melhor eu ir - Anthony virou para sair mas segurei seu braço - Chase...

- Eu preciso de você aqui.

- Pode subir Anthony - minha mãe disse sorrindo e Anthony seguiu o conselho.

- Pai, o senhor precisa urgentemente de uma dose de noção.

- É Cole, experimenta tomar veneno de rato para tentar encontrar - dona Tammy disse impaciente.

- Como é?? - meu pai parecia incrédulo, o que me fez soltar uma risadinha - desde quando você pensa assim??

- Quer mesmo conversar sobre isso? - minha mãe riu - vamos lá...

Saí dali plenamente feliz pelo choque de realidade que meu pai receberia, entrei no meu quarto e vi Anthony tocando violão.

- Quem morreu pra você ficar assim? - ele soltou o violão e eu me joguei na cama.

Apesar de querer, eu não contaria. Anthony me olhava confuso enquanto eu tentava esconder meu olhar de desespero.

- Por que veio? - perguntei realmente curioso.

- Avani e eu... tivemos uma leve discussão.

- Conta mais.

- Ela pediu para saírmos hoje, mas eu falei que era melhor não.

- Você é burro? - joguei uma almofada nele.

- Tô com medo, tô apegado demais. Não quero perder ela, sei que se acontecer vai doer muito.

A minha vontade de socar a cara do Anthony foi gigante, só não fiz porquê eu não poderia contar o motivo.

Eu estava apegado demais com a Charli, e tinha acabado de descobrir que a perderia. Mesmo assim eu não sairía de perto dela, ao contrário, agora que eu iria apoiá-la, ficaria ao seu lado para que ela soubesse que não estava sozinha.

Sou uma pessoa que se convence fácil das coisas, a ideia de que daqui a alguns meses Charli não estaria mais ao meu lado já estava na minha cabeça, difícil seria ela entrar no coração. Porcaria de coração... Se eu estivesse apenas sendo racional, o certo seria eu me afastar para evitar piores sofrimentos. Mas meu coração (para minha sorte ou o meu azar) precisava da Charli, e eu não iria me afastar.

- Vai desistir dela? - sentei de frente para Anthony.

- Não quero que doa - ele abaixou a cabeça.

- Não tá doendo ainda né? Vocês ainda estão bem.

- Mas...

- Não temos tempo a perder, deixa para desistir quando estiver doendo. Sabe de outra? Só vai começar a doer lá no futuro, e até lá você vai estar tão apaixonado que nem vai sentir dor. Você vai se arrepender do dia que pensou em desistir dela, porquê não vai conseguir imaginar sua vida sem a Avani.

Anthony me encarou confuso enquanto eu tentava expulsar a vontade de chorar. Eu falei tudo o que eu tinha medo de acontecer comigo se eu desistisse da Charli, e foi a primeira vez que eu segui um conselho meu.

- Você já se arrependeu de desistir de alguém? - ele perguntou.

- Ao contrário, sou grato por não ter desistido de mim quando eu quis - sorri.

Anthony ainda parecia confuso, mas sorriu. Ele devolveu a almofada na minha cara e nós rimos.

- Vai dormir aqui? - perguntei.

- Na verdade, vim te chamar para nós irmos comer um hambúrguer.

- Essa hora? - levantei da cama.

- Qual é Chase, tem medo de escuro?

- Não - joguei de novo um travesseiro nele - idiota!

- Relaxa otário, as ruas daqui estão sempre iluminadas - nós rimos e fomos lanchar.

𝗛𝗮𝗽𝗽𝗶𝗲𝗿, chacha ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora